capítulo 63

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Sentia algo dentro de meu peito queimar tanto e a dor foi tão intensa que a angústia parecia tomar conta de todo o meu ser.
Antes eu temerá muitas vezes a morte, mas agora ansiava por ela, pois ela era uma escapatória para meus medos, para a batalha interior que vinha me deteriorando, das traições, mágoas já vividas e principalmente da insanidade cada vez mais próxima.
Parte de mim já se perderá e os cacos que agora me formavam não durariam por muito tempo...
A morte seria uma dádiva, mas não duraria por muito tempo. A maldição impedia que minha morte fosse permanente, após a batalha com Sol e Lua minha vida não seria mais imortal.
Mas e agora? Perdida em uma total e silenciosa escuridão, meus pensamentos martelando em minha mente, a voz doce de Dastan e suas palavras se repetindo várias e várias vezes.
Algo então me fez parar de pensar em tudo aquilo...
Um toque frio, um cheiro forte de fumaça, gritos tudo se misturou a minha frente.
Os rostos e olhares eram confundidos, o mundo acima de mim parecia girar e girar, meus olhos fracos e pesados.
Havia um forte cheiro de fumaça no ar, eu não conseguia me mover, meu corpo parecia pesar uma tonelada.
Constantes vultos passavam por mim, eu sabia que estava no chão de alguma parte do castelo, pude ver relances do que eu imaginei ser um teto esculpido de um dos corredores.
Senti novamente a sensação fria em minha pele, em meu braço e olhos sem muita cor ou vida me encararam e seguraram meu rosto, Morte.
Sua fisionomia magra, sua pele branca, suas sobrancelhas grossas foram se focalizando lentamente.
Seus lábios se contraíram para dizer algo, mas ele hesitou.
O mundo ainda girava e estava confuso envolta de mim, várias cores se misturavam e sumiam em meio a uma escuridão.
Morte me encarava ainda segurando meu rosto em suas mãos, pelo seu olhar me analisando pude ver que ele não tinha certeza se eu estava totalmente consciente.
- Luna, você consegue me ouvir? Sua voz saiu com uma aparente preocupação.
Afirmei balançando a cabeça uma vez.
Ainda estando zonza olhei ao redor para encontrar Dastan.
Morte notou o meu olhar e beijou levemente minha testa.
Era difícil respirar, meu peito doía e por dentro de meu pulmão o ardor queimava.
Coloquei a mão sobre o pescoço o ar parecia sumir novamente, uma asfixia me tomou por inteiro, minha garganta doeu e a dor se espalhando até meu pulmão.
Eu queria gritar, mas minha voz não saía.
Vendo a aflição evidente em meu rosto, Morte me tomou em seus braços.
A falta do ar me deixou sonolenta, piscadas vagarosas se seguiram.
- Luna, mantenha sua atenção em mim, não feche os olhos nem por um segundo.
Eu puxava o ar, mas minha respiração parava completamente por intervalos longos de tempo, a passagem de ar parecia bloqueada, enquanto puxava o ar Morte me segurava em seus braços.
Tudo se tornou indecifrável a minha frente, um vento frio passou por minha pele e em seguida uma luz forte combinada a vozes que chamavam meu nome me deixaram ainda mais confusa.
Rostos distorcidos e ireconhecíveis olhavam para mim.
Dedos tocavam minha pele, algo foi colocado em meu nariz e minha respiração voltou ao seu ritmo devagar.
Senti uma dor em meu braço e no segundo seguinte uma calmaria invadiu meu corpo e minha alma, tudo ficou em câmera lenta, tudo pareceu de certa forma passar por minha visão, mas aos poucos desaparecerem em uma escuridão.
Meu corpo parecia leve como uma pluma e então tudo sumiu...

[...]

