Capítulo 46

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Alguns meses depois. 

Portland. — 11:45PM.

Muita coisa aconteceu durante esses meses, estava pensando nisso quando fechei a última caixa da minha mudança, havia me mudado pra Chicago depois que passei na universidade, e, foi uma novidade à mim, conseguir me descobrir bem longe de Seattle.

Kate não gostou muito da novidade mas se adaptou ao saber que Portland tinha os seus afins, estava gostando da cidade. Micael via ela em alguns finais de semana, estava se dividindo em dois viajando em tempos contra. Falávamos o básico, tudo sobre ela! Tudo bem que... Às vezes acabávamos na minha cama, suados, cansados, mas já tinham três finais de semana que isso não acontecia, eu estava me controlando.

Os Borges estavam ansiosos com a chegada do pequeno herdeiro, nomeado de Marcel. Rayana ficou eufórica com o chá de bebê, no mês passado, sua gestação estava rápida e logo o pequeno menino estariam entre eles. Kate não sabia da chegada do irmão, eu não quis contar, achei que estava cedo demais e ela entenderia tudo errado. Optamos pelo segredo, como sempre fazíamos.

Eu estava gostando de estudar em Portland, tinha um clima agradável de colegial, me lembrou dos tempos em que morávamos em Nova Iorque, senti falta de Lua! Estava cursando Advocacia, agradeci por Kate não ocupar meu tempo, me dando espaço pra mergulhar nos livros. Achei a Advocacia uma boa opção, já que eu tinha passado na categoria. Ainda não tinha muitos amigos, mas o básico já estava em conta. Era estranho estudar já tendo um filho, todos me achavam... Descolada por idade. Era isso que me chamavam.

— Kate? — A chamei enquanto guardava minha carta da universidade. Aquilo era algo premiado à mim. — O que está fazendo? — Entrei em seu quarto.

decorando a minha parede! — Disse concentrada. Estava colando fotos nossas, junto com Micael. — Ficou lindo, não é mamãe? — Arteira!

Não fazia semanas que estávamos morando no apartamento e eu teria que comprar tintas pra pintar, já que Kate fez questão de riscar tudo com canetinha.

— Eu gostaria de te doar, as vezes. — Brinquei. Me sentei em sua cama, um pouco cansada. — Está gostando daqui? — Toquei em seus cabelos.

— Aham. — Balançou a cabeça. — Quando o papai vai vir?

— Eu não sei, Kate. Ele não me ligou mais! — Fui sincera. — Deve estar trabalhando muito. — Ou cuidando do novo filho.

— O papai é chato, ele fica trabalhando e trabalhando. — Revirou os olhinhos. — Por que ele tem que trabalhar? — Colocou as mãozinhas na cintura, intrigada.

— Se o seu pai não trabalhasse, você não teria as coisas que tem. — Fui simples.

Na verdade ela ainda teria, eu tinha dado ao milionário de Seattle. A família Borges tinha nome, o  nome de Kate valia uma tonelada na cidade. Essa seria sortuda!

— Você sempre diz isso. — Entristeceu. — Eu queria que você morasse junto com ele. Por que ele não pode morar com a gente, mamãe?

— Porque não estamos mais juntos!

— E antes? Ele também não podia morar com a gente. — Pausou. — A vovó Toninha não deixa?

Ri leve! Kate chamava Antônia de Toninha, não sei de onde ela havia tirado mas era muito engraçado, eu ria horrores.

— Sua avó Antônia deixa sim. — Sorri leve. — Seu pai e eu nunca demos certo, por isso que estamos assim, longe. — Cerrei meus olhos. — Quando você crescer vai entender, muitas coisas. — Kate tinha os olhos atentos em mim.

Me abraçou, com sono. Peguei a mesma desarrumando sua cama, Kate deitou-se e caiu no sono, estava cansada de me ajudar com os restos da mudança. Liguei seu abajur e sai do quarto, encostando a porta.

