capítulo 62

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Algo perturbava minha alma, inquietação tomava meu corpo e sua voz penetrava fundo em minha mente.
Havia uma ferida aberta dentro de meu peito, uma dor constante, um lembrete dos piores momentos vividos por mim.
Eu só queria chorar, queria que por meio de minhas lágrimas derramadas minhas tristezas e mágoas saíssem.

[...]

Abri meus olhos, mas eu estava em um lugar muito escuro, não podia ver nada a minha frente.
Tropecei em algo no chão e acabei caindo.
O chão era irregular, pelo tato pude sentir que era de madeira, me apoiei no chão me elevando.
Abri minha mão e uma bola de fogo surgiu em minha palma, havia algo mais naquela escuridão, um rosto, não só um, haviam mais.
Eles vinham em minha direção, rápidos, seus rostos eram desfigurados, mas suas expressões eram de fúria. Eles estavam de todos os lados.
Minha respiração acelerou, o coração batia forte contra meu peito.
Eu tinha que sair dali.
Vasculhei por toda a sala, me deparando com uma pequena abertura com uma fresta de luz, eles me cercavam se aproximando de mim, algo passou por minha perna, uma mão fria, ele deixou algo pegajoso em minha panturilha.
Joguei a bola de fogo tirando do meu caminho, aqueles que estavam na frente da abertura, corri até ela me atirando contra a parede, nada aconteceu.
Iluminei a sala com outra bola de fogo, não tinha outra saída, eles estavam muito próximos.
Chutei com violência a parede, mas ela não se moveu.
Deixando apenas a escuridão, coloquei as mãos sobre a parede, a deixando com tons vivos de laranja e no segundo seguinte a tornando cinzas, corri sem olhar para trás, a minha frente a luz do quente do sol, mas atrás de mim... Nada.
O que aconteceu? Aquilo foi um sonho?
Parei e olhei ao meu redor, mas tudo mudou, a luz do sol havia sumido e em seu lugar um brilho branco da lua iluminou a minha frente.
Havia um caminho te pedras, todas no formato de quadrado mas de tamanhos diferentes, eram brancas.
Era uma colina, os dois lados eram rochedos com tamanha proporção que faziam o sangue gelar dentro das veias.
Coloquei meus pés sobre as pedras e tudo atrás de mim desabou, corri e a cada novo passo o caminho de pedras atrás de mim sumia em um desabamento para a escuridão, meu coração com batidas aceleradas, meu peito doía pela rápida respiração.
A minha frente o caminho de pedras começou a definhar, tudo agora sumia me deixando com poucas pedras abaixo dos pés.
Uma há uma as penas envolta de mim que formavam agora no ar um quadrado me impossibilitando de cair na escuridão começou a se desfazer.
Abaixo e ao meu lado tudo parecia um infinito céu escuro, a única luz era emitida pela lua, as estrelas se apagaram uma há uma, assim como as pedras abaixo de meus pés.
Me encolhi, três pedras com cerca de 40 centímetros sobraram, impedindo a queda para a escuridão.
Duas pedras restavam agora e logo em seguida uma, me equilibrei sobre aquela, tendo um vislumbre de tudo abaixo de mim, uma imensidão de escuridão.
Senti a pedra abaixo de mim vacilar e em fim cair assim como eu na total escuridão, meu corpo caía enquanto eu via a lua se afastando a cada segundo mais, se tornando um pequeno círculo de luz até que sumisse e assim eu me encontrasse em total escuridão.
A queda não durou muito depois disso, me choquei contra o que eu achava ser o chão a dor invadiu o meu corpo o baque fez meu corpo se contrair  e estremecer de dor.
Não via um palmo a minha frente, mais sentia um forte cheiro de putrificação, um cheiro de morte.
Um grito tão alto me destabilizou e fez estremecer, mas então vi que eu era quem gritava, mãos envolviam meu corpo, eram pegajosas, elas me jogaram contra o chão, as mesmas mãos prendiam meu corpo e sufocavam meu pescoço, me precionando.
Gritei outra vez, me debatia, mas as mãos eram firmes e fortes, eu quase não me movia.
De minhas mãos uma incandescente chama se formou, iluminando e revelando os mesmos rostos de antes desfigurados e ainda mais furiosos.
Eles não recuaram quando as chamas saíram de minhas mãos e percorreram seus corpos.
Algo se aproximou de mim.
- Queima silenciosamente, a alma chora e lamenta o fim eminente, seja dela, faça dela sua, liberte ela, liberte ela de sua tortura. Uma voz rouca e falha cantarolou em meu ouvido direito, a voz me causou calafrios, assim como aquelas palavras.
Mal percebera eu que já gritava apavorada, o fogo agora cercava todos aqueles monstros, mas eles mesmo pegando fogo continuavam a me segurar, eles pareciam não sentir nada, o fogo não lhes causava nada.
Todos então pararam, o fogo por todo seu corpo, uma fumaça negra saía de seus corpos, uma fumaça pesada como uma nuvem de escuridão, eles começavam a derreter perecendo ao fogo, a fumaça então invadiu o meu nariz me fazendo tossir, meu corpo estava livre, mas eu não conseguia me mover, todos aqueles rostos desfigurados e sombrios me encaravam. Seus lábios se contraíram e todos juntos cantaram o que aquele outro cantará antes.
- Queima silenciosamente, a alma chora lamentando o fim eminente, seja dela, faça dela sua, liberte ela, liberte ela de sua tortura. Todas as vozes se misturavam todas se transformando em um zumbido, a fumaça aumentou ainda mais, o ar pareceu mais pesado.
Eles caminharam até mim me cercando, um círculo envolta de mim, eles me olhavam de cima, o ar ficou ainda mais pesado, gritei, mas o grito foi abafado por minha tosse, senti aquela fumaça se instalar em meus pulmões, estava ficando difícil respirar, tudo ficava turvo, a tosse piorava.
Meu corpo falhava os rostos agora estavam ainda mais distorcidos, como uma vela derretida, um há um iam eles se perecendo e a fumaça aumentando.
Sentia o forte calor de minha pele como uma forte febre.
O fim parecia próximo, meu corpo já estava imóvel, a escuridão tomara meus olhos, mas eu pude ouvir algo, no começo um leve sussurro irreconhecível, mas ele se tornou audível.
Aquela voz, o dono daquela voz.
- ... Luna, eu sei que não acredita em meu amor... mas hoje como prova final vou mostrar que ele é real dando minha vida para proteger a sua.
Dastan.
Por quê ele precisava me dar sua vida? O que estava acontecendo?
Senti as batidas de meu coração diminuindo.
- Me desculpe por tudo o que fiz... Eu vou lutar por quanto tempo me restar.
Algo frio tocou minha pele.
Não havia mais tempo, meus olhos vislumbraram a nuvem de fumaça acima de mim e os últimos vestígios dos monstros agora que não passavam de um resto de gosma sendo queimada.
Senti o último sopro de vida sair de meus pulmões.
"Não morra por mim Dastan!"
O que me sobrava agora?
A dor, escuridão e o sil...

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolOnde as histórias ganham vida. Descobre agora