Minha garganta estava seca, minha pele estava quente, mas um toque frio me despertou.
Ao abrir meus olhos tive que me acostumar com a luz extremamente forte vindo do que eu achei ser uma janela.
Eu estava em um hospital, haviam aparelhos ligados à mim, máquinas monitorando meus batimentos e respiração.
Eu estava ligada à um suporte de respiração, que me permitia estar respirando normalmente e em meu braço estava o soro.
O quarto que eu estava era em seu todo branco, haviam apenas alguns detalhes de cor espalhados pelo quarto como pequenos quadros nas paredes, uma TV cinza presa em um suporte na parede nela passava algo sem muita importância, a porta do quarto era lisa, mas algo me surpreendeu, ver Morte sentado em uma poltrona branca (que parecia desconfortável ) ele beijou minha as costas das minhas mãos com ternura.
- Eu não quis te acordar, me desculpe.
Olhei para os olhos preocupados de Morte, ele passava levemente seus dedos por minha mão, acariciando minha pele.
Sua mão foi até meu rosto e ele me acariciou.
Havia algo muito mais intenso do que preocupação em seu olhar.
Tentei falar, mas foi como se eu tivesse tomado lava, minha garganta arranhava e doía.
- Onde está Dastan? Indaguei com eminente dificuldade, me forçando o máximo que pude.
Morte não olhou em meus olhos, encarou o chão por um longo momento.
- Me diga, ou vou descobrir tudo sozinha. Minha voz saiu rouca me causando enorme dor.
- Estão cuidado dele, havia muita fumaça em seus pulmões, ele corre perigo.
Aquelas palavras me fizeram encolher.
Meu coração acelerou, a mão de Morte me olhou com enorme dor em seu olhar.
- Me leve até ele. Ordenei quase sendo indecifrável o que eu acabara de pronunciar.
- Você não está livre de perigo ainda.
- E me diga desde quando isso me impediu? Tentei parecer convincente, forte, mas o desespero tomou minha voz assim como tomaria meus atos.
- Luna, ele está na UTI, a grande risco então ninguém pode entrar no seu quarto.
- Eu preciso ver Dastan, ele se sacrificou por mim.
- Mas não pode, do que adiantou o sacrifício que ele fez por você se já vai colocar sua vida em risco só para o ver? Morte segurou minha mão.
Ele fizera realmente isso, Dastan colocou minha vida acima da dele, abriu mão de tudo por me manter a salvo, mas por que? O que acontecerá?
- Eu não consigo entender o que aconteceu? Admiti frustrada por passar vezes e vezes por minhas lembranças tentando me lembrar do que havia acontecido.
- Alguma coisa provocou um enorme fogo na torre, Dastan vendo o que acontecia entrou e tentou te salvar, te manteve afastada do fogo e lutou por sua vida, mas o fogo não se apagava e ele depois de tanto lutar, com sua força já envaidecida ele me chamou, não para que eu o salvasse, mas para que ele salvasse você. Engoli em seco, pedi para que Morte continuasse.
- Eu cheguei o mais rápido que pude, ele a mantinha envolvida em seus braços, mesmo desacordado ele te manteve longe do fogo, a fumaça quase o matou, quando te tirei dos braços dele, muitos já haviam percebido o incêndio e correram para ajudar, te tirei como ele havia pedido e voltei para também tirar ele, mas o estado de Dastan era mais crítico que o seu, ele estava pior do que você. Os batimentos de Dastan e sua respiração estavam muito fracos, Roland e Cam o trouxeram as pressas para esse mesmo hospital, você acordou em seguida, todos ainda tentavam apagar o fogo, mas ele era indestrutível, achei que estivesse melhor, achei que pudesse deter o fogo, mas eu vi como piorou, te trouxe até aqui, os médicos agiram rapidamente você nao conseguaia respirar, fiquei ao seu lado totalmente angustiado, você parecia tão frágil deitada assim, os médicos de examinaram e te deram sedativos, você está aqui já faz meio dia. Morte me olhava apreensivo.
- E o estado de Dastan? Lágrimas brotaram dos meus olhos, Morte as secou.
- Ainda está em risco, sinto ter que te dizer isso, mas os médicos não tem muita esperança, ele está em estado de coma todos estão amparando Jeny e Sebastian, Cam queria ficar junto com você, mas só uma pessoa pode ficar.
- Eu sei que ainda não estou bem, mas tenho que ver ele. Ainda mais lágrimas escorreram por meu rosto.
Morte me analisou.
- Eu não vou poder te convencer do contrário?
Balancei a cabeça negativamente.
Arranquei o soro de minha veia, tirei os fios da máquinas ligadas à mim.
Morte me segurou em seus braços me colocando devagar no chão.
A camisola que usava chegava até um pouco abaixo do joelhos ela era branca assim como o quarto, amarrada nas costas.
Morte pegou o suporte de oxigênio ligado à mim e me segurou enquanto eu dava pequenos passos, seu braço esquerdo me envolvia a cintura enquanto meu braço direito estava sobre seus ombros.
