Capítulo 90

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Uma semana depois.

— Pode ir! — Bati na traseira de alumínio do caminhão de mudança, metade de minhas coisas haviam ido para Seattle e já deveriam estar chegando lá.

Micael chegou, cinco minutos depois, parou a Range Rover na frente do condomínio. Segurei Kate pelos braços, ela correria até o carro do jeito que era sapeca.

— PAPAI! — Correu para os braços de Micael, que sorria. — Você demorou, poxa! — Fez uma careta.

— O papai estava ocupado, querida. — Beijou sua bochecha. — Tudo bem, amor? — Beijou meus lábios, rapidamente.

— Tudo sim! Acho que já foi tudo. — Me referi a mudança. — Estou oficialmente preparada para voltar.

— Que bom! Seattle espera por vocês. — Sorrimos. — E você, princesa? Está com saudade da vovó Tonha? — Perguntou à Kate que brincava com o bolso do jaleco de Micael. Ela ria leve.

— Eu estou, papai. Posso dormir na casa dela quando eu chegar lá? — Disse com a voz doce.

Micael me encarou de canto, sorrindo com malícia. Neguei com a cabeça, apenas rindo, um pouco sem graça.

— Ela vai adorar, meu amor. — Fiquei boquiaberta. — Sua mãe concorda, não é? — Me encarou, esperando por alguma resposta.

— É... Acho que você pode sim. — Sorri falsa. Não gostava de deixar Kate por aí, sabia que Antônia era avó mas... Era só mais um jeito de Micael me ter por perto.

Ou melhor dizendo: estar dentro de mim.

— Lua já foi embora? — Caminhamos até o carro, Micael arrumou Kate em sua cadeirinha.

— Ela não vai embora tão cedo. — Soltou. — Parece que ela vai morar com você, por alguns dias.

— Alguns dias? — Não gostei muito.

— É, alguns dias. Ela não pode voltar ao Brasil, lembra? Temos um plano em prática.

— Esse plano está muito idiota! — Esbravecei, me soltando.

Micael fechou a porta deixando Kate dentro do carro, me observou com o cenho franzido.

— Por que idiota?

— Você acha mesmo que a gente vai levar a Rayana e Mel com esse papinho de plano idiota? — Cruzei meus braços. — Elas são inteligentes, uma hora todo mundo vai saber.

— Você quer desistir, é isso?

Fiquei em silêncio.

— Sabe o que eu acho melhor? Você honrar sua patente de homem e contar tudo à Rayana. Não temos nada a perder mesmo. — Dei de ombros.

É, eu estava ficando louca.

— Você bebeu, não foi? — Ria sarcástico. — de brincadeira comigo.

— Eu estou cansada, Micael. Eu não aguento mais isso! — Coloquei minhas mãos na cabeça. — Sua filha está crescendo, sabendo que o mundo não é lá essas coisas. Você tem outro filho mas não liga! Por quanto tempo vamos ter que empurrar essa história com a barriga?

— Beleza, você venceu! — Disse sem paciência. — Entre no carro e vamos até Seattle, de preferência, vamos contar tudo à Rayana. Quem sabe ela não mata a gente de uma vez. — Cerrou os dentes, debochado. — Você não pensa na menina, Sophia. Você só pensa em você, só pensa no seu nariz!

— Como é que é? — Estávamos discutindo.

— Você só quer saber da sua saúde mental, que não aguenta mais, que está cansada de ficar se escondendo. Que quer ter uma vida linda sem precisar passar por isso. Vive dizendo que se arrepende de ter tido a Kate, por conta dos seus estudos. — Estava perplexa. — Quem está cansado nessa porra sou eu, essa é a verdade! — Gesticulou.

— Vá em frente, Micael. Realize o seu sonho, o que você quer fazer? — Senti minha garganta dar um nó.

— Não vou nem te falar o que eu quero fazer. — Disse bravo, com sangue nos olhos.

Deu a volta pelo veículo, entrando em seu lugar. Me sentei no passageiro, passando o cinto de segurança. Não havia mais nada a ser pego no apartamento, já tinha devolvido a chave e estava pronta para voltar à Seattle.

Só que não cogitava em voltar brigada com Micael, tecnicamente.

A viagem toda foi em silêncio, Micael às vezes corria pela interestadual, me colocando um pouco de medo. Kate havia dormido na cadeirinha e deixamos que ela ficasse daquele jeito, até chegarmos.
Ele me irritou quando fez o caminho de sua casa com Rayana, parando em frente. Fiquei boquiaberta com sua audácia!

— Vá em frente! — Desligou a Range Rover. — Desça e fale com Rayana, seja feliz. — Sorriu falso.

— Eu não acredito que você fez. — Cerrei meus dentes e sussurrei, ele já sabia o nível da minha raiva. — Você não fez, Micael Borges! — Se fosse possível, eu tremeria de ódio.

Minhas lágrimas queriam sair.

— Você não queria isso? Vá em frente. Aproveite que ela está em casa, de repouso. Quem sabe ela vai aceitar essa história toda de bom agrado!

— Você quer me desafiar? Na frente da sua filha, tem certeza?

— Vai dar para trás? Sophia Abrahão! — Debochava com gosto, que ódio! — Não é mulher o suficiente para descer e contar à minha esposa que você dorme com o marido dela, durante cinco anos? — Me fuzilou com o olhar.

Neguei com a cabeça, destrancando o carro e descendo. Micael me seguiu.

— Onde você vai?

— Eu posso ser idiota mas aguentar essa humilhação? Jamais! — Tirei Kate da cadeirinha, que acordou. Ficou um pouco irritada.

— Para de onda, eu me equivoquei. — Tentou me parar. — Sophia!

— ME SOLTA! — Gritei. — Você é ridículo, Micael. Seu merda, eu quero que você me esqueça.

— Está gritando na frente dela.

— EU NÃO ESTOU NEM AÍ. — Kate começou a chorar. — É bom que ela veja quem é o pai que ela tem. — Minhas lágrimas caíram.

Comecei a caminhar com a mesma no colo, seguindo em frente. Micael nos seguiu, aumentando os passos.

— Para de agir como uma adolescente mimada.

— Quem é mimado aqui é você! — Bufei. — Eu não quero que venha atrás de mim.

— PARA COM ISSO! — Gritou.

Kate chorava mais ainda, meus ouvidos doeram já que ela fazia seu show coladinha em minha cabeça.

— Sophia? Quer parar? Eu vou ser obrigado à...

— Obrigado à que? — Me virei, o encarando.

O olhar de Micael levantou quando avistou alguém, do gênero feminino. Estava caminhando com Marcel, no carrinho. Me virei também, vendo a figura de Rayana, sem entender nada.

— Sophia? O que faz aqui?

Eu também gostaria de saber, Rayana.

Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada Where stories live. Discover now