Capítulo 51

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Melanie e Ken decidiram dopar Micael, já que o mesmo estava exausto pelo ocorrido. Quando acordou teve uma grande surpresa, teria que contar à mãe da menina.

Ele não estava pronto!

Disse as palavras necessárias junto dos que estavam no centro cirúrgico, a mulher desabou-se de chorar, gritou, esperneou e disse a seguinte frase que derrotou Micael de vez:

— EU VOU PROCESSAR VOCÊ! EU VOU PROCESSAR O HOSPITAL! SEU ASSASSINO, ASSASSINO!

Mas todos nós sabíamos que ele não era. Já estava bem claro! Naquela tarde Antônia buscou Micael, como uma mãe busca seu filho na escola, mas antes, ligou para mim dizendo se não podia deixar Micael por alguns dias, em casa. Seria bom pra ele, relaxar e descansar a mente, até que a poeira abaixasse.

— Sabe... Isso me lembra as viagens que fazíamos. — Antônia sorriu enquanto dirigia seu Porsche na interestadual. A pista úmida pelo temporal recente, estava um clima agradável. — Lembra?

— Como não esquecer. — Micael disse baixo, triste. Deitou o banco do passageiro, estava acomodado feito uma criança. Encarava a paisagem.

— Vai ficar tudo bem.

— Não, mãe! Não vai ficar. — Estava ficando bravo novamente. — Você tem ideia do que aconteceu? — Ajeitou o capuz da blusa em sua cabeça, escondendo-se.

— Tenho, claro que eu tenho. — Respirou fundo. — Isso vai acontecer sempre, é um hospital. — Disse óbvia. — Quantas pessoas já morreram no seu hospital?

— Algumas.

— Exatamente! Isso é a lei da vida, Micael. A gente não pode mudar. — Dava um sermão ao filho. — Foi um fato trágico, você tentou até o último mas Deus fez desse jeito. — Apertou o volante.

Antônia gostava de citar fatos bíblicos, deixava Micael menos frustado.

— Então Deus quis levar ela? — Debochou.

— Você entendeu, Micael!

— Entendi sim. — Pausou. — Deveria ter me deixado com a outra, pelo menos não vou ser rejeitado.

— Para de ser assim. — Encarou rápido o filho. — Parece um adolescente de dezessete anos.

E estava parecendo mesmo.

— Quando chegar... Você me acorda. — Micael virou-se novamente, pegando no sono. Mais algumas horas até chegarem à Portland.

Estava arrumando tudo quando o interfone tocou, corri para atender. Kate estava na escola mas ia amar quando soubesse que o pai estava em casa, e ficaria alguns dias.

Dessa vez a campainha tocou, caminhei até a porta.

— Sophia, quanto tempo! — Antônia me abraçou. — Como você está, querida?

— Eu estou bem. — Sorri, levantando os ombros. — Oi. — Abracei Micael que contribuiu.

— Oi. — Deu meio sorriso.

Não estava bem, era fato!

— Vim deixar a sua encomenda. — Sentou-se no sofá. — Pegamos uma chuva terrível no caminho.

— Imagino. — Sentei em sua frente. — Aceita um café? Chá? Eu posso fazer!

— Não se preocupe, querida. Eu só vim deixar Micael, preciso fazer algumas coisas no centro de Portland. — Explicou. — Você vai ficar bem? — Encarou Micael que assentiu, estava cabisbaixo. — Ótimo! Onde está minha princesinha?

— Na escola. — Respondi, ainda sorrindo. — Vou buscar ela daqui à pouco.

— Diga que eu dei um beijo nela, e estou morrendo de saudade. — Levantou-se, segui a mesma até a porta. — Obrigada por fazer isso, ele precisa mesmo.

— Não precisa... Agradecer. — Pausei. — Ele ficará bem aqui, eu prometo.

— Certo! Espero que vocês fiquem bem... E juízo. — Sorriu antes de sair. — Até mais, Sophia! Fique bem.

— Até mais! — Fechei a porta quando Antônia entrou no elevador.

Micael ainda continuava sentado no sofá, mexia em sua mochila procurando por algo. Tive que tomar iniciativa.

— Ei! — Toquei sua mão. — Como você está?

— Péssimo. — Respirou fundo. — Minha mãe te contou tudo?

— Ela me disse sim. — Pausei. — Você não teve culpa! Tentou de tudo, todos sabem.

— A mãe dela quer processar o hospital. — Abaixou a cabeça. — Eu não posso deixar isso acontecer, tudo que eu conquistei indo pro lixo.

— Não fala assim. — O abracei, de lado. — Dizem que a pior dor é de uma mãe perder o filho. Nós sabemos que ela está sofrendo, por isso disse no calor da emoção. — Passei minha mão em suas costas.

— Eu realmente não sei o que será de mim. — Estava em transe. — Eu pedi pra minha mãe me levar em qualquer lugar, menos aqui. Eu não queria que você se preocupasse com a minha estadia.

— Eu não vou me preocupar. — Neguei com a cabeça. — Eu estou preocupada com você, não gosto de te ver triste. — Passei a mão em seus cabelos.

Ficamos em silêncio, olhando uns aos outros.

— Kate está na escola? — Mudou de assunto.

— Está sim! Ela vai adorar ver você. — Sorri.

— Eu estou com saudade dela. Espero que ela goste de mim, ficando aqui.

— Ela vai amar, você sabe o quanto ela te ama. Não sabe? — Ele assentiu e riu leve, fiz o mesmo.

— Como já dizia ela... Me ama de montão. — Rimos leve.

Consegui fazer Micael sorrir, pelo menos isso.

— Por que não toma um banho? Você parece derrotado!

— É, eu estou sim. Pegar estrada com a minha mãe não é nada fácil. — Brincou, levantou-se com sua mochila nos ombros.

— Você pareceu um adolescente passando pela porta, quando a mãe leva em acampamento. — Ri. — Eu deixei tudo arrumado, tem uma toalha no banheiro. É só você ir! — Sorri acolhedora.

Micael ficou mais próximo de mim, consegui sentir as nossas respirações, coladas.

— Obrigado por me deixar ficar, Soph.

— Não precisa agradecer. — Sorrimos. — Quero que se sinta à vontade.

— Eu vou ficar. — Esperava mesmo.

Estávamos entrando em consenso, duas pessoas que dividiriam o apartamento, sem ressentimentos. Ou talvez... É! Só os dias poderiam me dizer.

Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada Where stories live. Discover now