Capítulo 65

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- Olha pra mim, Luna. Morte gritou me mantendo em pé.
Meu peito doía.
Tudo passava depressa por mim, as paredes pareciam estar se fechando, a agitação tomou meu corpo e junto com ela um medo incontrolável fez minhas pernas ficarem trêmulas assim como o resto do corpo.
- Por Dastan se acalme.
Me encoli.
Minha respiração estava pesada, Morte me ergueu em seus braços e Roland pegou meus suporte de oxigênio.
- Luna! Gritou Morte.
Meu coração se acelerou dentro do peito.
Eu me mantive parada nos braços de Morte ele me levou até o quarto e gentilmente me colocou na cama.
- Roland chame o doutor. Gritou Morte.
Roland saiu e quando a porta se abriu pude ver Cloe parada em frente a porta.
Morte segurou minha mão, sua expressão preocupada.
- Por quê ela está tão branca? Indagou o médico se aproximando e tocando o topo de minha cabeça.
O doutor se aproximou me ligando ao aparelho de monitoramento cardíaco.
- Luna, seus batimentos estão muito rápidos eu vou ter que usar um sedativo.
Balancei a cabeça negativamente.
- Você está tendo um crise de pânico, precisa se acalmar.
- Luna, olha pra mim, Dastan vai ficar bem, eu estou aqui entendeu, como sempre vou estar. Morte falou segurando minhas mãos, ele as beijou e olhou fundo em meus olhos.
Minha respiração continuava alterada.
Morte e o doutor trocavam olhares.
- Não vai dar, eu vou ter que aplicar os sedativos. Disse o médico.
Mais uma vez balancei a cabeça.
- Segure o braço dela, não posso errar.
Me debati.
Morte apresentando enorme relutância me segurou, ele não queria fazer isso, mas o fez para o meu bem.
A agulha penetrou minha pele e a calmaria invadiu meu corpo, me debati lentamente, as mãos de Morte se afrouxaram e com as piscadas vagarosas pude ver seu rosto ainda com semblante preocupado até que meus olhos cessaram de lutar.

[...]

