Capítulo 57

128 10 7
                                    


Micael parou em frente ao hospital, desceu da Range Rover e acionou o alarme. Usava um RayBan WayFarer, calça jeans e uma jaqueta de couro. Estava sexy pra ocasião, mas não era o intuito no momento.

A chuva de repórteres e imprensa alvoroçaram em cima de Micael, que esquivou-se com a mão.

— Doutor Borges! Doutor Borges! Por que o senhor fez uma escolha tão difícil? Tirar a vida de uma paciente! Por que fez isso? O que tem a responder?

— Eu não matei ninguém! — Disse sem paciência ao microfone.

— Doutor Borges! O hospital irá mesmo ser fechado?

— Doutor Borges!

— Doutor Borges!

Micael escutou aquilo por alguns minutos até conseguir passar pela porta automática. O hospital estava um pouco vazio, pela repercussão da TV alguns funcionários decidiram ficar em casa.

— Bom dia, meninas. — Retirou o RayBan, as recepcionistas lhe responderam.

— O senhor está bem?

— Vou ficar depois que eu resolver essa merda. — Aquele era o Micael que eu conhecia!

Caminhou até o elevador mas parou quando encontrou Melanie, que ficou boquiaberta. Nunca pensou que Micael voltaria por agora.

— O que está fazendo aqui?

— Resolver os problemas. Eu assisti o noticiário. — Pausou.

— Vamos resolver isso, eu conversei com o diretor...

— Foda-se o diretor! É a mim que ela quer. — Entraram no elevador. — Onde está o Ken?

— Em casa. Tivemos uma discussão. — Ficaram em silêncio. — Como foi em Portland?

— Maravilhoso mas tive que voltar. — Tinhas as mãos na frente do corpo, esperando que o elevador abrisse.

— Eu sinto muito mesmo! — Lamentou-se. — Você tem algo em mente?

— Surtar funciona? — Encarou Mel rápido que riu leve, saíram do elevador.

Caminharam até a sala de reuniões, que estava ocupada por sinal. Mas Micael não se preocupava, ele era o dono de tudo ali.

— Bom dia! — Entrou na sala, obteve os olhares surpresos.

— Borges, o que faz aqui? Pensei que estava no retiro. — O diretor soltou, surpreso até demais.

— Retiro? — Franziu o cenho.

Ah, Mel! Negou com a cabeça, rindo em mente.

— Estávamos preocupados. Você anda vendo o jornal? — Observou Micael sentar-se na segunda cadeira, em meio a grande mesa.

— Claro! É por isso que eu estou aqui. — Mexeu no zíper da sua jaqueta. — Eu tenho alguns pontos a esclarecer.

Todos encaram Micael, prestando total atenção.

— E quais são?

— Em primeiro lugar: eu não matei ninguém. — Umedeceu os lábios. — Em segundo: a ideia de operar novamente a menina foi total de Ken, que, não está aqui, como sempre. — Abriu as mãos, debochado. — Em terceiro: eu vou conversar com o meu advogado, que já deve estar com todos os truques na manga! Vamos ir ao júri e resolver isso de uma vez por todas, da maneira bem clara.

— Você vai levar o caso ao júri? Nessa altura do campeonato? — Mel indignou-se, tinha os braços cruzados.

— É a única coisa a se fazer! O hospital não pode fechar, a mãe da menina só quer processar o lugar.

— O que você vai levar no dia do julgamento? — O diretor perguntou.

— Testemunhas e o exame completo. Eu tenho todas as provas, estavam guardadas. — Respondeu, satisfeito. — Vocês poderiam ir atrás de tudo isso, mas, não conseguem administrar pelo jeito.

O sermão coletivo havia chegado! Justamente com o patrão.

— Ficamos preocupados!

— Preocupação não significa resolver as coisas. Já olharam o noticiário hoje? Já ligaram a televisão de vocês? Viram o nome do hospital quantas vezes hoje? Alguém pode me responder? — Micael estava bravo, tinha perdido a paciência. — A competência de vocês me impressiona.

— Pera lá, Borges! Também não é assim. — Um se justificou. — Estávamos fazendo de tudo pra resolver isso.

— E não sabíamos que você tinha os exames. — Outra disse, defendendo-se.

— Ah, claro! Eu abro o paciente porque tenho as visões da Raven. — Debochou. — Eu deveria demitir todos vocês pela incompetência. — Todos arregalaram os olhos, principalmente Mel. — Mas eu tenho outra pessoa pra demitir hoje. — Levantou-se. — E voltem ao trabalho, tem bastante gente precisando de cada um de vocês. — Disse após sair da sala.

Micael estava puto quando pegou o elevador novamente, descendo até a recepção. Conversou com algumas meninas e pediu o telefone, discando os números.

— Alô?

— Olá, Ken!

Micael? Você voltou hoje?

— É, pra você ver como as coisas são engraçadas.

— Mas e aí? Você está melhor?

— Estou ótimo! Meu nome está em todos os jornais de Seattle, o hospital está em decadência com perigo de fechar as portas. É... Eu estou ótimo! — Debochou. — E você, Ken? Como está se saindo na sua casa?

— Mel pediu pra que eu ficasse em casa. Você sabe! — Pausou. — Alguns funcionários estão em casa. O diretor pediu, para que não desse mais repercussão.

— Como se não fosse dar.

— Micael, você precisa relaxar, sabe? Não vai acontecer nada. Você sabe que... O hospital está seguro! Você tem nome e sobrenome forte, não pode deixar que isso...

— Cala a boca, seu monte de merda! — Cerrou os dentes. — Eu deveria matar você, do mesmo jeito que você pediu pra mim fazer com Sophie. Mas... Não será possível, se não, eu teria mais problemas.

— O que está querendo dizer com isso, Borges?

— Eu quero dizer que você vai comigo ao tribunal, dizer ao juiz que tem toda a culpa! Já que você foi o responsável por fazer a minha cabeça, colocar pilha na hora errada. Eu sabia o que fazer, mas sua discussão me fez perder a razão de tudo.

— Se sabia o que fazer então por que não fez? Mas não, você seguiu o meu conselho!

— Você é um monte de merda, invejoso! O seu sonho é estar no meu lugar, fazendo a mesma coisa. Esbanjando todo o nome e sobrenome forte que eu tenho. — Pausou. — Mas você nunca vai conseguir, sabe por que? Porque você é um fracassado! Um monte de merda fracassado que só quer ver os outros infelizes!

Micael...

— Eu não quero mais escutar nada que venha dessa sua boca cheia de merda, escutou? — Esbraveceu. — E pra começar, antes que eu me esqueça. — Respirou fundo. — Pode vir na parte da tarde, busque suas coisas e deixe o seu crachá na recepção. Você está despedido!

— MAS O QUE? VOCÊ NÃO PODE ME DESPEDIR!

— Claro que eu posso! Eu sou o dono dessa porra, Ken. Eu posso tudo. — Silabou. — Eu preciso ir agora, meus funcionários me aguardam. Te espero à tarde Ken, enquanto isso, vou pedir para as faxineiras esvaziarem a sua sala. — Sorriu falso. — Até mais! — Encerrou a ligação, colocando o telefone de volta à base.

Iriam ver quem era Micael Borges de verdade.

Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada Where stories live. Discover now