Capítulo 78: Os cavaleiros

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Eu estava inquieta, andava sobre os cacos de vidro no chão de um lado ao outro, a agonia me deixava fora de mim.
- Pare com isso. Gritou Morte.
- Eu preciso sentir dor para que ela não volte, eu estou escutando sua voz em minha cabeça mais forte do que nunca, foi como se uma barreira tivesse sido destruída no que aconteceu ontem enquanto eu treinava.
- Essa foi a última vez que você treina com Sol.
- Não, eu preciso disso.
- Você vai se machucar tentando.
- Eu sei que está tentando cuidar de mim, mas isso não cabe a você e nem ninguém além de mim decidir.
Morte me encarou e me puxou com força estrema para si, nossos corpos se encontraram, ele tinha me tirando de cima dos cacos, havia sangue no chão.
- Olha o que você fez, deixe que eu tiro esses cacos, deite na cama.
Obedeci me deitando, alguns dos cacos tinham ido mais fundo.
- Só faltam alguns.
Meus pensamentos voaram para longe, aquilo era como uma visão que eu estava tendo, mas por alguma razão minhas visões tinham sido bloqueadas, eu tinha que desbloquealas, mas a única que podia fazer isso era Lua, já que as visões eram herdadas dela, elas começaram de um dia para o outro e desse mesmo jeito sumiram, mas então minha mente se clareou era claro tinha sido ela, ela tinha feito aquilo, me impedindo de ter minhas visões tornava o que ia acontecer muito mais doloroso, eu tinha que tê-las novamente...
- Luna? Indagou Morte me tirando dos meus pensamentos.
- O que foi?
- Eu terminei e já fiz um curativo, vá descansar, vou te levar até o quarto de Cam enquanto eu e ele damos um jeito aqui.
Senti uma forte dor quando coloquei meus pés no chão, mas não quis demonstrar isso, andei engolindo a dor.
Morte me levou até o quarto de Cam cuja cama era de solteiro, o quarto possuía tons escuros, na parede havia uma prateleira de livros e ao lado dela uma escrivaninha e um computador.
Me deitei na cama e assim que Morte saiu fui até o armário de roupas, vesti uma jaqueta de Cam e abri um portal dentro do quarto me levando até encontro com Sol.
- Atrasada, de novo.
- Deve se acostumar, eu chego na hora que eu quero.
Sol me encarou por um tempo.
- O que vou te ensinar, nem mesmo Sun estaria pronto para fazer, nem mesmo ele teria força suficiente.
- O que você vai me ensinar?
- Você vai conjurar os meus cavaleiros.
- Cavaleiros?
- São os cavaleiros solares, sua mãe também pode conjurar os cavaleiros dela, mas tenho que te advertir, isso pode destruir a barreira que separa você de sua versão sombria.
- Sem volta?
- Sem volta, vocês seriam uma só, você não controlaria ela e ela não controlaria você, vocês ficariam em equilíbrio, sendo assim a balança não vai pender para nenhum dos lados.
- Eu não seria do jeito que sou, mas tudo isso tem um preço.
- Você estaria preparada para pagar esse preço?
- Eu preciso pensar...
- Não você tem que se decidir, agora.
O que aquilo faria comigo? Eu seria capaz de aguentar tudo que aconteceria? Eu seria a mesma?
- Me ensine a invoca-los.
Sol pareceu surpreso e me olhou nos olhos colocando suas mãos em meu rosto, suas mãos estavam quentes e queimavam meu rosto.
- Feche seus olhos e vá fundo em sua mente, faça o calor sair de sua alma.
Fiz o que ele ordenou, sua voz em meu ouvido esquerdo sussurrando palavras.
-Exercitus sublato calidiores lavacro aquae ferventis animae corpus flammis sanguinem qui invocat relinquis praeter me terram et illi soli servies. Sussurrava Sol em meu ouvido me pedindo para repetir.
- Exercitus sublato calidiores lavacro aquae ferventis animae corpus flammis sanguinem qui invocat relinquis praeter me terram et illi soli servies.
O chão tremeu, meu corpo entrou em colapso, de olhos fechados eu podia sentir o próprio calor que saía de meu corpo.
Senti um corte em minha mão direita e sangue escorreu até cair no chão, foi como se todo o barulho do mundo parasse para que eu pudesse ouvir o barulho das minhas gotas de sangue caindo no chão a cada gota o chão tremia mais, era como se o chão estivesse abrindo, algo então queimou dentro de mim, meu coração acelerou e eu me senti zonza meu corpo caiu contra o chão e mesmo caída vislumbrei de algo que meus olhos custaram a acreditar, haviam cavaleiros e todos eles envolta de mim, a luz que emanava era tão forte que poderia iluminar a noite mais escura, o brilho era alaranjado, parecia com fogo ou mesmo lava, eles me levantaram e ampararam meu corpo me segurando em seus braços, eu estava vendo tudo como se estivesse em meio a uma névoa, mas quando pude ver os soldados se estendendo para muito mais longe do que meus olhos podiam acompanhar eles me reverenciaram, sincronizados eles ficaram com um joelho no chão com as suas mãos segurando espadas da mesma cor de seus corpos e armaduras eles não pareciam como humanos, eram totalmente parecidos com lava, todos vestidos com armaduras e empunhando espadas ou arcos, ainda de joelhos eles mantinham suas cabeças abaixadas em quanto um deles me tinha em seus braços, aqueles gestos significavam que eles serviam a mim e a ninguém mais.
Eu já me sentia exausta, mas então algo me tomou era como se algo dentro de mim queimasse, como se lava percorresse meu corpo, eletricidade correu por meu corpo, fechei meus olhos e senti uma força muito forte dentro de mim, eu gritei, gritei com tanta força que até mesmo Sol que estava distante se aproximou, uma mão fria tocou meu braço com tanta rapidez e força que eu estava agora nos braços de Morte, os cavaleiros se alarmaram e empunharam suas armas.
-Satis. Gritei e eles pararam e abaixaram suas armas.
- O que está acontecendo? O que você fez com ela? Indagou Morte furioso.
- A minha cabeça vai explodir, está doendo. Gritei em resposta apertando minha cabeça.
Então tudo ficou escuro e eu senti a minha mente se conectando ao meu lado sombrio, como se estivéssemos nos juntando em uma só, mas aquilo era o que estava acontecendo, nossos pensamentos se mesclaram e eu me senti mais forte do que nunca, mas além disso havia outra coisa, eu não me sentia mais a mesma, tudo o que eu pensava sobre tudo havia mudado eu me sentia como se nada pudesse me deter, como se não existisse mais medo, tudo o que eu era havia se juntado a tudo o que ela era, me transformando, ou melhor nos transformando no melhor que podíamos ser, não existia mais a Luna e seu lado sombrio, existia uma força inabalável e um ser mais forte do que eu já havia sido, ela era eu, e eu era ela e aquilo não me assustava era o contrário eu enfim era uma só...

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolOnde as histórias ganham vida. Descobre agora