capítulo 23

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Ele estava com um belo sorriso em seu rosto.
Segurava minha mão.
- Eu já disse que te amo?
- Não nesse minuto.
Ele sorriu
- Eu te amo minha Luna.
- Eu também te amo Dastan.
Ele beijou minha testa.
Acariciava com o dedão as costas da minha mão e olhava no fundo de meus olhos.
Estávamos sentados em um jardim ele arrancou uma linda rosa branca e me entregou.
- Eu posso te fazer uma pergunta Dastan?
- Claro que pode meu amor.
Ele acariciou meu rosto.
Olhei para minha mão a aliança brilhava com a luz do belo sol que iluminava aquela linda tarde.
Coloquei a mão na cabeça e senti a coroa.
- Isso é um sonho? Ele olhava pra mim.
- Não é um sonho Luna.
- Prove.
Ele tomou meu rosto em suas mãos e se aproximou tocando de leve seus lábios contra os meus.
Ele me beijou com mais intensidade segurando firme meu rosto.
Coloquei as mãos sobre seu pescoço.
Ele se afastou devagar com um olhar que me causou calafrios.
- Isso não é um sonho, isso é um pesadelo.
Abriu seus braços a marca de queimadura de seu pescoço surgiu e fogo começou a subir por seu corpo.
Eu estava imóvel ele não gritava somente dava altas e assustadoras gargalhadas.
Seus corpo estava completamente tomado pelo fogo.
Suas cinzas se espalharam no vento.

[...]

- Ahhhhhhhh. Gritei
- Luna? Você está bem?
- Estou. Aquilo tinha me abalado ver Dastan queimando vivo.
Meu corpo estremeceu ao lembrar do que tinha visto.

Eu estava suando frio e com as mãos totalmente agarradas no colchão.
Soltei e passei as mãos pelos cabelos.
Gadriel me observava.
- Se sente bem?
- Acho que não. Corri em direção ao banheiro vomitando tudo o que tinha no estômago.
- Luna?
- Estou bem, me dê um minuto.
Aquilo havia me deixado enjoada, ver aquilo acontecer foi perturbador.
Esfreguei os olhos, lavei o rosto e escovei os dentes.
- Você está branca como a neve que caí lá fora, precisa comer algo.
Fui até a cozinha e peguei uma maçã e coloquei um pedaço de carne em um prato.
- Agora que posso falar com você tenho que te dizer isso que me dá é muito nojento, o sangue está frio e  misturado com água , sei que é difícil para você matar animais, mas essa é minha natureza e não isso.
Ele empurrou o prato.
- Preciso caçar.
- Vá, só não traga nada para cá.
- Pode deixar, volto em uma ou duas horas, estou com muita fome.
- Tudo bem.
Dos meus pensamentos Dastan não saía queria saber se ele estava bem e se aquilo que tinha visto não tinha passado mesmo de um pesadelo.
Queria ver ele, mas ao mesmo tempo a cena de seus lábios nos de Dalila ainda me deixava com o sangue fervendo, não tinha uma explicação para o que tinha feito.
Já me esquecerá? Havia enfim desistido de mim? Eu tinha dado fim a tudo o que havíamos vivido, mas ainda o amava, sentia sua falta, queria me manter afastada, mas era como se algo nele se prendesse a mim.
Era como se uma parte de mim tivesse ficado comigo.
Queria esquecê lo, mas isso seria como me esquecer.
O preço por meu poder era mais alto do que eu já tinha imaginado e a punição por crimes que não cometi era paga com a impossibilidade de ter Dastan ou outro alguém ao meu lado.
Mas nada disso importava, pelo menos ao lado dela não sofrerá, não correrá riscos como ele teria se eu estivesse permanecido ao seu lado, dos males o menor.
Parte de mim não o perdoava não só pelo beijo, mas por ser ela, aquela que um dia tentou me matar.
Outra parte queria voltar para o castelo, voltar para seus braços, voltar para uma vida ao seu lado.
E a última parte queria esquecer que um dia algo entre nós havia acontecido, esquecer do seu rosto, dos seus beijos, apenas esquecer que ele entrou em minha vida.
Lágrimas brotavam de meus olhos.
A dor seria demais para aguentar ver seu rosto traria todos os sentimentos que queria que sumissem voltassem a toa, mas tinha que saber se ele estava bem.
Como faria isso?
- Cam

[...]

Fechei meus olhos imaginei seu rosto, imagens apareceram em minha frente se misturando com as imagens da cabana.
Ele estava em pé olhando para a janela.
Em sua cômoda uma camiseta antiga que sempre eu usava quando íamos para a praia e ao seu lado uma foto de nós dois quando crianças.
Eu o abraçava, a foto tinha sido tirada dois anos depois de minha chegada em uma casa no campo, eu vestia um vestido rosa e ele com uma camisa branca e uma bermuda verde, em seu rosto estava estampado um sorriso e na ponta de seu nariz uma mancha de chocolate o cenário um lindo campo onde havíamos explorados juntos durante dias.
Ergui um pouco a mão e a foto caiu no chão, ele olhou para a foto e a recolheu do chão.
- Luna? Aonde você está?
Ele olhava para os lados.
Olhou para a foto e a colocou na cômoda novamente.
Eu estava invisível para ele.
Fui até a janela e deixei o vidro embaçado.
-"Oi."
Meus dedos fizeram um barulho quando passei pelo espelho ele olhou.
- Luna é você?
Ele correu até o espelho.
Escrevi no espelho. 
-"Sou eu"
- Me diga aonde está eu vou te buscar.
- " Não vou te dizer aonde estou" Escrevi
- Então me diga que está bem.
- "Estou bem"
- " Como vocês estão? "  Escrevi
- Estamos sentindo sua falta, volte.
- " Não, como Dastan está? "
Ele está bem.
- " Tenho que partir novamente " Escrevi
- Não vá.
Seu olhos marejados.
- " Tenho que ir"
- Me leve com você.
- " Não posso te machucar"
- Você não vai.
- " Não insista, me desculpe, mas essa é a última vez que nos falamos.
- Luna não.
- " Eu te amo irmão "
- Me deixe então te ver pela última vez e só isso que te peço. Ele disse e uma lágrima escorreu por seu rosto.
Seria a última vez.
Surgi em sua frente.
Ele me abraçou me segurando junto ao seu corpo, me envolvendo em seus braços.
- Me desculpe Cam, por tudo, por ter que deixar Bob e Helena, por transformar sua vida em um caos total e agora me desculpe por te deixar.
- Não me deixe Luna.
- É tudo o que posso fazer, fui fraca não pude controlar meus poderes e agora vou pagar por isso.
- Não diga isso. Ele disse ainda me envolvendo em seu braços.
- Vim até aqui por que achei que algo havia acontecido com Dastan, tive um pesadelo.
- Ele está bem nada aconteceu com ele.
- Cam. Era a voz de Dastan que havia entrado no quarto.
- Luna?
Agi antes que pudesse chegar perto de mim, deixei o conforto que os braços de Cam haviam me dado.
Colidi com o chão.
Fiquei deitada olhando para o teto ainda recuperando a respiração.
Ver ele havia doido mais do que tinha imaginado.

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolOnde as histórias ganham vida. Descobre agora