Penúltimo Capítulo

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Estava com Lua, em casa. Micael tinha ido embora e a mesma aproveitou para despedir-se de mim. Iria voltar ao Brasil, em luto, mas iria.

— O Micael me disse. — Segurei em suas mãos.

— E você está bem com a notícia? — Debochou.

— Não tem o que fazer, Lua.

— Não tem o que fazer? O Micael matou uma pessoa, você tem noção disso? Por que ele não matou a Rayana então? O pior dos problemas. — Exaltou.

— Lua, não adianta surtar. — A parei. — Você sabe que Arthur estava sendo uma péssima pessoa, ele estava atrás de você. Não estava? — Lembrei. — Ele quase me estuprou, éramos todos amigos... Não adianta você chorar por leite derramado.

— Leite derramado? — Franziu o cenho. — Fala sério! O vírus Borges está se aprofundando de você. Quando você estiver na merda, não irei te ajudar. — Esbraveceu. — Quantos anos você tem? Sério?

— Idade suficiente pra saber o que eu quero, Lua. — Respondi, calmamente. Não iria me estressar com Lua, já que era isso que ela estava querendo. — Pensei que fôssemos amigas.

— Nós somos mas você sempre acaba cagando em alguma coisa, incrível! — Respirou fundo.

Ficamos em silêncio.

— Eu estou grávida. — Soltei. Lua arregalou os olhos, perdendo a paciência e levantando-se.

— Está vendo? É isso que eu não consigo entender em você! — Apontou. — Eu vou embora antes que a gente brigue de novo.

— Você não gosta de me ver feliz? Responde, Lua! — Quis saber. — Você não gosta?

— Eu amo ver você feliz mas... É essa felicidade que você quer? Para de ser idiota, Sophia! Você nunca, nunca, nunca vai ser feliz desse jeito. Você é amante do cara, a mulher dele é uma megera e vai acabar com a sua raça quando descobrir que vocês dois tem filhos em comum. Quantos anos você vai levar isso à diante? Oitenta? E Kate? Imagine o quão rejeitada ela vai ser por estar sendo escondida o tempo todo. — Soltou. — Para e pensa um pouco, Sophia. Você já foi mais inteligente!

Apenas assenti deixando Lua sair pela porta, havia pedido um táxi que chegou alguns minutos depois, ela não quis esperar lá dentro, comigo, pois sabíamos que íamos continuar brigando e brigando...

Eu chorei, chorei muito depois que a mesma foi embora. Lua tinha razão mas eu não conseguia seguir em frente, sem deixar Micael. Era como se meu coração espatifasse em mil pedaços, eu tinha que viver minha vida junto com ele. Não me via separada de Micael, mesmo com todos os problemas. Fomos planejados uns aos outros, não adiantava decretar ao contrário.

Micael não foi embora pra casa quando passou pela porta automática do hospital. Estava com outra roupa e um pouco atordoado. Se ficasse em casa teria Rayana falando em sua cabeça, se ficasse na casa de Antônia teria ela dando sermões. O único refúgio era o hospital, com problemas diferenciados que ele poderia resolver, sem ser os dele.

Foi até a cantina do hospital, buscando um café na máquina. Sentiu o cheiro de mulher chegando, conhecia aquele perfume de plantões e mais plantões.

— Como está se sentindo? — Juntou-se à Micael, escolheu um café na outra máquina.

— Meu melhor amigo morreu, eu estou ótimo! — Sorriu falso.

— Não parece.

— Você sabe que não parece, não sei porque pergunta. — Bebeu o líquido. — Amargo como o diabo! — Fez uma careta.

— É café! Você queria o que? — Riu leve do chefe. — Não gosto de te ver assim, triste.

— Vai me consolar nessa altura do campeonato? — Arqueou uma sobrancelha.

— Só queria ser uma amiga. — Rendeu as mãos. — Por que veio trabalhar hoje? Pensei que ficaria em casa.

— Porque o hospital é meu. — Disse óbvio. — E já conversamos sobre isso, eu não te devo satisfações da minha vida, Mel.

— Você não gosta de mim. Eu só queria ser simpática, apenas isso! — Levantou os ombros. — Depois que você separou da Sophia, suas ações mudaram.

Micael ficou em silêncio, desistiu do café amargo.

— Me conte mais sobre isso. — Cruzou os braços, esperando a morena explicar suas teorias.

— Você está mais rígido, bravo, sem paciência. Não que você não estivesse antes mas... — Deu uma risadinha. — Você não parece o Borges de antigamente.

— O Borges de antigamente morreu! Esse Borges que você está vendo é o seu chefe. — Chegou mais perto. — E eu exijo total respeito quando for falar da minha vida.

Deu à volta em Mel deixando a mesma atordoada. Seguiu pelos corredores até me achar, no segundo andar, ainda perdida. Assustou-se de me ver ali, tínhamos acabado de estar juntos e eu o queria novamente, apenas para desabafar com tudo o que aconteceu.

Micael ficaria louco!

— O que está fazendo aqui? — Me empurrou em alguma sala, trancando em seguida.

— Eu queria falar com você. Muito arriscado?

— Mel está de plantão mas está lá em baixo. — Tocou meu rosto. — O que aconteceu? Estava chorando? — Encarou meus olhos avermelhados, minha voz ainda estava nasalada pelo choro recente.

— Lua me disse algumas coisas. — Tentei não chorar. — Doeu! — Engoli seco.

— Você ainda confia na Lua? Pelo amor de Deus! — Ficou bravo automaticamente. — Ela quer ver você mal, quer que você sinta o que ela está sentindo! Lua nunca vai engolir o fato de que estamos juntos.

— Eu sei, eu sei. — Respirei fundo. — Mas por que ela fica falando tanta barbaridade? — Me questionei centenas de vezes. — Lua não era assim, sempre estava de bem com a gente.

— Mas agora você sabe que ela não é assim. E eu não gosto de ver você conversando com ela, a respeito da nossa vida. — Beijou minha testa. — Não gosto de ver você assim, ainda mais nessas condições! Você não pode se estressar, meu amor.

— Eu vou cuidar de mim, eu prometo! — Sorrimos. — Estamos bem, não precisa se preocupar.

— Estava pensando em contarmos à Kate nessa noite, o que você acha?

— Acho uma ótima ideia! — Nos beijamos.

Achávamos uma ótima ideia do lado de dentro e Mel achava uma ótima ideia do lado de fora, enquanto escutava a nossa conversa pela porta. Escondeu-se atrás do enorme bebedouro que havia no corredor, dando a possibilidade de vermos sair juntos.

Correu em atalhos diferentes indo até a ala do laboratório, entrou na sala com o ar condicionado mais forte e vasculhou as gavetas dos exames recentes. Conseguiu achar meu nome no envelope, indicando o meu Beta HCG que Micael havia pedido. Abriu o papel lendo as letras miúdas, aquilo foi ótimo à ela.

Retirou o IPhone do bolso, discando os números da casa dos Borges.

— Alô? — A voz de Rayana apareceu, Mel sorriu.

— Rayana? É a Mel, do hospital! Eu tenho que conversar sério com você. Acabou a palhaçada!

— O que você quer? Do que você está falando?

— Eu estou com um documento em mãos que vai acordar você desse sonho. Eu preciso muito falar com você, é sobre sua vida com o Micael!

— Passe aqui daqui à pouco, já que é tão importante!

— Estarei aí. — Mel desligou a ligação, guardando o aparelho e o documento.

Esfregou as mãos, cantando vitória e se preparando.

— Te peguei, Borges!

Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada Where stories live. Discover now