Capítulo 76

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— Rayana? É, sou eu! Você pode vir no hospital daqui à... — Encarou a tela do IMac. — Dez minutos? — Pausou. — Tudo bem! Até mais. — Colocou o telefone de volta à base.

— E então? — Mel tinha as mãos no rosto, incrédula.

— E então que vamos começar o processo da quimioterapia. — Respirou fundo, sentiu um arrepio na espinha. — Eu não sabia que ela tinha casos de câncer na família.

— O câncer progrediu. — Explicou. — Qual será a reação dela?

— As piores. Não é todo dia que a gente recebe uma notícia dessa. — Pensou.

Escutou batidas na porta.

— Entra!

— Doutor Borges? — A recepcionista um pouco velha entrou, tinha a prancheta nas mãos. — Sophia Abrahão está aí.

— Por que não mandou ela subir? — Levantou-se de sua cadeira confortável, caminhando até a porta. — Mel, você espera aí? — A morena assentiu. — Volto já!

Micael acompanhou a recepcionista até o térreo, estava de costas lendo um panfleto com todas as informações e conquistas do hospital. Micael chegou mais perto, tocando minha mão.

— Por que não subiu?

— Queria falar com você rapidinho. — Sorri leve. — Estou indo embora, pedi um táxi até Portland.

— Por que não me disse? Eu iria te levar! — Disse um pouco sem paciência. — Desculpa. Desculpa! Desculpa! — Colocou as mãos no rosto.

— O que houve? — Franzi meu cenho. — Aconteceu alguma coisa?

Micael encarou os lados, não queria falar em público. Anunciar uma notícia ruim dos Borges seria difamação total.

Mas ninguém tinha culpa por isso.

— Rayana está com câncer. — Disse calmo e baixo. — Li o exame dela hoje, eu não sei o que fazer.

Fiquei perplexa! Sabia que Rayana era uma péssima pessoa mas não desejava isso nem ao meu pior inimigo.

— Meu Deus, Micael! E agora? Ela já sabe?

— Eu chamei ela aqui, deve estar chegando. — Me encarou. — Eu não sei o que fazer, é como se eu estivesse com um coração na mão, fazendo um transplante de alto risco. — Desabafou. — Eu não sei o que fazer.

— Você não quer cuidar do caso dela?

— Lógico que eu quero! Tecnicamente ela é... A minha mulher. — Entristeceu. — Eu não vou deixar a mãe do meu filho morrer, ela também é uma paciente.

— Fez bem! — Toquei seu ombro. — Não gosto de te ver assim, me deixa triste.

— Todo mundo está atordoado com essa notícia. Inclusive eu. — Suspirou. — Vou ter que trabalhar bastante nessa, vou ligar pra minha equipe de Chicago. Vamos cuidar do caso de Rayana rapidamente.

— Ótimo! — Assenti e me aproximei de Micael, senti sua mão afastar meu abdômen, me fazendo voltar ao lugar.

Mas entendi quando Rayana passou pela porta automática. Estava elegante e parecia feliz, retirou o óculos escuro e parou na pequena rodinha que havíamos feito. Fiquei tensa!

— Sophia? Que bom te ver! — Me abraçou. — O que anda fazendo por aqui?

— Eu tive consulta com a minha ginecologista. — Sorri falsa. — Você sabe...

— Não me diga que está grávida de novo? — Tocou meu braço. — É brincadeira! — Gargalhou.

Eu e Micael ficamos em transe, aposto que se alguém nos tocássemos iria sentir a frieza do nervosismo.

— Não, não, nada disso. — Assim espero. — Eu estou bem tranquila agora, Kate está grande, não quero voltar tudo de novo.

Nem me fale, Marcel está me dando um trabalho! Crianças choram o tempo todo, fora que, minha mãe voltou pra Nova Iorque. Ela estava me ajudando bastante. — Rayana estava falante, não parecia aquela praga do colegial. — Não vejo a hora dele fazer um ano.

— Quando você piscar, ele já vai ter sete. — Soltei em transe, pensando em Kate. — Quando é pequeno, é a melhor fase. Depois... Vai querer um gato chamando Gilbert.

Micael riu, encaramos ele.

— Crianças... — Disfarçou. — Foi um prazer revê-la, Sophia.

— Idem. — Sorri à Rayana. — Vamos combinar de fazer alguma coisa, quem sabe, ir até em Portland.

— Você está morando em Portland agora? — Rayana franziu o cenho. — Me diga...

— Rayana, precisamos ir! Sophia está atrasada pra outros afazeres. — Assentiu. — Vamos? — Chamou a esposa que foi, depois de se despedir-se de mim.

Entraram no elevador e foram até a sala de Micael, Mal ainda estava lá revisando alguns exames. Endireitou-se quando Rayana entrou, sentando em seu lugar.

— Olá, Mel!

— Tudo bem, Rayana? Vou deixá-los à sós. — Assentiu e saiu, fechou a porta deixando o casal mais confortável.

É claro que não ficaria nada confortável.

— Então? O que você quer falar comigo?

— Vou ser direto e te explicar tudo. — Puxou a cadeira na frente de Rayana, sentando em frente à mesma. Tinha o exame dela nas mãos. — Eu abri o seu exame hoje e descobri que você está com leucemia. — Pausou. — O famoso câncer no sangue.

Rayana paralisou durante dois segundos, o mundo havia parado à ela. Estava doente! E com uma doença grave.

— Não. — Negou com a cabeça. — Não, não...

— Rayana, nós vamos fazer...

— NÃO, NÃO. — Levantou, desesperada. — Eu não posso estar doente, eu não posso!

— Nós vamos ajudar você com todo o processo.

— Eu não quero morrer, Micael! Eu não quero morrer. — Abaixou a cabeça, chorando. Aquilo foi triste para Micael. — Eu não posso morrer, quem vai cuidar do nosso filho? Eu tenho uma vida inteira pela frente ainda.

— Será que dá pra você me escutar? — Pausou. — Vamos começar o processo hoje mesmo, a quimioterapia é forte e assim dá pra termos um resultado excelente. Está no começo ainda! Tem cura! — Isso aliviou um pouco Rayana.

— Quimioterapia? — Chocou-se. — Meu cabelo Micael, meu cabelo!

— Cabelo cresce, é super normal. — Explicou. — Você prefere um cabelo comprido do que uma vida?

— Quando eu começo? Eu não quero morrer, eu preciso ligar pra minha mãe...

— Vamos começar quando você se acalmar e ficar por aqui. Não adianta esse desespero todo, eu sei que é complicado mas tratando direitinho... Você ficará bem, eu garanto! — Tocou a mão da esposa, passando um conforto.

— Eu espero que sim! — Secou suas lágrimas. — Meu Deus, é um pesadelo. — Estava atordoada. — Por que eu, meu Deus? Por que eu? — Se perguntava, desnorteada.

Micael não tinha mais o que dizer, estava apenas passando confiança e conforto à Rayana, que estava desacreditada com a notícia de sua doença.

— Vamos tirar você dessa e quero que seja forte em todas as sessões. Combinado?

— Sim. — Assentiu. — Combinado! — Apertou a mão do marido, desesperada.

O inferno começaria ali e eles mal esperavam.

Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada Where stories live. Discover now