- Que horas são? Indaguei protegendo os olhos com as mãos a luz do sol.
- Duas horas da tarde. Respondeu Morte.
Me lancei para frente para me levantar mais fui contida pelas mãos de Morte.
- A cirurgia de Dastan? Indaguei apressadamente, mas com evidente cansaço tanto na voz, quanto achei que estaria minha aparência.
- Ocorreu bem, mas não vai ser a única, ele continua em coma.
Um certo alívio me tomou, mas ele não durou muito, pois, já sabia que ele ainda corria perigo.
- Eu posso vê-lo?
- Não agora, você precisa descansar e ficar calma.
- Me desculpe por mais cedo, não sei o que aconteceu comigo. Abaixei a cabeça.
- O que aconteceu com você é chamado de crise de pânico. O doutor entrou no quarto sem que eu  houvesse percebido.
- Mas o que é isso doutor?
- Me chame de Kalir, aquilo que teve foi uma acumulação de fatores que te destabilizaram, sei que tem passado por momentos mais do que difíceis e é mais do que compreensível que tenha acontecido agora, quando se viu a ponto de perder o homem que ama.
Não olhei para Morte, sabia que ele ficava desconfortável quando falavam de Dastan dessa forma.
- Entendo, mas isso pode acontecer novamente?
- Pode ocorrer novamente se suas emoções forem exaltadas, mas tentaremos te ajudar, os sedativos te ajudam.
- Não quero ficar dopada.
- Mas isso, segundo Kalir, os sedativos agem como inibidor do seu outro eu. Morte me olhou com ternura.
- Eles podem ser a saída por um tempo, mas só vamos fazer isso se você quiser.
- Eu concordo com isso, mas com uma condição...
- Qual seria sua condição?
- Quero ficar junto com Dastan durante o dia e toda a tarde e à noite vocês me dão os sedativos.
Kalir trocou olhares com Morte, mas concordou com relutância.
- Mas você tem que se alimentar e andar com seu suporte de oxigênio.
- Tudo bem.
- Agora vou deixar que você descanse.
Kalir saiu do quarto e eu voltei a olhar para Morte.
- Você tem que ir?
Me sentia confortável com ele, sem julgamentos.
- Não, vou ficar aqui com você.
Cortando o silêncio que cairá sobre nós.
- Posso te fazer uma pergunta?
Ele assentiu.
- Quando me explicou tudo o que aconteceu, você me disse que me tirou por primeiro, mas por que me tirou primeiro? Você sabe que até a batalha com Sol e Lua eu sou imortal, por que me salvar e não ele?
- Porque assim como eu, ele sacrificaria vida dele pela sua.
- Mas eu não quero sacrifícios, chega de mortes em vão, chega de lutas sem sentindo, eu só trago o mal junto comigo e impregno vocês com esse mal.
- Não Luna, é você que trás luz pra nossa vida, nós sabemos o que estamos fazendo e fazemos isso por algo muito maior que nós mesmos Luna, fazemos isso pelo amor que sentimos.
- Vocês não me amam de verdade vocês amam o que eu sou, amam a minha parte da lua, me fascinam por algo que faz parte de mim.
- Como pode duvidar do meu amor? Como pode achar que eu te amo por uma coisa sem sentido dessa. Meu amor por você não vem do que você é, mas sim de quem você é, você é mais do que filha da Lua, você tem um coração e uma alma pura, tem uma coragem inabalável, tem força que ser nenhum demonstrou antes, mas acima de tudo você nunca desiste mesmo quando tudo dá errado, mesmo quando não se tem mais motivos pra continuar você renasce das suas cinzas como uma Fênix, isso me fez amar você, isso me faz amar você a cada dia mais. Sua voz era calma, leve e mais doce do que já tivera sido antes.
Aquilo marcou minha alma fez a euforia tomar meu peito, meu coração transbordou.
Morte se aproximou seus dedos se entrelaçaram com os meus, seu hálito fresco fez cócegas em minha pele seus olhos encaravam meus lábios, ele se aproximou mais, pude sentir um leve aroma que eu identifiquei como um perfume, suas mãos me puxando pra perto, havia pouca distância entre nós e vendo o que eu estava prestes a fazer me afastei, ele me deu um olhar de tristeza que mudou rapidamente para a nostalgia de sempre.
- Eu não posso fazer isso, não posso fazer isso com ele.
- Mas você quer, eu sei!
- Não seja tolo, eu não quero, me deixei levar pelo momento, nada acontecerá entre nós. Disse pesadamente.
Morte me olhou sem qualquer alteração de sua expressão os braços apoiados em sua perna, o cabelo loiro caindo em algumas mechas sobre seu rosto, seus olhos fixados nos meus.
Me deitei de costas para ele, o silêncio que nos rodeava era pesado.
Fechei meus olhos e tentei dormir, mas não conseguia, as imagens de Dastan e aquela aflição que havia sentido voltavam a me atormentar.
A angústia era tão forte que meu coração começará a bater mais forte, tentei controlar a respiração e me acalmar, mas era em vão.
O toque frio de Morte em meu pescoço e em seguida seus braços me envolvendo me deixaram um pouco mais calma.
- Eu estou bem aqui, do seu lado. Disse ele.
- Ele vai ficar bem? Falei respirando ainda exaltada.
- É claro que vai e vocês vão estar logo logo esfregando seu lindo amor em minha cara. Disse então amargurado.
Percebendo quanto havia soado mal o que dissera, ele se aproximou e deitou sua cabeça sobre a minha.
Tentei me lembrar de todos os momentos que me fizeram feliz, tentei sentir tudo o que eu sentirá e notar cada detalhe que eu havia visto, o rosto sereno de Dastan e seu sorriso, pouco a pouco a calmaria tomou meu peito.
Arrumei a máscara de oxigênio no rosto e olhando para a janela acabei adormecendo.

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolWhere stories live. Discover now