Capítulo 32

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Rio de Janeiro. — Bar da Lapa. — 22:45.

Eu estava totalmente perdida naquela imensidão de gente, Lua comprou algumas long necks que vieram para nós em baldinhos com gelo. Achei legal! Fazia anos que não saía daquele modo, era como entrar na faculdade e saber que tudo daria errado. E olha que eu nunca tinha entrado na faculdade.

— Eu odiei a sua roupa. — Lua puxou a bebida pelo canudo na cor azul. Revirou os olhos.

— Por que? — Observei minha roupa. Estava usando um vestido longo com cores neutras. O cabelo solto e uma maquiagem leve, o oposto de Lua que optou por um vestido curto em cores escuras.

— Viemos à um bar e não um teatro musical. — Voltou a beber. — Eu deveria ter escolhido a sua roupa.

— Pare de implicar com a minha roupa, não é nada legal. — Olhei ao redor, tinha tanta gente que poderíamos nos perder rápido. 

A brisa gostosa fez com que meus cabelos bagunçassem de um jeito atraente, os arrumei enquanto segurava meu copo com alguma bebida brasileira. Mexi o canudo no líquido.

— O que está achando? — Sorriu.

— Diferente. — Olhei ao redor mais uma vez. — Eu precisava conhecer novos ares.

— Ainda bem. Fazia tempo que você não vinha pra cá. — Lua bebeu sua cerveja. — Se importa? — Apontou para a multidão, sabia que ela me deixaria.

— Vai logo. — Dei de ombros enquanto Lua saía da mesa, fiquei sozinha vendo a multidão que estava sobre nós.

E o cheiro másculo me fez virar a cabeça, alguém se aproximou de mim.

— Sozinha?

O homem na altura mediana sorriu para mim, tinha cabelos escuros e lisos, a pele morena, o sorriso impactante. Ele era bonito e sabia muito bem fazer uma boa companhia. Estava querendo uma, afinal.

— Ah, minha amiga... — Ele riu. — Desculpe. — Acabamos rindo juntos.

— Não precisa se desculpar. Posso me sentar? — Apontou ao lugar de Lua, assenti.

— Como você se chama? — Sorri. Eu tinha que saber alguma coisa daquele cara. O mínimo!

— Luke. E o seu? — Ainda sorria para mim.

— Sophia. — Ele assentiu. — Você é do Brasil, Luke?

— Na verdade eu estou de férias. — Achei interessante. — Vim sozinho, tenho um flat em Copacabana.

— Que legal! — Sorri.

— É sim. — Olhou ao redor. — Você é daqui?

— Não, eu sou de Nova Iorque mas na verdade moro em Seattle. — Luke teve a face surpresa, dei risada. — O que foi?

— Eu moro pertinho de Seattle. Poucos quilômetros, minha mãe mora em Seattle. — Ficou surpreso e feliz. — Que mundo pequeno!

Pra você ver. — Rimos. — Parece que a minha amiga me deu um cano. — Fiz uma careta.

— Sua amiga é das minhas. — Cruzou as mãos em cima da mesa. — Agora você não está mais sozinha.

Sorri.

— O que faz no Brasil, Sophia? — Luke se interessou.

— Eu vim visitar essa minha amiga que sumiu. — Pausei. — E matar um pouco da saudade, esse lugar é maravilhoso.

— Tenho que concordar. — Ele assentiu, ainda sorria para mim que já estava ficando corada. — Eu me divorciei há duas semanas atrás, precisava desse tempo.

— Eu também. Quer dizer, uma longa história. — Dei de ombros.

— Tenho tempo!

— Eu acabei de te conhecer. — Disse incrédula, era estranho dividir minha vida à um estranho.

— Por isso mesmo. Eu preciso te conhecer melhor e você precisa me conhecer melhor. — Dizia sorridente.

Luke optou por pedir alguns drinques enquanto conversávamos de nossas vidas, foi engraçado e bastante curioso. Ele não estava dando em cima de mim e sim estava sendo um amigo, um amigo solitário que só queria dividir suas mágoas do passado, assim como eu. Estávamos em sincronia.

— E agora ele vai ter outro filho? — Luke sugou o líquido pelo canudo enquanto eu contava minha grande história. Ele parecia muito interessado.

— Vai. — Bebi minha cerveja. — Sabe o que é pior? Eu vou ter que mentir pra minha filha, tudo de novo.

— Não minta pra sua filha, simples.

— E como eu faço isso? — Coloquei minhas mãos na cabeça, já estava um pouco bêbada.

— Só conte a verdade. Apenas conte toda a verdade, sei que ela ainda é pequena e tudo mais... — Pausou. — Mas ela vai entender, mais pra frente. — Sorri em agradecimento, Luke era bom com conselhos.

Larguei minha cerveja de mão, estava ficando mais bêbada do que o normal.

— Sua amiga não vem ver você? — Luke estava preocupado, já fazia quatro horas que Lua havia sumido. E eu estava bêbada contando a minha vida à um desconhecido. Ótimo!

— Eu não sei. Eu gostaria de ir pra casa, eu vou chamar um táxi. — Vasculhei minha bolsa com um pouco de dificuldade.

— Eu levo você em casa. — Soou doce.

Ok! Nunca pegue carona com um desconhecido que você acabou de conhecer em barzinho. Ainda mais se estiver bêbada. Eu seguiria o meu próprio conselho se eu não estivesse bêbada e não tivesse perdido Lua por aí, o que mais poderia acontecer? Eu não tive escolha quando entrei no carro luxuoso de Luke, com o banco forrado em couro. Eu deveria ter chamado um táxi mas o álcool agiu alto demais. Eu estava fora de mim!

— Onde você está ficando? Copacabana? — Colocou a chave no contato, girando. O veículo ligou.

— Eu não sei. — Luke riu leve. — Pare de rir de mim, eu estou bêbada.

— Eu sei. — Ainda sorria. — Você é bonita, Sophia Abrahão. Não deveria ficar sozinha por aí e nem sofrer por aí. — Escutou, Micael?

— Eu estou acostumada a sofrer.

— Será mesmo? — Arqueou uma sobrancelha.

— Eu nem deveria estar aqui, eu nem deveria estar com você. Eu preciso achar Lua. — Esfreguei meus olhos antes de encarar Luke.

Fazia tempo que eu não olhava alguém com aqueles olhos, aqueles olhos que estavam presos em Micael Borges por muitos e muitos anos. Minha visão ainda era turva mas a vontade de sentir os lábios de Luke nos meus não terminou, eu tinha gana no olhar, gana na voz e ainda por cima um sentimento estranho que corria pelo meu corpo.

— Está tudo bem? — Ele me perguntou, sereno.

Assenti colocando minhas mãos em seu rosto, me aproximei sentindo a quentura da sua respiração, e depois, o gosto de seus lábios. Era diferente sentir outro alguém, sem ser Micael. Mesmo que as aparências o lembrasse, Luke estava sendo uma novidade pra mim. E eu queria que essa novidade desse certo.

Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora