capítulo 74

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A proximidade de nossas faces, me fez ver os pequenos e simples detalhes do seu rosto, a palidez da sua pele e o que parecia ser marcas de olheiras.
Meu hálito passava por seu rosto, suas mãos gélidas me seguravam ansiosas, ele olhava fundo em meus olhos como se pudesse ali vasculhar a minha alma.
Me vi refletida em seus olhos e percebi o que estávamos prestes a fazer, não podia fazer aquilo, era cedo demais.
Morte parecia encantado, mas ele se afastou rapidamente.
- Eu não posso fazer isso, não por enquanto.
- Me desculpe. Disse com a voz baixa.
- A culpa não foi sua.
Eu me sentia mal, por todo aquele sentimento que causava a Morte, ele me amava de uma maneira linda, mas eu não desfrutava do mesmo sentimento, minha cabeça estava confusa, ele estava ali comigo, mas por que não fazê-lo feliz, por que não ficar ao seu lado, agora que amor nenhum me restará, pelo menos um de nós seria feliz, pelo menos um de nós estaria amando e por que não ser com ele? Afinal ele era muito mais que um amigo, não queria vê-lo sofrer, não sabia mesmo quanto tempo viveria então porque não passar esse tempo fazendo ele feliz.
- Morte, eu não quero que tudo vá muito rápido, mas com o tempo eu posso aprender a te amar do mesmo jeito que você me ama.
Eu nunca mais amaria ninguém como tinha amado Dastan, nem mesmo Morte.
Ele abriu um sorriso e se aproximou de mim, seus dedos se entrelaçaram nos meus e ele beijou minha mão.
- Vamos ir devagar, você tem que superar muita coisa ainda. Ele beijou levemente minha testa e saiu do quarto fechando a porta.
Mesmo quando estava com Morte, Dastan não me saía da cabeça era difícil tentar parar de pensar nele.
Afundei minha cabeça no travesseiro e fiquei olhando para o nada por um longo tempo, a noite já cairá e a porta se abriu novamente, pude sentir cheiro de comida, meu estômago roncou olhei em direção a porta e Morte carregava uma bandeja com um prato de comida, cujo cheiro se espalhou por todo o quarto.
- Seu jantar. Anunciou ele colocando a bandeja em cima da mesa no canto da sala, Morte se aproximou e segurou minha mão me ajudando a sair da cama, ele me conduziu até uma poltrona, com uma mão e com a outra ele segurou meu suporte de oxigênio, me sentei e ele sentou na poltrona ao minha frente.
Ele me entregou a comida e encarei aquele prato, ele tinha batas fritas, strogonoff, um pouco de arroz e uma salada agridoce, fiquei com certo desconforto de comer, não queria depois de Dastan, ter momentos felizes e comer parecia ser uma coisa que me traria conforto.
- Vamos, coma um pouco. Morte segurou minha mão esquerda e a acariciou.
Ainda hesitante tirei a máscara do rosto e levei uma garfada até a boca, meu estômago ansiava por mais uma colher e depois mais outra, me senti satisfeita antes de comer a metade do prato.
- Você quer tomar alguma coisa?
- Não quero, preciso da máscara. Disse um pouco sem ar.
Morte se levantou com rapidez me alcançou a máscara e segurou meu cabelo, sua mão gélida tocou meu pescoço descoberto.
- Venha vou te levar pra cama.
Fiquei em pé e ele me pegou no colo sem que eu esperasse.
- Eu consigo ir sozinha. Disse tentando descer de seus braços que me envolviam.
- Fique parada, só vou te levar até a cama.
Ele me deitou na cama e trouxe uma poltrona até o lado da cama e ficou me olhando.

[...]

