Capítulo 48

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A sensação de perder Dastan sempre foi devastadora ser a culpada pelo seu sofrimento era demais pra mim.
Seus olhos haviam perdido a cor azul escura e no lugar um vermelho sangue havia tomado lugar, enquanto ele gritava e agonizava no piso de madeira não podia conter minhas lágrimas.
A raiva que senti me fez conseguir fazer o feitiço e isso me fez ferir Dastan.
Tudo passava em minha mente as cenas se repetiam e o sofrimento de Dastan.
Tudo já acabado, mas seus olhos me assombravam o azul já tinha voltado, mas ainda me lembrava dos olhos vermelhos.
Eu estava nos braços de Dastan.
Ali em meio aos seus braços minhas recordações de nossos momentos juntos, sorrisos, beijos e lágrimas regressaram.
A primeira vez que o vi um turbilhão de sentimentos me invadiu e desde aquele momento meu coração palpitava pela sua presença.
Mesmo depois de tudo, mesmo depois do beijo em Dalila, eu continuava a ser totalmente apaixonada por Dastan.
Ele agora podia me desprezar, mas o que vivemos me marcou.
Às lágrimas queimavam dentro de meus olhos.
Nossos corações batiam freneticamente em um ritmo sincronizado, eu podia estar com o coração disparado, mas ali em seus braços pude sentir paz.
O cheiro dele era o mesmo de antes cheiro de hortelã com perfume forte.
Me lembrei do nosso primeiro beijo nossos lábios se encontrando o doce sabor de sua boca as palavras que dissera antes de lançar seus lábios nos meus e a sensação de ansiar aquele beijo, aquele calor e aquele amor.
Eu sempre achei que fosse para sempre, mas mesmo o para sempre tem um final.
Dastan era como um porto seguro e eu um navio descontrolado, mas mesmo sendo ele esse porto seguro não pude contar com ele quando mais precisava.
Ele seguiu em frente, mais rápido do que eu estava preparada.
Eu queria odiar suas palavras, repudiar suas ações, mas tudo o que conseguia era amar ele em segredo, segredo tão grande esse que escondia de mim mesma e me odiava a cada vez que o rosto dele e suas lembranças vinham em minha mente.
Tola, burra, narcisista palavras não eram suficientes para descrever o que eu estava sendo.
Um amor que trás dor, nosso amor não passava disso e nada podia ser mudado.
Eu o odiava e no outro segundo o amava.
Queria eu que tudo fosse diferente sem Maldição, sem Lua, sem mortes, sem sofrimento, sem angústia e sem poderes, apenas duas pessoas normais com uma família e paz, mas a realidade nunca seria assim.
Respirei fundo.
O abraço já se estendia por um longo tempo não queria me afastar e muito menos ele.
Eu não queria dizer nada, queria ficar em silêncio abraçada com Dastan.
- Eu só queria te dizer que...
- Luna. Ouvi o grito de Lili interrompendo as palavras de Dastan.
Nos afastamos e então olhei em direção da porta, Lili nos olhava incrédula e estava com a sobrancelha levantada.
- Atrapalhei alguma coisa? Disse Lili rindo.
- Não, não...
Olhei por toda a sala e não vi morte.
- Luna, a prova de vestidos você ainda quer ir?
- Sim, eu já vou.
- Tudo bem então, desculpa por atrapalhar. Disse Lili segurando o riso.
Ela fechou a porta e então voltei a olhar para Dastan.
- O que queria me dizer?
- Eu queria te dizer... que... você conseguiu fazer o feitiço, parabéns. Ele disse friamente e sarcasticamente batendo palmas três vezes.
Em seguida Dastan se levantou bruscamente me deixando sentada no piso de madeira.
Ouvi a porta bater e olhei para trás ele havia saído.
Estava sozinha.
Não queria lutar contra o choro, respirei fundo e deixei que ele caíssem.

[...]

