Capítulo 59: Dastan

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Luna estava mais pálida do que o habitual, havia notado algo que ela não notará, o anel no dedo de Dalila ela não percebera que aquele não era um simples anel, aquela era sua aliança de noivado, presente meu dado a ela quando mostrei que estaria do seu lado não importasse o que acontecesse, provará várias e várias vezes quão tolo havia sido, hipócrita, medíocre e um ser desprezível.
Quando ela começará a confiar em mim novamente, quando começará a conquistar sua confiança e merecer seu doce amor, fiz como sempre, a afastei ainda mais de mim.
Minha maior intenção foi sua proteção, esconder aquilo dela era proteger ela de si mesma, mas o que realmente fiz escondendo que Geneviéve e Gregório eram seus avós foi destruir e despedaçar seu frágil coração já tão mutilado.
Luna já estava fora de si sua parte sombria ordenava que ela assim fizesse uma escolha de quem vivia e de quem morria, depois de tudo aquilo que já havia acontecido Luna não escolheu, por mais que ela tivesse já sofrido tanto, se magoado tantas vezes Luna ainda assim possuía mais bondade de qualquer outro desse mundo, ela em meio a tantas desgraças, mortes e terríveis sofrimentos tinha uma alma forte porém bondosa ela era tudo que qualquer pessoa sonharia em ser.
O olhar de Luna me deixou destruído podia ver em seus olhos ela se sentia traída, ferida e usada, podia ver o que agora ela sentia por mim era repulsa, raiva e algo ainda pior, decepção.
Ela saiu do salão com os olhos evidentemente marejados.
Me senti atordoado e confuso ao ver ela daquele jeito havia me causado dor, mas essa dor não era nada se comparada a dor que Luna estaria sentindo nesse momento.
Eu estava sem reação, queria ir até ela explicar tudo que tinha acontecido, mas agora seria em vão, todos do castelo anciões e familiares sabiam quem realmente Gregório e Geneviéve eram, mas ao escondermos isso dela achando que aquilo era o melhor a se fazer passamos por cima de seus sentimentos e os esmagamos.
Cam me olhava ele estava assustado assim como todos no salão, meu pai tentava acalmar minha mãe, Lili e Cloe consolaram uma a outra enquanto Jeb e Roland passavam as mãos pelos cabelos freneticamente, os anciões discutiam algo entre eles, a maioria dos convidados já haviam partido, mas o que me intrigava era as feições de Geneviéve e Gregório eles estavam sentados juntos sobre o chão eles pareciam paralisados, em êxtase e muito assombrados.
Me aproximei de Cam ele puxou o ar bem fundo e depois soltou.
- Nós fizemos uma burrada, você viu o olhar dela? Indagou ele com voz amargurada.
- Eu vi, ela está me odiando agora.
- Ela está odiando todos aqui, os guardas já levaram os seguidores e os rebeldes os prenderam na masmorra.
- Tudo bem, vou atrás de Dalila, não devo deixar que ela saia imune, não posso deixar que não pague por seus crimes contra Luna e contra todos.
- Deve ir atrás de Luna, você deve isso a ela.
Minha consciência já estava pesada, mas as palavras de Cam me fizeram me sentir ainda pior eu devia isso a ela, devia estar do seu lado como havia prometido à ela tantas vezes.
- Ela pode perder o controle e tenho eu que estar ao lado dela, cuidando e a protegendo de todos e dela mesma.
- Então se apresse. Cam me encorajava a ir atrás dela.
Tinha que correr até a torre, passei por todos, pelos corredores, pelas escadas até a porta da torre, abri atravessei a porta apressadamente meus olhos encontraram Luna e atrás dela Morte.
- Luna, eu não quis...
- Cale se eu não quero ouvir suas mentiras. Ela gritou enfurecida.
- Não é ela Dastan. Morte falou balançando a cabeça.
Eu não podia deixe aquilo acontecer.
- Deixe Luna em paz. Gritei cerrando os punhos.
Minha cabeça pensava em uma saída, mas é claro era o que antes tinha resolvido.
- Eu sei como fazer ela voltar. Disse e vi os olhos de Morte se enchendo de esperança.
- Não adianta mais me ferir, a dor não me abala mais. Disse ela friamente.
