Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada

Capítulo 19

— Pensei que nunca mais iria voltar. — Lua entrou em casa, tinha Acsa nos braços que estava bem agasalhado. Fazia um pouco de frio em Seattle. — Como estão as coisas?

— Ótimas. — Peguei Acsa em meus braços. — Como você está grande! A cara do seu pai.

— Vá se foder. — Negou com a cabeça. — Eu iria ir até o Borges mas decidir ficar aqui com você.

— Ata. — Debochei. — Micael está bravo com você, acredite.

— Eu sei, eu adoro irritar ele. — Riu leve. — Onde está a pequena Kate?

— Ainda está dormindo. Um milagre! — Sentamos no sofá. — O que você tinha pra me contar?

Lua ficou em silêncio.

— Você sabe que eu sei de tudo, não sabe?

— Sim? — Não havia entendido muito.

— Sabe também que... Eu descobri uma coisa mas são pistas mínimas. — Cerrou os olhos, parecia cansada.

— Lua, conta logo! — Fiquei irritada. — É alguma coisa com o Micael?

— A Rayana está tentando um herdeiro. — Soltou.

Ficamos em silêncio, por uns cinco minutos. Engoli seco por conta da notícia que eu havia recebido.

— Isso é mentira. — Me levantei com Acsa. — Micael me diria, ele diz tudo o que acontece.

— Não vai acreditar em mim então? Tudo bem. — Rendeu as mãos. — Ela está tentando sim e virá em breve. — Voltou a dizer.

— Você não gosta mesmo do Micael, não é? — Cerrei os olhos. — Você sempre acha uma brecha pra que a gente brigue, impressionante!

— Brigar? Sophia! Pelo amor de Deus, cara. — Se alterou. — Ele é casado, você é amante dele, ainda acha que tem razão de alguma coisa? Eu quero abrir a sua cabeça mas parece que você está tão alienada na vida dele.

— Você nunca aceitou o fato disso acontecer. — Engoli seco. — Eu e Micael. Aposto que se ele não namorasse Rayana, isso aconteceria do mesmo jeito.

Lua estava irritada, eu tinha a deixado muito irritada!

— Sabe? Pode ser que sim. — Pausou. — Nada a ver você e o Borges. Estava na cara que ele queria só brincar com você mas acabou tendo um prejuízo maior.

Entreguei Acsa à Lua que ficou sem entender, fui até a porta de entrada abrindo, esperei que Lua saísse.

— Sai da minha casa. Desaparece! — Cerrei os dentes.

— Vai ser assim?

— Assado não rola, como você mesmo dizia. — Debochei. — Aproveita a espalha essas mentirinhas que você diz ao Micael, ele vai adorar saber que você está enchendo o meu saco!

Lua saiu com Acsa e foi embora. Ficava triste por brigar com ela mas achei extremamente necessário. Depois daquele dia, eu não decidi contar à Micael o que aconteceu, guardei pra mim. Afinal, ele já estava cheio de problemas.

Um mês depois.

— Borges? — Will entrou na sala, tinha um olhar curioso. — Telefone pra você.

— Transfere. — Encarou o amigo que assentiu, largou alguns papéis em cima da sua mesa. Estava em sua sala quando Will lhe chamou.

O bipe do telefone ecoou, Micael atendeu.

— Borges?

— Oi, você vai demorar? — A voz de Rayana fez Micael revirar os olhos cinco vezes.

— Eu não sei. — Soou grosso. — O que você quer?

— Eu estou fazendo um jantar pra gente. Uma ocasião especial. — Foi doce ao dizer. Gostava tanto de Micael que chegava a ser insuportável.

Ele respirou fundo.

— Preciso trabalhar! — Desligou a ligação.

Bufou ao ver os trezentos papéis espalhados pela mesa, tinha tantos problemas e quando chegasse em casa teria que fazer a boa vontade com Rayana. Um saco! Grunhiu consigo mesmo e voltou a trabalhar, aquele dia estava sendo agonizante.

Pelo menos não tinha Mel lhe enchendo o saco, estava de férias.

O expediente acabou, algumas horas depois. Micael teve a chave da Range Rover e saiu, dirigiu até sua casa sem ao menos um mínimo de vontade. Estava tão cansado! Ele gostaria de ter mudado sua rota e ter ido até minha casa, mas não foi possível. Entrou no condomínio algum tempo depois, estacionando o veículo importado na garagem.

Ah, o inferno era tão luxuoso e lindo!

— Rayana? — Fechou a porta quando passou, retirou os sapatos. — Rayana?

— Estou aqui. — Terminava de arrumar a mesa do jantar. — Como foi hoje? — Sorriu doce.

— O mesmo de sempre. Gente morrendo, tripas espalhadas, olhos perfurados, sangue esguichando. — Aquilo deu arrepios à Rayana, ele fazia de propósito. — O que está fazendo pra comer?

— Um jantarzinho especial. Fiz frutos do mar, que é leve. — Ficou ansiosa pela reação do marido.

— Podíamos ter pedido comida japonesa então. — Sentou-se em seu lugar na mesa. — Por que está com essa cara? — Arqueou uma sobrancelha.

— Que cara, Micael?

— Uma cara de... Sei lá. Alguém da sua família morreu?

— Claro que não! — Achou graça. — Você está achando a minha cara diferente?

— Você vai me dar alguma notícia, espero que seja o nosso divórcio. — Despejou o suco em seu copo. — Espero também que você não tenha me envenenado nesse jantarzinho especial. — Imitou ela e logo após riu.

— Como você é idiota. — Negou com a cabeça.

Terminou o jantar e trouxe à mesa, deixou que Micael comesse já que estava com um pouco de fome. Alguns minutos depois... Pratos vazios! Ela tinha algo à revelar.

— Hoje é um dia muito feliz pra mim. — Assentiu diversas vezes, Micael não estava entendendo nada. — Tudo deu certo.

— O que deu certo? Você vai me dizer ou vamos ficar brincando de códigos? — Debochou.

Ela retirou uma carta do bolso, o papel reforçado e as letras do consultório médico fizeram Micael ter uma pulga atrás da orelha. Ele não entendeu.

— Pode abrir. — Rayana sorria. Micael abriu a carta lendo com toda a atenção.

Sua pupila dilatava durante as letras miúdas, as linhas finais foi como se alguém lhe desse um soco.

— Você não fez. — Encarou Rayana, extremamente bravo. — VOCÊ NÃO FEZ! — Bateu com tudo na mesa, dando um estrondo.

— Você não está feliz?

— CLARO QUE NÃO! ISSO É UM PESADELO! ISSO É UMA MALDIÇÃO. — Estava gritando. — VOCÊ GRÁVIDA? DE UM FILHO MEU? EU VOU PROCESSAR A SUA GINECOLOGISTA, EU VOU ARRANCAR TUDO O QUE ELA TEM, COMEÇANDO POR AQUELE DIPLOMA INÚTIL!

— NÃO MEXA COM ELA! — Gritou também.

— EU MEXO SIM PORQUE VOCÊ NÃO TINHA ESSE DIREITO! — As veias nítidas em seu pescoço. — ÉRAMOS PRA TER ESSA CONVERSA JUNTOS E NÃO SÓ VOCÊ DECIDINDO.

— Eu pensei que isso salvaria o nosso casamento!

— Não vai! Nada vai salvar essa merda! Nem um milagre de Deus vai salvar essa merda. — Umedeceu os lábios.

Nada mais aconteceu na casa dos Borges.