Capítulo 62

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Meses depois.

Seattle. — 14:45 PM.

Nada de fantástico e surpreendente aconteceu nesses últimos meses. Eu ainda continuava estudando feito louca, Micael conseguiu acabar com os processos contra o hospital, comprou um terreno à mãe da menina, em Phoenix, dois meses após a conversa com ela. Lua voltou ao Brasil mas estava de mudança novamente, queria voltar à Seattle em busca de Arthur, resolver algo pendente.

Mas... Em uma quinta-feira tudo mudou na família dos Borges. O choro fino e estridente ecoou na sala de cirurgia, logo após, no berçário. Marcel tinha nascido! Uma alegria à todos, principalmente à Rayana que estava boba com o nascimento do filho. Micael a ajudou no que pôde, enquanto ela ficava dois dias de observação, podendo ir pra casa quando tudo estivesse em perfeito estado.

Eu ainda não tinha visto Marcel pessoalmente, mas recebi algumas fotos de Rayana que fez questão de mandar em uma mensagem por e-mail, celebrando o nascimento do filho. Eu não ia tirar o pedestal dela, aquele momento era mágico! Mas espanar na minha cara já era abuso demais.

Muito abuso!

— VOVÓ TÔNIA! — Kate vibrou quando encarou a avó, que abriu a porta nos recebendo. Antônia tinha me mandado mensagens, pedindo que eu levasse Kate enquanto almoçávamos tranquilas.

Ela gostava da minha presença.

— Oi, meu amor! — Abraçou Kate. — Como você está? A vovó sentiu saudade! — Entramos. — Sophia, querida! Como foi de viagem?

— Foi ótima! Correu tudo bem. — Sorrimos. — Como estão as novidades por aqui? — Me sentei no sofá enquanto Kate corria até o quintal. Sua casinha de boneca estava posta lá fora. Ela já sabia onde ficava tudo!

— Ah, tudo na mesma. — Me encarou. — Acho que você já sabe que Marcel nasceu.

— Eu recebi fotos por e-mail. — Cerrei meus olhos. — Parece um pouco com Micael.

— Um pouco mesmo, acho que Kate parece mais. — Rimos cúmplices.

Encarei minhas unhas.

— Micael contou que eu estou fazendo faculdade? — Troquei de assunto, não queria falar de Rayana a tarde toda.

— Ele me disse por alto, estamos nos falando pouco. — Soltou. — Depois do acontecido, Rayana não deixa a gente em paz.

— Acontecido? — Franzi o cenho.

— Eu bati naquela bruta montes de calcinha! — Me choquei. Antônia mordeu os lábios, rindo em seguida.

— E a senhora não me contou isso? — Quis saber.

— Foi alguns meses atrás, ela me desafiou e eu bati. — Levantou os ombros, debochando. — Ela ficou fazendo cena como sempre, aquela menina não vale nada.

— Não vale mesmo, mas eu já consegui domar um pouco.

— Deve ser difícil pra você, Sophia! Eu sei, querida. — Suspirou. — Kate crescendo, Micael distante... É difícil administrar.

— É por isso que eu me foquei em continuar nos estudos, mesmo ele não querendo.

— Ele não tem que querer nada. — Achei graça. — Micael sempre foi cabeça dura em questão de mulher, igual ao pai dele. Mulherengo... Até demais!

— Micael tem irmãos fora da família? — Cerrei meus dentes.

Eu não queria fazer aquela pergunta mas escapou, eu era curiosa, desculpa!

— Deve ter. — Antônia encarou o chão. — Jorge sempre foi muito quieto em relação à isso, não estávamos indo bem. — Lembrou-se. — Depois que minha filha faleceu, as coisas ficaram bem piores.

— Eu sinto muito por isso. — Toquei sua mão, em tom terno. — Acredito que quando isso passar, vamos ficar bem próximas. — Sorrimos.

Antônia me olhava com um olhar... Curioso e engraçado.

— Eu estava pensando. — Sorriu.

— Em que? — Sorri de volta.

— Para de ser boba, faça outro filho! — Levantou-se indo até a pequena adega que havia no canto da sala. Abriu o uísque despejando no copo.

— Como é? — Achei graça.

— Faça outro filho com Micael, dê as caras. Só assim a Rayana pode largar dele. Você será feliz, sem problemas. — Virou o copo com tudo.

Me surpreendi.

— Outro filho agora seria como um tiro na cabeça, fora que Micael me mataria. — Pensei rápido.

— Ele não mataria não. — Antônia negou. — Ele já conversou comigo sobre isso, disse que anda tentando mas você é o problema. — Pausou. — Tire esse DIU, ele não presta.

— Eu não estou pronta pra isso. — Respirei fundo. — Acho que é loucura sabe... Um filho agora! Ele acabou de ter outro, com outra mulher, e tem a Kate que mal vê ele. — Suspirei. — Se fôssemos casados e sem esses problemas, eu não pensaria duas vezes. — Sorri, imaginando. — Acho que eu ficaria grávida de resguardo em resguardo.

— Fazer filho é uma delícia, é por isso que eu tive três. — Rimos.

Eu responderia Antônia dizendo que ter filhos era uma maravilha, se não fosse escutar um barulho e logo após Kate berrar no quintal, com seu choro alto. Corri até o quintal vendo a mesma caída, colocava as mãos na perna, rolando no gramado.

— KATE, O QUE ACONTECEU? — Agachei até a mesma, nervosa. Tentei tocar sua perna mas a mesma não deixou.

— EU CAÍ, EU CAÍ! — Soluçava em choro, eu estava ficando mais nervosa ainda.

— Onde você caiu, amor? Conta pra vovó? — Antônia tinha o celular nas mãos, discando um número.

DOENDO MUITO, MAMÃE! — Voltou a chorar, tentei abraçá-la mas ela não deixou. Estava imobilizada.

— Eu chamei a ambulância. — Antônia me avisou. — Vamos levar ao hospital.

— Não comunique o Micael, ele...

— Precisa comunicar sim! Ele é o pai da Kate, ele precisa arcar com todas as consequências. — Antônia disse firme após me ajudar com Kate.

Enquanto corríamos com Kate, Micael estava tranquilo em casa. Deitado em sua cama vendo Rayana ninar Marcel, que tinha acabado de dormir. Ele era bem tranquilo por sinal.

— Acho que ele puxou o seu nariz, você não acha? — Disse boba, estava babando no filho que mal acabou de nascer.

— Ele tem um pouco dos dois. — Sorriu leve. — É tão pequeno e frágil!

— Ele é sim. O meu garoto! O meu bebê! — Cheirou Marcel.

— Não faça isso, ele vai acordar.

— Claro que não! Ele mamou agora pouco, deve estar sonhando à beça.

Micael negou com a cabeça, rindo leve. Sentiu seu IPhone vibrar na cabeceira da cama, tateou até pegar.

Estranhou ao ver meu número no identificador de chamada. Levantou-se.

— Quem é? — Rayana perguntou, curiosa.

— Do hospital. Vou ver o que querem. — Mentiu. Desceu às escadas indo até à cozinha. — Sophia?

Desculpa te ligar, eu estou aqui no hospital! No seu hospital!

— O que aconteceu? — Se desesperou.

— A Kate caiu, machucou a perna. Eu não sei o que fazer, sua mãe disse pra mim te ligar. — Senti dor de cabeça, eu estava exausta! — Me ajuda!

— Chego aí em cinco minutos! — Desligou a ligação, saindo às pressas.

Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon