capítulo 61: Dastan

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Luna tem passado a maior parte do tempo trancada em seu quarto, já se passaram dias desde que trouxemos Gadriel, algo estranho aconteceu com Luna, algo que me incomodava toda vez que olhava para ela, ela mal comia, passava noites em claro, sabia disso pois escutava seus passos e ouvia os pedidos de Gadriel para que ela dormisse, a melhora de Gadriel estava sendo rápida, ele tinha alguns cortes, havia perdido muito sangue e por essa razão ele estava tão fraco, Luna cuidou dele, mas agora ele cuidava dela.
Minhas milhares de tentativas de falar com ela era em vão, ela fechava a porta ou ignorava o que eu dizia assim como ela fazia com os outros, Morte foi um deles, ele vinha toda noite tentar falar com ela e depois de perceber e ser expulso tantas vezes apenas vinha saber como ela estava.
Cam e eu entramos em um revezamento, de manhã ele fica de prontidão na frente da porta de Luna enquanto eu tento dormir e durante a tarde e à noite eu fico em frente ao quarto.
As poucas notícias sobre Luna vinham de Gadriel que sempre dizia que ela estava piorando, que ela sempre estava em silêncio, que em certos momentos se trancava no banheiro e lá permanecia por horas, ele também notou que mesmo quando havia sol e forte calor Luna permanecia com os braços encobertos como se escondesse algo.
Ela abria a porta algumas vezes e em uma dessas vezes pude ver como ela estava pálida.
Gadriel estava preocupado ele me confirmou que realmente ela não estava comendo e dormia pouco tempo e que quando isso acontecia ela acordava com as mãos tremendo e completamente assustada.
Ela não estava bem, mas o que eu podia fazer?

[...]

Já se passava da meia noite, Gadriel abriu a porta do quarto.
- Ela está bem? Indaguei ansioso quando ele saiu porta fora.
- Ela está dormindo, já faz algum tempo. Disse Gadriel com a voz alarmante.
- Ela quis comer alguma coisa? Já sabia a resposta, mas mesmo assim quis perguntar.
Gadriel balançou a cabeça negativamente.
Como se o fato de ela enfim querer comer mudasse algo.
- Não sei mais o que fazer Dastan, ela passou duas horas no banheiro, ouvi seu choro, ela não está nada bem, perdeu muito peso.
Passei a mão pelo cabelo e encarei Gadriel.
- Vai sair pra caçar? Indaguei ainda o olhando, ele estava visivelmente preocupado.
- Vou procurar algo na ilha, não quero demorar, ela precisa de mim.
- Não se preocupe eu cuido dela até você voltar.
- Dastan, eu entendo vocês esconderem tudo de Luna, só queriam proteger ela, mas acabaram afastando e perdendo ela.
Nós ainda não tínhamos tocado nesse assunto, mas não me saía da cabeça tudo o que havia acontecido, aquilo me corroia por dentro.
- Tudo foi minha idéia apenas queria que ela estivesse segura, a verdade pode muitas vezes doer...
- Mas a mentira descoberta pode sempre matar. Gadriel disse as palavras que atingiram por dentro de minha alma.
Ele já tinha partido.
Me sentei no chão colocando a cabeça nos joelhos.
Ela precisava de mim, mas perdi sua confiança e acabei perdendo acima de tudo ela.
Como pude ser tão tolo?
Tudo que havia feito para Luna nunca foi para o seu bem, magoava com minhas atitudes, a feria com as palavras e despedaçava sempre seu coração, nada disso foi para seu bem era como se eu sempre estive a torturando, dava a ela amor e em seguida uma facada em seu coração, a trazia para perto e depois a mandava pra longe.
Ela ainda sabia que eu a amava? Ela ainda acreditava nesse amor? Ela ainda daria uma chance para esse amor? Ela ainda me amava? Ela ainda era a mesma Luna? Ela ainda tinha como lutar?
Meus pensamentos e perguntas foram interrompidos pelo um barulho no quarto de Luna.
Senti um forte cheiro de fumaça.
Me levantei e corri para dentro de seu quarto a tempo de ouvir um grito tão profundo que me destabilizou, havia fogo se espalhando pelo quarto, ele formava um meio círculo entorno da cama de Luna.
Tentei controlar aquele fogo, mas era impossível o fogo parecia agir com força total, era como se ele lutasse contra a minha dominação e ele ganhava essa luta se espalhando rapidamente.
Havia barulho dos móveis queimando e de coisas caindo.
A fumaça estava espessa e escura, Luna continuava a dormir, mas suas mãos cravadas no lençol coberto por fogo, ela se contorcia na cama e gritava descontroladamente.
Tirei o casaco e o bati contra o fogo tentando o apagar e abrir um caminho até Luna, mas era em vão o fogo só aumentava a cada tentativa de o apagar.
- Luna? Gritei, mas sem sucesso, pois ela nem se moveu.
A fumaça piorou a medida que o fogo se espalhou, comecei a tossir.
Luna continuava a gritar, ela parecia sofrer.
Enormes labaredas se espalhavam de um lado ao outro.
O fogo estava muito próximo de Luna, a porta do banheiro já estava completamente bloqueado pelo fogo assim como todo o quarto tinha sido dominado.
Enormes paredes de fogo se formaram, a porta por onde entrará já havia sido bloqueada.
Luna já não estava mais visível e o fogo me cercava.
O ar era agora só fumaça, meu pulmão já falhava a respiração era difícil e a tosse quase constante.
Ouvi o grito abafado e a tosse em seguida, eu não podia deixar Luna sozinha daquela maneira.
Sem pensar no que aquilo faria atravessei por uma parede de fogo e por outra em seguida.
Os gritos de Luna diminuíram até que cessaram, a preocupação tomou meu corpo e uma enorme força me impulsionou para frente passando pelo caminho até a cama de Luna, o caminho pareceu muito longo.
O fogo tomou uma enorme altura e até o teto da torre havia uma nuvem de fumaça negra.
Avistei em meio ao fogo a cama queimada e destruída e sobre ela Luna indefesa e desacordada, sua feição era de dor e sofrimento.
A tosse só piorava.
O ar estava ainda mais pesado, Luna estava imóvel, suor escorria por seu corpo, corri até ela e a peguei em meus braços, seu corpo estava quente, como se ela estivesse com uma febre de quarenta graus.
Me encoli no que restava da cama com ela envolta em meus braços, mexi em seu cabelo e olhei para seu rosto.
- Acorde Luna, eu sei que não acredita em meu amor... Mas hoje como prova final vou mostrar que ele é real dando minha vida para proteger a sua...
Era difícil respirar e falar ainda pior, mas tinha que dizer isso antes que partisse.
- Me desculpa por tudo que fiz... Eu vou lutar por quanto tempo me restar.
Lágrimas escorreram por meu rosto caindo sobre o dela tossi.
Minha visão ficou turva, mas pude ver o fogo se aproximando.
A apertei ainda mais em meu braços, tossindo e a puxando para o mais perto que pude e o mais longe do fogo.
Eu não tinha mais tempo, não me restava mais vida, mas havia alguém que podia salvar Luna, alguém imortal.
- ... Minha voz não saia, olhei para seu rosto e beijei sua testa devagar.
Todos os momentos com Luna passaram em frente dos meus olhos os sorrisos de Luna, os beijos, as promessas, as palavras de amor, me apeguei a todos esses momentos e eles me deram forças.
- Morte, ela precisa de você, eu preciso de vo...

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolWhere stories live. Discover now