Morte segurava o suporte o deslizando facilmente pelo chão, ele abriu a porta e me levou até o corredor do lado de fora o corredor possuía um tom de bege e paredes a cada três metros.
Morte amparou meu corpo olhando para todos os lados vendo se não teriam médicos ou enfermeiras passando.
- Teremos que ser rápidos, a UTI fica do outro lado do hospital, no quarto andar e não vai ser fácil te levar até lá sem que ninguém perceba.
Acenei com a cabeça e caminhei ainda apoiada pelos braços de Morte, ele me mantinha sem muito esforço, levava isso pela sua extrema força ou pela perda de peso que havia acontecido comigo.
- Vamos pegar o elevador. Disse ele apontando para um corredor a direita, chegamos até o elevador e dele saíram duas senhoras uma pelas suas vestimenta calça e camisa social, eu pensava ser uma paciente, já a outra ao seu lado vestia um jaleco branco carregava uma prancheta com inúmeras folhas com toda certeza se tratava de uma médica
Talvez pelo abatimento de meu rosto ou até pela preocupação, a médica perguntou onde estávamos indo e Morte com uma mentira inventada na hora disse que teria que fazer exames em outra ala do hospital, a médica então não fez mais nenhuma pergunta e desceu no segundo andar.
Uma dor intensa tomou minha garganta e uma tosse forte começou, Morte segurou meu corpo colocando a mão em minha barriga e a outra em minhas costas.
Coloquei a mão sobre os lábios enquanto tossia incontrolável, quando a tosse começou a apaziguar abaixei as mãos e então olhei que estavam com enormes pingos de sangue, Morte me fuzilou me pegando em seus braços.
- Eu... estou bem. Disse quando a tosse retornou.
Morte tirou um lenço de dentro de sua jaqueta preta me segurando com apenas uma das mãos, ele me entregou o lenço.
A tosse cessou e a porta do elevador se abriu e ele puxou o suporte para o lado de fora e ainda em seus braços ele me levava pelos corredores.
O silêncio reinava naquela área do hospital, no andar que estava podia ouvir as vozes e conversas entre os pacientes e até seus familiares, mas ali era um total silêncio.
- Morte? Luna? Ouvi uma voz familiar.
Era Cam.
- O que fazem aqui? Ouvi a voz de Cloe vindo em nossa direção.
- Ela precisava ver ele, eu não podia impedir.
- Ela está bem? Indagou Jeny se aproximando e tocando meu rosto encostado contra o peito de Morte.
Morte apenas balançou a cabeça, minha voz não saía a dor era muito intensa.
- Leve ela daqui. Disse Roland.
Fiz um movimento como se fosse descer dos braços de Morte, mas ele me segurou.
A dor se intensificou ainda mais e a tosse voltou pior do que antes.
Segurei o lenço e o vi com vários respingos de sangue.
Todos ficaram em silêncio.
Vi uma placa de relance que dizia UTI apontei para ela e Morte seguiu o corredor indicado.
Roland levava meu suporte ao lado de Morte e eles pararam em frente a uma enorme janela de vidro.
Meu coração congelou no peito, não podia ser isso, não podia ser ele, meu corpo estremeceu.
Dastan estava totalmente ligado à aparelhos três vezes mais aparelhos do que eu usava, haviam curativos em sua pele, a maioria em seus braços e pernas.
A palidez na sua pele o deixava irreconhecível.
Nem percebi que Morte e Roland me mantinham em pé.
Lágrimas escorriam por meu rosto, uma dor forte inundou meu peito, eu queria gritar, mas apenas um grunhido cheio de dor saiu do fundo de minha garganta...
A tosse voltou subindo pela minha garganta e o vidro pelo qual via aquele que se sacrificará por mim se encheu de meu sangue se espalhando por todos os lados.
Novamente não conseguia respirar o canal por onde o ar passava havia trancado me impossibilitando.
Morte viu o que eu não havia percebido, enfermeiras correram até mim, me colocando em uma maca.
Morte foi afastado de mim e a enfermeira gritava.
- Você podia ter matado ela, você foi irresponsável em deixar que ela saísse desse estado de seu quarto.
Vi a enfermeira com agulha se aproximar furando minha pele, minha mão tocou o vidro do quarto de Dastan e em seguida caiu deslizando pelo vidro...

Oi meus amores, como estão? Espero que ansiosos e muito bem!
Então me digam o que acham que pode acontecer, acham que Dastan vai sobreviver???
Posso adiantar uma coisa a vocês, vai acontecer uma reviravolta na história. ○_○
Espero que estejam gostando da história e gostaria de agradecer pelos votos, comentários ♡♡, por estarem lendo, pela paciência em esperar o capítulo novo, pela compreensão e por último pelo grande apoio que tenho de vocês.
Vocês são os melhores!!!!
Beijos ♡♡





A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolOnde as histórias ganham vida. Descobre agora