- Nãoooooo. Gritei assustada acordando de um pesadelo.
- O que foi? Indagou Morte se aproximando de mim.
Meus olhos se encheram de lágrimas, eu não precisei falar nada, Morte me segurou em seus braços, minha cabeça ficou em seu ombro, meus braços ficaram ao redor dele sem que eu tivesse notado.
- Eu estou com muito medo, muito medo. Disse enquanto uma lágrima escorreu pelo meu rosto.
- Eu não vou deixar nada e nem ninguém te ferir. Ele beijou o topo da minha cabeça.
- Não estou com medo disso, tenho medo de perder tudo, eu já perdi ele, me sinto tão vazia, tão sem rumo, eu não sei mais porque continuar.
Morte me tirou de seu ombro e olhou em meus olhos, secou a lágrima do meu rosto.
- Olha pra mim, você tem que continuar por ele, se não tudo que ele fez por você terá sido feito em vão.
Tentei me esquivar de seu olhar, mas ele segurou meu rosto.
- Venha aqui. Disse ele me puxando para seus braços.
- Você é tão bom pra mim. Admiti.
- Nem que eu me empenhasse totalmente, nunca seria suficientemente bom pra você.
Me deitei e Morte manteve seus braços entorno de mim, deitei sobre seu peito e aquilo me remeteu a quando eu deitava sobre o peito de Dastan, seus coração me embalava e nossas respirações se sincronizavam.
- Eu quero muito ficar com você Luna, mas eu quero que espere até a batalha entre Lua e Sol, depois da batalha podemos construir um futuro juntos, tenho que resolver algumas coisas antes disso, mas por enquanto eu vou estar aqui, do seu lado, cuidando de você.
Sua mão acariciou meu cabelo e eu olhei em direção de seus olhos claros, ele abriu um sorriso.
- Você não vai me deixar?
- Nunca. Ele disse e beijou a ponta do meu nariz.
Nós estávamos abraçados, em silêncio, o mundo parecia um pouco melhor agora.
- Eu amo você. Morte falou como se pensasse em voz alta e devia ser isso porque ele soltou um sorriso constrangido.
Ficamos ali como se o mundo tivesse parado, como se naquele abraço eu estivesse a salvo de tudo que tentava me atingir.
Algo queimou dentro do meu peito e sua voz ecoou na minha mente.
"-Diga a ele, diga ele que o ama."
Ela parecia mais forte do que nunca, só suas palavras pareciam ter efeito em mim.
Ela me forçou para dentro da minha mente enquanto ela tomava conta do meu corpo.
Havia pouca luz no quarto, somente a luz vinda da lua e de um abajur do lado de Morte, ela então olhou para ele seus lábios se aproximando rapidamente dos de Morte, ele não recuou.
Eu podia sentir e ouvir os pensamentos dela, ele era como um troféu para ela, o desejo que ela sentia por ele me inundou.
Seus lábios se encontraram com delicadeza, eles se beijavam lentamente e apaixonadamente.
Morte se afastou devagar e olhou com a pouca luz para os olhos dela.
- Você de novo. Ele disse se levantando da cama.
- Você não reclamou enquanto nos beijamos. Ela levantou da cama e foi em sua direção.
Morte ficou encostado na porta enquanto ela caminhava até ele.
- Eu não sabia que era você.
- E agora que sabe vai fazer o quê?
- Vou trazer a Luna de volta.
- Pobre Luna, ela está tão fraca e vulnerável que é tão fácil voltar a dominar ela. Disse ela com uma voz forçada, ela chegou até Morte que estava entre ela e a porta.
- Eu vou te machucar. Disse ele hesitante.
- E machucar sua linda garota? Por que querer ela, se tem a mim aqui? Ela não ama você, mas eu amo, a como eu te amo.
Ela tentou beijar Morte que passou por ela andando pelo quarto.
- Mas eu não amo você.
- Mas pode me amar, eu sou melhor que ela, sou mais forte do que ela.
- Não importa o quão forte você é, eu quero a Luna e não o lado sombrio dela.
- Não, eu sou o melhor lado dela e pra você vai ser muito melhor que se acostume com isso porque eu vou ficar por um bom tempo.
Ela caminhou até a poltrona e cruzou as pernas ainda encarando Morte.
Ela estava tão forte, estava sendo tão difícil conseguir escutar meus próprios pensamentos, já que os dele ecoavam na minha cabeça.
- Deixe Luna em paz.
- Mas por quê? Estou me divertindo tanto com você.
- Você não é ela e nunca vai ser.
- Quem disse que eu queria ser ela, logo não existirá mais ela, quanto mais tempo eu ficar aqui, mas isso fraca ela vai ficar.
Morte se aproximou segurando ela pela blusa.
- Ah, não faça assim se não eu me apaixono. Gritou ela sarcástica.
- Calada, eu vou trazer ela de volta.
- Acha mesmo que dessa vez a dor vai me impedir, eu estou mais forte do que nunca, pode tentar, mas não vai conseguir.
- Cam. Gritou Morte segurando agora pelos ombros contra a parede.
- Se tentar qualquer coisa eu faço nós duas sumir e você nunca mais vai ter a sua Luna, linda e boazinha. Cinicamente as palavras saíram da boca.
Ouvi barulho da porta abrindo e ela olhou para direção do som onde Cam estava segurando uma maleta preta.
- Me Solte. Gritava ela.
Cam se aproximou e Morte com um mão abriu a maleta revelando 10 seringas com um líquido transparente e espesso, ele apanhou uma das seringas já com a agulha.
- Não vai adiantar. Gritava ela.
Morte então aplicou a injeção no meu pescoço, senti a dor assim como ela.
- Acha que esses sedativos vão funcionar? Gritou ela rindo sem que pudesse parecer algum sinal que o sedativo tivesse funcionado.
- Um não, mas quem sabe dois? Indagou Morte já aplicando outra injeção.
Dessa vez pude sentir que nós duas estávamos ficando mais fracas, as pernas começaram a tremer, Morte com seus braços envolveu nosso corpo antes que ele tivesse contato com o chão.
Ela estava sonolenta assim como eu era difícil pensar em algo, tudo parecia coberto por uma névoa, minha cabeça caiu sobre o ombro de Morte que me levou até a cama, ainda no fundo da minha mente tentei lutar para ficar no comando, mas ela ainda sonolenta lutava contra mim.
Tudo foi ficando mais difícil até que o exaustão me tomou por completo, ainda no fundo da minha própria mente, vislumbrei os olhos de Morte...

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolOnde as histórias ganham vida. Descobre agora