Uma idéia veio a minha mente e olhando para Morte vi que ele também teve a mesma idéia, apenas uma dor extremamente forte faria Luna voltar a si.
- Depende da dor. Disse Morte confirmando o que eu havia pensado.
- Morte, não faça isso comigo você me ama, não me machuque.
Ela se virou e foi até ele.
Morte me olhou fazendo um sinal afirmativo com um aceno de cabeça, sabia o que tinha que fazer.
Tinha que colocar em minha cabeça que aquela não era minha Luna.
Corri e a segurei pelos braços os segurando firmemente, ela se debatia.
- Eu amo Luna e não você, me desculpe por isso Luna. Ouvir Morte dizer que amava Luna, me causava grande desconforto, mas não podia ser fraco agora tinha que garantir que ela voltasse.
Morte se aproximou soltei um dos braços de Luna que segurava firmemente enquanto ela se debatia.
Acho que Luna a abateu com seus sentimentos, pois, em nenhum momento ela me atacou, estava enfraquecida.
Morte tomou o braço de Luna e suas mãos ficaram entre seu pulso e seu cotovelo.
E então um estralo ele partiu o osso de Luna em duas partes, eu estremeci e ela gritou de dor, seu corpo perdeu a força, ela se contorceu ainda gritando.
A mantive em pé seu corpo vacilando, ela suava frio seus olhos abrindo e fechando a dor havia feito ela enfraquecer, podia ver sua luta para continuar no controle.
Ela vacilou e segundos depois uma calmaria tomou seu corpo e então seus olhos piscaram algumas vezes.
- É Luna. Gritou Morte abrindo um sorriso.
A peguei em meus braços e a deitei sobre a cama.
Sua feição emitia que ela sofria com a extrema dor.
- Nós vamos dar umjeito nisso, a dor vai passar. Disse eu tentando acalmar Luna e tentando me convencer que o que eu dissera era verdade, estava muito preocupado não só pela dor que ela sentia, mas sim por tudo que ela passará e o que o destino ainda lhe aguardaria.
Lembrei da injeção que a faria sentir menos dor e a faria dormir, corri para a sala dos anciões e encontrei, corri até a torre e depois até Luna.
Peguei seu braço direito e apliquei a injeção.
Luna parecia zonza, mas sua feição se amenizou.
- Ela vai ficar bem? Indagou Morte preocupado passando a mão por seu rosto.
- Eu espero que sim. Tentei parecer convincente, mas estava apavorado ele não falava da dor ele falava se ela ficaria bem depois de tudo que descobrirá.
Seus olhos foram piscando até que se fecharam e ela adormeceu.
Aos poucos toda a família foi se revezando para ficar no quarto.
Já se passava das dez da manhã Luna não se mexia com frequência, em certos momentos sua face mudava da expressão serena para uma de medo.
Haviam cuidado do braço de Luna, o feitiço de cura foi feito com sucesso.
A dor física de Luna teve fim, mas a interior era evidente quando lágrimas saíram de seus olhos ainda dormindo.
Passe todo o tempo ao seu lado segurando sua mão, Morte e Cam fizeram o mesmo ficando ao lado de Luna e a cada movimento os dois saltavam de onde estavam e iam até ela.
A maior parte do tempo Morte ficou em pé ao seu lado segurando sua mão esquerda, cujo braço ele havia quebrado.
Estava me sentindo desprezível por ter causado a Luna tanta dor, queria fazer tudo aquilo desaparecer queria que ela vivesse feliz, fosse feliz, com uma família, amor, mas o que eu mais desejava é que para ela nunca tivesse existido a maldição, dor e nenhuma morte.
Passei mão por seu rosto e beijei sua testa.
- Como sempre estraguei tudo, meu amor. Sussurrei em seu ouvido.
Foi como se ela tivesse escutado ela apertou um pouco minha mão e pela reação de Morte, ela havia feito o mesmo com ele.
Beijei sua mão devagar e olhei para ela uma lágrima escorreu e eu a limpei.