Tudo pareceu vir de uma vez só, um sentimento muito forte invadiu meu peito e uma fúria devastadora tomou conta do meu corpo e de minha mente.
- Por quê eu? Gritei olhando para cima.
- Você podia ter escolhido outra pessoa, mas por que eu? O que eu fiz de errado? Eu só queria ser normal Lua. Soluçava a cada palavra.
- Me responda, por que comigo? Eu já havia jogado todos os móveis no chão e gritava para que Lua me dissesse por que tinha que ser comigo?
- Ahhhh, você fez da minha vida um inferno Lua.
Senti braços me envolvendo e segurando e me abraçando, era Cloe.
- Vai ficar tudo bem Luna.
- Eu tô cansada de todo mundo dizer que vai ficar tudo bem, nada está bem, eu estou ficando louca eu tô sentindo isso, eu sei que vou ficar igual a Sun, quando eu estava longe do castelo me tornei outra pessoa, eu caçava sem nenhuma piedade e isso está começando a voltar eu não tenho medo de morrer, por mais que eu sofra a cada vez que conseguem me ferir eu me sinto livre, sem tudo isso eu só quero ter uma vida. Já não conseguia mais falar estava sufocada e a cada nova lágrima que caía o desespero aumentava.
- Luna. Cloe chorava junto e me abraçava tentando me impedir de mexer.
- Eu não consigo, eu não sou quem pensam que eu sou, sou apenas uma garota idiota lutando uma luta que não é minha, sobrevivendo em vez de viver, eu nunca quis isso, eu nunca pedi por isso.
- Luna, por favor se acalme.
- Sabe o que eu queria? Queria que tirassem minha vida de uma vez por todas.
- Não diga isso Luna.
- Cloe, eu não aguento mais. Gritei e vi sua expressão ela chorava, mas mesmo assim me mantinha firme.
A porta se abriu e Lili entrou e atrás dela já vinha Eva.
- Luna, nós ouvimos seus gritos. Eva falou.
- Você está bem? Lili perguntou.
Uma tremedeira incontrolável havia começado, o ar parecia pesado.
Eu não conseguia falar apenas chorar.
Cloe não aguentava me segurar sozinha e Eva tentou ajudar.
- Luna, olha pra mim se acalme.
- Me soltem eu não quero te ferir. Chorei ainda mais alto estava soluçando.
- Luna? Jenny gritou vindo até mim segurou meu rosto em suas mãos e secou algumas lágrimas de meu rosto que logo eram cobertas por outras lágrimas.
- Chamem alguém ela não está bem.
- Me soltem. Gritei
Lili também me segurou.
- Olha pra mim filha.
Eu tentava me libertar, eu queria gritar e quebrar tudo que via pela frente.
Ouvi vozes e passos na sala, as vozes dos anciões e de todos falando juntos me deixaram confusa e desnorteada.
Então em meio às vozes ouvi um riso agudo que me fez colocar a mão nos ouvidos.
Eu só via todos envolta de mim e o único som era apenas da risada.
Era Lua.
- Pare. Gritei com a mão nos ouvidos me joguei no chão colocando a cabeça nos joelhos.
- Você queria conversar? A voz de Lua ecoou em minha mente, falando por cima de sua gargalhada.
Fechei os olhos e gritei com toda força que tive o que fez minha garganta arder.
As gargalhadas ficaram mais altas e então tudo ficou em silêncio, devagar tirei as mãos dos ouvidos e abri os olhos.
Como sempre estava na floresta.
- Mudou de lado?
- Nunca. Me levantei e a encarei.
- Por quê você? Pergunta difícil.
- Responda. Ordenei
- Eu sabia que seria como eu.
- Eu não sou como você, nunca vou ser.
- Seu aniversário se aproxima e nele algumas coisas serão reveladas.
Senti uma dor no meu braço esquerdo e em seguida fiquei sonolenta.



A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolWhere stories live. Discover now