Caminhei até a sala encarando o trabalho bem feito, a visão que eu tinha da varanda era incrível, uma porta totalmente de vidro que dava acesso à minha paz. Eu adorava observar a noite por ali, era tão relaxante! E foi naquela noite que tudo havia mudado, eu estava aprendendo o significado de ser independente, correndo atrás dos meus sonhos.

Eu estava muito feliz!

— Borges! — Mel lhe chamou, tinha uma prancheta nas mãos. — Onde você vai?

— Tomar uma no bar. — Debochou.

— Ridículo! — Tacou a prancheta em seu peito. — Emergência em dez minutos.

— Onde está o Ken?

— Está vendo os impostos. — Deu de ombros. — Não vou poder ficar na emergência hoje, tenho uma cirurgia daqui a pouco. — Olhou o relógio digital em seu pulso.

Micael revirou os olhos.

— Eu não posso ficar aqui até tarde, tenho que ir embora.

Pra ver a sua família clandestina?

— Não te interessa. — Pausou. — E não, eu não vou ver a minha família clandestina. — Disse baixo.

Escutaram o barulho do resgate, Micael correu até a emergência.

Ajudou o resgate a tirar uma maca, entrou na sala de emergência vendo os pacientes restantes. Buscou a prancheta vendo o nome grifado, andou até a maca 710.

— Então é você! — Sorriu à menininha de cabelos ondulados e louros. Na mesma idade de Kate, estava sonolenta pelo soro em sua veia, a mãe lhe acompanhava, chorando. — Qual foi o problema?

— A perna dela, ela estava brincando e... — Micael descobriu as pernas da garotinha, arregalou os olhos quando viu a barra de ferro atravessada em sua panturrilha.

Queria desistir da medicina ali.

— Meu Deus! — Disse baixo. — Como aconteceu isso? — Verificou os batimentos da garotinha, sentando ao seu lado.

— Ela estava brincando de correr e não vimos a barra, foi uma correria. — A mãe estava nervosa. — O senhor vai conseguir tirar? — Mordeu a ponta dos dedos.

— Vamos tirar! Eu vou levá-la ao centro cirúrgico. — Chamou os auxiliares que entraram logo após, levaram a maca onde a menina se encontrava. — Vai ficar tudo bem com a sua filha!

— Obrigada, muito obrigada. — Chorou bastante. Micael lhe acudiu, assentindo.

Acompanhou os auxiliares até o centro cirúrgico.

— Perna sangrando... Corte fundo? — A auxiliar lhe perguntou.

— Barra de ferro atravessada. A menina estava brincando. — Explicou. — Vamos retirar e verificar se todas as vacinas dela estão em dia. O perigo de tétano é bem maior! — Olhou a barra de ferro mais uma vez, franzindo o cenho.

Entraram no centro cirúrgico com as roupas especiais, Micael esperou que a anestesia fizesse efeito, começando os procedimentos.

— Que mãe irresponsável! — A segunda auxiliar soltou. Entregava o bisturi à Micael. — Coitada da menina, onde já se viu?

— Você diz isso porque não tem filhos. — Micael encarou a mesma com ódio. — Se tivesse iria saber.

— Falando em filhos... O seu está próximo!

— É! O meu está próximo. — Abriu a pele da panturrilha. — muito fundo! Eu preciso de ajuda aqui.

— A Mel está em outra cirurgia.

— Cacete! — Encarava o corte aberto. — Eu preciso ser rápido, ela perdendo muito sangue.

— Batimentos seguindo normais até agora. — O terceiro auxiliar avisou, observando a máquina. — A gente chama a Mel?

— CHAMA A PORRA DA MELANIE, AGORA! — Gritou, chamando a atenção de todos. — EU NÃO TENHO TODO O TEMPO DO MUNDO, PORRA. — Todos correram contra o tempo, saíram da sala indo atrás de Mel, que estava em outra cirurgia.

Micael tinha 5 horas pra salvar a perna daquela menina, só não sabia se iria conseguir.

Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada Where stories live. Discover now