- Eu quis te proteger da verdade, quis te proteger do que iria acontecer se soubesse quem eles eram, queria te proteger, mas tudo que fiz foi te machucar, não posso pedir que me perdoe, não posso pois sabia dos riscos de não te contar isso, eu fui tolo eu sei, mas quando você realmente ama alguém quer proteger esse alguém, quer manter seguro, quer deixar a dor e o sofrimento longe, eu amo você, amo mais do que minha própria vida.
Ao dizer tais palavras senti o peso de tudo que eu escondi caindo sobre mim, caindo sobre minha costas.
- Todos te amam Luna e te esconderam isso ao meu pedido, não queria que soubesse que aqueles monstros tem um parentesco com você. As últimas palavras saíram com amargura.
Olhei para seu rosto ainda tão sereno, seus olhos abriram e fecharam se acostumando com a luz do sol.
Ela puxou as mãos de minha mão e da mão de Morte.
- Eu deveria saber tudo o que acontecia ao meu redor, do que adiantou me esconder se tudo um dia viria a tona e eu sofreria da mesma forma, valeu a pena Dastan? Valeu a pena Morte? Valeu a pena Cam? Ao dizer o nome de Cam a senti desmoronar por dentro, seus lábios se fecharam e ela segurou as lágrimas.
- Você que é meu irmão me traiu eu não esperava isso de ninguém, mas muito menos de você, eu não confio em vocês e nunca vou voltar a confiar, vocês brincaram comigo, me colocaram em um jogo sujo e doentio e me digam o que ganharam com isso?
As palavras enfurecidas de Luna doeram como facadas em meu peito, Cam parecia estar á ponto de cair ele olhava para o chão, Morte ao lado da cama também evitava o olhar de Luna.
- Por quê dessas caras? Seus objetivos foram cumpridos, eu estou destruída.
- Luna. Olhei em seus olhos agora impiedosos e que outrora me traziam paz, era evidente a fúria que sentia e a dor em seu peito.
- Saiam daqui, não quero ver vocês nunca mais, todos vocês. Seu olhar fuzilou Cam, depois Morte e enfim para mim.
- Pense direito Luna, fizemos isso por seu bem. Tentei parecer calmo, mas o nervosismo tomou meu corpo, passei a mão pelo cabelo.
- Para o meu bem? Cuspiu ela as palavras.
- Luna. Tentei falar com ela mais não conseguiria, ela estava fora de si.
- Repasse o aviso os outros, o único que pode entrar nesse quarto é Gadriel ele e somente ele.
Em meio tudo aquilo não havia pensado em Gadriel e o que acontecerá com ele, não podia esconder mais nada de Luna.
- Gadriel desapareceu, faz algum tempo desde a última vez que nós o vimos.
Ela estremeceu se sentando na cama.
- Gadriel desapareceu? Suas mãos tremiam.
- Nós vamos encontrar ele, não se preocupe. Tentei acalmar Luna, ela estava de cabeça baixa.
- Como não me preocupar, Gadriel aonde você está? Ela disse baixo.
Ela me olhou e a fúria voltou ao dia seus olhos acinzentados.
- Mais um segredo que manteriam escondido de mim
- Luna, como te contaria com tudo que está acontecendo.
- Saia agora de meu quarto, saiam todos vocês, saiam. Luna gritou e troquei olhares com Cam e Morte eles se dirigiram junto comigo até a a porta saindo da torre.
Ficamos os três parados em frente a porta do quarto de Luna, podíamos ouvir seu choro desesperador o barulho dos móveis sendo jogados no chão, seu choro se transformou em soluços, ela gritava, batia com algo contra o chão.
- Ela vai ficar bem. Disse vendo a preocupação estampada nos rostos de Morte e Cam.
- Ela... Ela tem que ficar bem. Disse Cam.
- E ela vai Cam, vamos deixar ela se acalmar.
Morte desapareceu em total silêncio e cada um foi para seu quarto, me atirei na cama enterrando a cabeça no travesseiro macio.
O sono era muito forte, mas o que eu havia feito a Luna não me deixava dormir.
Um leve chuva começou, se tornando a cada segundo mais forte.
Não podia deixar Luna sozinha, se ela não queria que eu entrasse nunca mais em seu quarto então ficaria cuidando dela do lado de fora da torre.
Corri até seu quarto com a espada em minha mão, me sentei no chão e ali enfrente ao quarto dela consegui adormecer.

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon