Capítulo 93

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Micael estava pelos corredores do hospital, tinha uma prancheta em mãos e iria até a UTI. Mas foi parado por Mel que vinha em sua direção, sem ninguém ao seu lado.

— Bom dia, Borges!

— Bom dia. — Disse um pouco sem paciência.

— Indo até a UTI?

— É da sua conta?

— Ei, calma! Ainda está de manhã.

— E você anda enchendo meu saco, em plena a manhã. — Sorriu falso.

— O que aconteceu pra você estar assim?

— Eu briguei com a Sophia. Não estamos mais juntos! — Aquilo foi música aos ouvidos de Mel. — Estávamos conversando em jogar tudo à Rayana, vai ser melhor.

— Pera... Você vai abrir o jogo pra ela? — Ficou em choque. — Tem certeza mesmo? Não é arriscado?

— Não tem por onde correr, uma hora ela vai saber de tudo. — Bufou. — Minha vida é uma merda.

— Não fale isso, você só está um pouco relevante com esse assunto. — Alisou o ombro de Micael.

Ordinária.

— Você acha? — Micael deu um sorriso de canto, Mel fez o mesmo, aproveitando da situação.

— Eu acho! Você tem uma vida brilhante, Micael. Rayana tem sorte. — Sorriu.

— É, vai ver ela tem mesmo e eu não vejo isso. — Coçou a nuca. — Mas vida que segue. — Pausou.

Mel tirou suas mãos do ombro de Micael, colocando dentro do bolso do jaleco.

— Alguma notícia por aqui?

— Nenhuma. O hospital está tranquilo, nada de útil. — De uma risadinha. — Quer tomar café depois? Eu vou ficar na pediatria um pouco.

— Vou ver. Preciso saber como Arthur está! — Soltou. — Te vejo por aí.

— Até mais. — Mel sorriu, avistou Micael andar até a parte da UTI.

E o mesmo foi, parou na primeira sala vendo o amigo pelo vidro enorme. Destrancou a UTI ficando no mesmo lugar que Arthur. Estava acordado e revirou os olhos quando viu Micael chegar mais perto, deixou a prancheta ao lado da cama.

— Como você está? — Verificou alguns tubos conectados à Arthur.

— Péssimo. — Pausou. — Me tire daqui, é uma ordem.

— Eu não recebo ordens.

— Você é pau mandado. — Arthur gargalhou, maléfico.

Sentiu o braço ferver, gritou automaticamente.

— Que porra é essa? Está doendo! Que porra você está fazendo? — Queixou-se.

— Pensei que dissesse que eu sou pau mandado. — Abriu mais a válvula de gás, ao lado da cama. Arthur se revirava de dor.

— Para com isso seu MERDA! — Gritou.

— Me chamou de merda? Você já foi melhor. — Aumentou a turbulência do gás, entrando mais rápido na veia de Arthur.

Estava ficando vermelho, aquilo doía.

— Não gosto de judiar de ninguém mas você merece. — Riu falso. — Depois de tudo que você fez. — Micael fechou a válvula novamente, fazendo com que Arthur se aliviasse.

— Eu odeio você, Micael! Como eu odeio! — Cerrou os dentes. — Você nunca vai ser igual à mim.

— E quem disse que eu quero ser igual à você? Um estuprador de merda, abusador, mimado pra caralho. E ainda por cima igual ao seu pai. — Preparou-se para dizer. — Covarde.

— A polícia vai prender você, Micael. E eu quero estar de pé e longe daqui pra presenciar isso. — Desafiou o mesmo. — Você nunca vai ser feliz, nunca vai se livrar do seu maior pesadelo.

— Que bom que você pensa assim. — Micael assentiu. — Me diga uma coisa, apenas uma coisa que eu quero ter certeza de que não estou fazendo a coisa errada. — Aproximou-se de Arthur. — Você vai mudar o seu comportamento? Está disposto a ser uma pessoa melhor?

— Você sabe que não.

— Ótimo! Era isso que eu queria saber. — Caminhou até a porta, buscou a prancheta. — Voltarei em breve, Arthur!

— Vá se foder e me tire daqui.

— Não precisa chorar, eu volto. — Piscou e saiu, voltando aos afazeres do hospital.

Enquanto isso eu estava tensa em relação as coisas que Lua havia me dito, mas não deixaria que nada me abalasse. Desci do táxi encarando a enorme casa dos Borges, bem ampla, aquilo me dava arrepios mas tinha que seguir com o plano, pelo bem de Kate e sua proteção.

Toquei a campainha esperando que Rayana me atendesse, achava legal a ideia de não ter uma empregada ou até mesmo uma babá.

— Sophia, que bom que você veio! — Me abraçou.

— Eu falei que viria. — Sorri falsa. — Como você está?

— Estou ótima, melhor agora. — Fechou a porta quando passei. — Como foi sua noite? Conseguiu descansar?

— Eu conversei com Lua, ela me acalmou um pouco. — Fomos em direção ao sofá. — Estou bem melhor.

— Que ótimo! Fico feliz. — Sorrimos. — Eu estava conversando com Micael hoje de manhã, verei algo para trabalho, enquanto você acha alguma coisa fixa.

— Oh, não Rayana! Não precisa se preocupar. Eu vou me virar, não precisa... É sério!

— Não precisa ficar com vergonha, você é da família. Esqueceu?

Remexi meus ombros, um pouco tensa.

— Foi bom você vir, eu estava precisando de uma companhia. — Pausou. — Esses últimos dias foram difíceis pra mim.

— Eu soube do que aconteceu. — Silabei. — Sinto muito! Mas você está se cuidando, não está?

— Estou! Mas do que adianta? — Cruzou as pernas. - Se cuidar e saber que você já está morta, tecnicamente.

Não havia entendido.

— Como assim? — Franzi meu cenho.

— Mel pediu uma mamografia, assim que descobri o câncer. — Seus olhos encheram d'água. — O resultado foi positivo. É maligno e está em fase terminal. — Me estremeci. — Não tem mais jeito, Sophia! Não tem. — Suas lágrimas caíram, assim como as minhas.

Naquele momento eu observei Rayana como um ser triste, muito triste! Esqueci as coisas horrendas que havia feito e me foquei na sua situação, chorando com a mesma.

Não consegui dizer mais nada, eu não podia ficar ali. Eu não podia levar aquela situação à diante.

— Eu não tenho... Meu Deus! — Olhei pra cima, tentando me acalmar. — Eu, Rayana desculpa. Eu preciso ir.

— Eu não deveria ter contado isso à você, sinto muito.

— Eu preciso respirar um pouco. Tudo bem? Só um minuto! — Me levantei, senti minhas pernas amoleceram, como manteiga derretida.

Fui até o jardim da frente, afobada, respirei fundo mas não consegui intervir a convulsão que havia chegado, me fazendo vomitar todo o meu café. Fiquei praticamente cinco minutos soltando tudo, estava passando mal e era nítido!

Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada Where stories live. Discover now