capítulo 27

9.3K 969 133
                                    

Ele segurou minha mão.
- O próximo passo é você usar roupas normais.
- Como se eu fosse uma pessoa normal não é?
Sorri
- Só estou brincando, aonde está seu senso de humor?
- Deve estar em minha cova. Ele disse em um tom sarcástico.
- Como você virou à morte?
- Jura que quer falar sobre isso?
- Eu quero.
Me sentei em um sofá florido numa sala com um papel de parede listrado, com cores amarelas e coral e vários vasos em pequenas mesinhas.
Morte sentou um pouco distante seu olhar parecia surpreso ou esperando que algo acontecesse.
- Agora pode começar a me contar.
- Não há muito o que contar eu apenas tenho relances da minha antiga vida.
Fiquei olhando para ele que a todo momento tentava disfarçar que me olhava.
Então entendi tudo eu estava de camisola.
- Dá pra você parar?
- Quê?
- De ficar me olhando.
Eu estava completamente vermelha.
- Tem alguma roupa para mim aqui?
- Está em um armário dentro do quarto.
Fui até o quarto e vesti uma calça jeans clara e um camiseta lisa.
Andei pelo assoalho de madeira até morte.
Seu olhar tinha um lado misterioso e não sabia identificar se aquilo era algo bom ou ruim.
- Melhor assim? Ele me olhava sem expressão alguma.
- Muito melhor, agora me conte sua fascinante história de como virou morte.
- Não me lembro de toda a minha vida minha lembrança mais concreta foi da minha morte.
- Eu estava em um galpão abandonado, algo havia acontecido e eu seria condenado por crimes que não tinha cometido, lembro de ter visto as mortes acontecerem e de tentar impedi-las, mas era em vão foi como se eu fosse uma marionete, não podia controlar meus movimentos.
Tudo que me veio a cabeça foi no feitiço que Lua fez em Dastan ela o usou para me ferir e deveria ter feito o mesmo com morte, mas por que? Esse então seria o motivo de odiar a Lua, mas qual seria o motivo de ele odiar o Sol?
Saí de meus mais profundos pensamentos.
Ele olhava para suas mãos.
- Depois das mortes minha memória do que aconteceu sumiu e só me lembro de acordar nesse galpão ele fedia a carne podre e a morte, um homem gritava que pagaria pelo que tinha feito ele me amaldiçoou para que como havia sido o causador de mortes pagasse buscando as almas e as prendendo no submundo.
Ele olhava para baixo.
- Então em um belo dia depois da minha trágica morte aonde eu fui aberto, torturado e morri implorando para quê minha vida e aquele sofrimento terminasse logo, acordei no submundo, não sei quanto tempo passou desde que sou a morte, mas vi guerras acontecerem tanto dos seres com poderes como dos humanos eu busco suas almas e ás levo ao meu mundo vi também lugares serem destruídos, nações serem dizimadas e nunca quis interferir até que você surgiu eu tinha te visto antes, mas realmente a encontrei somente quando foi para o submundo eu a encontrei sozinha, indefesa e quando vi você daquele jeito não podia deixar que algo ruim te acontecesse.
Ele olhou em meus olhos.
- Você foi a primeira a sair de meu mundo nunca pensei que isso poderia acontecer.
Ele passava uma mão na outra aquilo parecia um tique.
- Por que faz isso? Apontei para suas mãos.
- Eu não sinto nada ao passar uma mão na outra elas não emitem nenhum calor.
Segurei em suas mãos entrelaçando as minhas juntas ás dele.
- Sente isso?
- Sinto. Por um breve momento vi um pequeno e tímido sorriso que logo se transformou em sua mesma feição aquela que não demonstrava nada.
Ele segurava minha mão.
- Algo em você me trás paz. Ele disse olhando timidamente para mim.
Sorri.
Ele acariciava minhas mãos.
- Eu sinto a aflição, a confusão, a dor e toda a angústia que eles sentem quando tenho que leva los é horrível eu ouço seu gritos e suas palavras.
Ele olhava para nossas mãos entrelaçadas.
- Sinto muito por isso.
A porta se abriu era Gadriel, morte soltou minha mão e me analisou.
- Luna. Gadriel correu até mim e o abracei.
- Senti sua falta.
- Eu também.
- Você está bem?
- Estou. Disse olhando em seus olhos.
- Agora tenho que resolver algumas coisas. Morte disse friamente.
- Eu quero ir pra casa.
- Acho melhor que você fique aqui, por enquanto aproveite o calor.
- Tudo bem. Concordei o calor seria maravilhoso sentia falta da sensação do sol contra a pele.
- Volto logo. Ele disse e como sempre desapareceu.
Em todos esses dias Gadriel e morte haviam sido minhas companhias e não podia negar que morte me fazia bem.
Estava perdida em meus pensamentos e fui despertada por Gadriel.
- Luna?
- Oi... Gadriel.
- Tem certeza que está bem?
- É claro que estou.
- Morte me contou o que aconteceu com você.
- Não importa o que aconteceu o que importa é que estou bem e aqui. Disse acariciando seus pelos brancos.
- Eu sei, deveria estar ao seu lado quando isso aconteceu.
- Gadriel, de nada adiantaria se tivesse estado ao meu lado.
- Pelo menos estaria ao seu lado.
- Não se preocupe Gadriel.
Passei a mão por seu queixo.
- Agora que tal eu e você lá fora?
- Ótima ideia.
Saímos da casa e caminhamos por uma densa e fechada floresta, ás árvores altas que deixavam quase que não visível o céu. A pouca luz do sol que passava pelos topos das árvores iluminavam boa parte da floresta.
- O que houve enquanto estava dormindo?
- Morte ficava no quarto quase que todo tempo, eu ficava ao seu lado e ele parado em frente a cama e a qualquer movimento seu ele ia para mais perto de você. Disse Gadriel olhando para o horizonte.
- Ele não saiu do meu lado?
- Apenas por algumas horas do dia ele saía de seu lado, mas isso deve ter sido pelo que ele tem que fazer.
Aquilo de levar almas para o submundo.
- Ele se preocupa muito com você. Quando você se feriu ele te levou as pressas até a cabana e a trouxe para cá, ele parecia estar aflito com tudo que aconteceu ele sabia que você não podia morrer, mas mesmo assim parecia de alguma forma temer que algo pior acontecesse e você não despertasse nunca mais.
Observava Gadriel.
- O jeito que ele agiu me fez temer por sua vida.
Olhei para baixo.
Era muita coisa para pensar. Em um dia estava enfrentando um homem que nunca vi em toda minha vida e acordo quatro dias depois e descubro que morte havia ficado preocupado.
Era muita coisa para assimilar ao mesmo tempo.
Por que ele me ajudava? O que ele queria de mim? O que ele ganharia ao estar do meu lado? E por que eu me importava com tudo isso? Tantas perguntas e todas elas complexas de mais para serem respondidas naquele momento.
Teria que me contentar que deveria descobrir essas respostas sozinha e no tempo certo.

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolWhere stories live. Discover now