Capítulo 32

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Seu olhar congelou e ele estava fixo no meu.
Estava atraída pela morte e dessa vez não fugiria, Dastan fez sua escolha e era hora de fazer a minha.
Sabia que ele podia sentir o calor da minha boca quando nossos lábios estavam a poucos centímetros de distância.
Foi então que tudo parou e a imagem do rosto da morte se embaralhou com uma lembrança que ainda me feria.
Era na antiga casa, era minha mãe e ao seu lado eu, pequena e frágil como uma pétala de rosa.
Meu corpo estremeceu.
Senti as mãos de morte me segurando pela cintura e me virando de costas para ele.
Meu olhos queimaram.
Vi a mesma cena, mas dessa vez pude ver o assassino de minha mãe.
Como pude ser tão burra era Átila não havia lembrado de sua voz.
Ele vestia uma roupa inteira preta e uma cartola chamativa seu rosto mais jovem revelava um mal incontrolável cabelos pretos com vida e um sorriso que fazia calafrios se espalharem por todo seu corpo.
O que Sol me fez ouvir agora Lua me fazia ver em minha frente.
Eu vi tudo a luta de meu pai e de minha mãe para se manterem vivos Átila estava sentado em uma cadeira no canto do quarto enquanto seus capangas faziam o trabalho sujo.
Uma voz em meu ouvido.
- Luna se acalme. Era morte dizendo com a voz calma.
Então eu vi a garganta cortada o sangue descendo em cascatas pelo corpo já sem vida de minha mãe.
Escutei o riso de Lua.
Eu queria sumir, me jogar naquele buraco e ficar presa nele por toda a eternidade que me restava.
Meu choro já era incontrolável dei um grito.
O que ela queria que eu visse?
Ainda estava lá em minha frente o corpo sem vida dos dois o sangue se encontrando.
Átila pegou a foto da estante e saiu porta a fora.
- Achem a menina. Ele ordenou batendo com o dedo sinalizando para minha imagem no meio da foto.
Sua voz diminuiu até que ficou inaudível.
Por que ainda estava ali? Já tinha visto tudo o que ela quisera que eu visse. Então por que não me deixou partir.
Algo surgiu no meio da sala.
Era ele, era morte, ele foi até a minha mãe e puxou sua mão, uma versão dela um pouco mais clara quase que transparente e com uma luz clara muito luminosa e com um belo sorriso saiu de seu próprio corpo e segurou a mão da morte, ele fez o mesmo com meu pai e de repente os três sumiram.
- Conheça agora seu novo namoradinho Luna. Era voz da Lua impiedosa e nociva.
Imagens de morte em lugares e épocas diferentes, um frio sorriso, uma morte, mas uma delas me chamou atenção era uma cena de seu olhar em uma criança ele sorria para ela e ela devolvia o sorriso.
Vi nos olhos da menina os meus olhos e no rosto dela o meu.
Por que não me lembrava daquilo?
Olhei em volta e estava atrás da casa dos Jones em um balanço preso em uma árvore de flores rosas.
As imagens se fundiram e depois desapareceram.
Me encontrei deitada com o cabeça escorada do ombro de morte e minha cintura envolvida por seus braços.
- Você está bem?
Eu estava sem reação.
Lágrimas sem sentido desciam quentes por meu rosto frio.
Minhas mãos inquietas tremiam.
O buraco estava a metros de mim senti uma vontade fulminante de me soltar e pular dentro daquele buraco.
Morte me apertou em seus braços e com uma incrível e avassaladora força o afastei de mim.
Seu olhar assustado sem entender o que acontecia.
- Você! Gritei
- Luna o que aconteceu? Ele indagou preocupado.
- Eu vi você levando as almas dos meus pais.
- Esse é o meu trabalho.
Não havia ligado para aquilo sabia que ele precisava levar as almas de meus pais, mas por que ele me observava daquele jeito?
- Eu vi você me observando.
Ele olhou para baixo e engoliu em seco parecia ter um nó na garganta.
- Você sempre soube quem eu era, não me conheceu no submundo.
- Luna se acalme, vamos conversar.
- Por que fez isso? Gritei
- Luna eu só...
- Não importa, sei que agora sou seu prêmio? O interrompi
- Não diga isso, por favor me escute.
- Não fale comigo, por quê não lembro de tê lo visto?
- Eu apagava suas memórias de mim, sempre que ficava sozinha fazia isso, fiz isso por um bom tempo.
- E por que não me disse nada disso?
- Porque tive medo que isso acontecesse que você tivesse essa reação. Ele apontou para mim.
- Como pode fazer isso comigo. Eu gritava todas as palavras com fúria.
- Luna eu te vi pela primeira vez na floresta, estava indefesa, sozinha, mas apesar de tudo isso tinha uma coragem arrebatadora. A lua estava em seus olhos e eu tive conhecimento da maldição.
Eu o encarava a distância.
- Eu só me sentia na obrigação de cuidar de alguma forma de você, mantive todos longe, alguns bruxos chegaram até onde estava, mas os matei não queria que nada a machucasse. Ele disse e podia sentir que aquela era a verdade.
- Eu me mantive longe e quando era visto por você apagava suas memórias. Eu vi a sua luta, vi você conhecendo Dastan e tudo o que viveu. Quando apareceu no submundo era a oportunidade perfeita para deixar de me esconder e ter você por perto, não quis que fosse uma mentira só não queria te magoar no começo tudo foi pela proteção que devia pra você, mas agora...
- Agora? Gritei para que ele continuasse.
- Agora eu estou apaixonado por você.
Eu fiquei sem reação ele se aproximou devagar para ter certeza que não me afastaria.
- Eu te amo Luna, sei que é amor e foi a única vez que me senti assim.
Eu encarava o chão ele ergueu o queixo com seus dedos.
Seus lábios chegando perto dos meus.
Me afastei.
- Eu não posso, você me escondeu tudo isso, não posso, me desculpe.
Eu estava com a cabeça cheia não sabia o que pensar algo nas palavras que ele disse parecia ser mentira ou que ele me escondia algo.
- Tenho que te perguntar você cuidou de mim pra atingir Lua queria atingi lá me usando? As palavras saíram rápidas da minha boca.
Ele olhou para baixo pensando no que diria e escondendo seu rosto.
- Não minta para mim.
- Isso passou em minha mente algumas vezes, mas...
- Não quero mais te ouvir.
Saí correndo com lágrimas nos olhos e o coração partido no peito.
Corria sem rumo, por onde ia passando o fogo surgia e se alastrava causando uma enorme nuvem de vapor ao tocar na neve.
Eu estava ofegante coloquei as mãos sobre os joelhos e tentei respirar em meio as lágrimas.
Um círculo de fogo se formou entorno de mim e logo a nuvem de vapor me cobriu eu fechei os olhos e senti meu coração arder.
Primeiro Dastan beijou Dalila e agora morte havia escondido sua existência de mim e me usado para atingir Lua.
Aqueles que confiava iam se mostrando com o tempo.
Minha respiração voltou ao normal, mas as lágrimas insistentes brotavam de meus olhos e escorriam quentes por meu rosto.
Voltei a correr queria correr até que meus pulmões começarem a arder.
Queria sumir do mapa, fugir do mundo, da maldição, do poder e de minha vida.
O vento dava chibatadas em meu rosto.
Depois de muito tempo fugindo dos meus pensamentos e daquelas imagens parei meu pulmão não aguentava mais e eu já não tinha lágrimas para serem derramadas me sentei no chão coberto de neve.
O céu já estava escuro e não fazia ideia de onde eu estava.
O frio estava intenso o casaco não me aquecia tanto.
Não sei se pelo frio ou pelo cansaço acabei adormecendo ali, sobre a neve.

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolWhere stories live. Discover now