— Consegue andar, filha? — Micael foi cauteloso com Kate após colocar o pé esquerdo da nossa pequena no chão frio do hospital. Ela assentiu, sorrindo. Tinha se livrado da tala especial.— Mamãe, eu quero o meu chinelo! — Rimos leve após sua reclamação, ela estava bem. Nossa filha estava bem!
— Continue verificando o pé dela, tudo bem? — Micael me olhou. — Pode ser que ela se incomode, qualquer coisa você me liga.
— Ok. — Assenti, feliz. Eu não aguentava mais ficar naquele hospital.
Micael colocou Kate de volta à cama, ela remexeu os pezinhos.
— Tenho uma surpresa pra você. — Disse à Kate que levantou o olhar, parecia interessada na palavra do pai.
— Um gato? — Micael riu novamente.
— Não, princesa. Um gato não. — Negou com a cabeça. — Muito melhor!
— O que seria muito melhor? — Torceu o nariz.
— Hum... Você queria um gato? — Arqueou uma sobrancelha, Kate assentiu.
— O gato Gilbert. — Entristeceu. Sabíamos que o gato de Kate não era real.
Porém, o gato Gilbert fez falta.
— Querida, o gato Gilbert se foi, lembra? — Foi minha vez de intervir, Kate assentiu, ainda triste. — O seu pai tem outra novidade bem melhor.
— Você vai ficar com a vovó Tônia. — Sorriu. — PORÉM! — Deu ênfase trazendo a atenção de Kate. — Nada de empoleirar em árvores, ficar no quintal e muito menos correr. Já avisei sua avó e se ela deixar, castigo de dois anos! — Deu uma prensa.
Nunca vi Micael fazer aquilo, ele sempre lambia e passava pano à Kate. Aquilo foi uma surpresa!
— Combinado?
— Combinado. — Os dois tocaram as mãos.
A porta do quarto se abriu revelando Mel, tinha uma prancheta nas mãos e sorriu quando viu Kate sem a tala necessária. Caminhou até os dois.
— Então você já está livre, princesa? — Tocou nos cabelos de Kate, que sorriu.
— Sim, tia! Meu pai disse que eu não posso brincar de correr. — Fez um bico. — Eu posso brincar de boneca?
— Você sabe que pode, querida. — Micael sorriu. — Eu vou beber água com a sua mãe, fique um pouco com a tia Mel. Se ela fizer algo, pode contar ao papai. — Piscou rápido após Kate gargalhar com a careta de Mel. Nós saímos da sala indo em direção a sua.
— Não sei, estou com medo. — Remexi o anel em meu dedo, aflita.
— Medo de que?
— A Kate sozinha... Você sabe, ela acabou de sair do hospital. — Entramos no elevador. — Você não acha perigoso?
— Sophia, minha mãe teve três filhos. Relaxa! — Apertou o botão com algum andar indicado, ficamos esperando. — E eu conversei com a Kate, ela não vai desobedecer.
— Ah claro! — Revirei meus olhos.
— Você não quer ir, é isso? — A porta se abriu.
— Eu quero ir mas meu coração fica apertado, entende?
Mães... Micael nunca iria entender, estávamos discutindo sobre viajar em lua de mel clandestina, porém, os fatos de deixar Kate com a avó me deixava aflita. Não importa quantos filhos ela teve, era a minha filha!
— Você quer levar a Kate? — Debochou.
Entramos em sua sala bastante ampla.
— Não era um momento só nosso? — Me joguei no sofá de couro, apreciando a vista de Seattle.
— Você está com o coração apertado de deixar a Kate. — Me imitou após deitar o corpo em cima de mim, me dando um beijo lento e gostoso. Segurei em seu jaleco. — Eu quero te comer nesse sofá.
— Hum... Não. — Achei graça. — Estamos em um hospital, é falta de respeito. — Arfei após sentir as mãos de Micael adentrando em minha blusa.
— O hospital é meu. Eu comprei esse sofá pensando nisso! — Beijou meu pescoço mas eu o parei.
— Nisso o que? — Fiquei séria, ele não entendeu.
— Oi? — Achou graça.
— Você traz gente aqui? — Fiquei irritada.
— Sophia, acorda! Claro que não! — Abriu as mãos em defesa. — Essa sala é minha, por que eu traria alguém aqui que não seja você?
— Não sei, sem tom não foi muito à gosto. — Me levantei indo até a janela, encarando a vista. Tinha ficado brava! — Espero que você não traga suas pacientes aqui, eu espero mesmo.
— Cacete, você tá me zoando, não é? — Irritou-se. — Eu não trairia você, eu não sou louco de fazer isso. Você está fazendo aula com a Rayana? Eu não sabia! — Cruzou os braços.
— Eu só quero que você seja honesto comigo, se formos ter alguma coisa no futuro eu quero que você seja honesto!
— E eu não sou?
— Você traí a sua esposa, Micael. Metade de Seattle sabe disso. — Cruzei meus braços.
— Eu não sabia que você tinha surtos.
— Surtos? Eu? — Ri sarcástica. — Você gostaria de estar no meu lugar? Recebendo essa piada de muito mal gosto?
— Tá bom, Sophia. — Perdeu a paciência. — Eu não vou discutir com você.
— Ótimo! — Caminhei até a porta. — Fale comigo quando não estiver falando mentiras.
— Para com isso. — Tomei um susto quando Micael colocou a mão na porta, me bloqueando. Ele estava irritado, eu estava o deixando irritado.
— Você começou primeiro!
— Foi uma brincadeira como a gente sempre fez.
— Eu não gostei.
Micael bufou, passou a mão na cabeça.
— Acho melhor você ir pra casa, leve Kate e descanse. Faça as malas! — Colocou as mãos no bolso do jaleco.
— Tanto faz. — Dei de ombros e sai, não queria mais discutir com Micael antes que ficasse uma briga feia.
Na casa dos Borges tudo estava ficando nitidamente estranho. Rayana levantou-se do seu cochilo matinal, após colocar Marcel para dormir. Sua mãe estava jogando frescobol na aérea de lazer da casa enquanto a filha descansava, o pequeno herdeiro estava o deixando louca.
Caminhou até a suíte apoiando no mármore da pia, sentiu enjoo, o gosto metálico veio à boca fazendo Rayana expelir sangue. Ela se assustou.
Abriu a torneira os lábios, fez gargarejo e enxugou-se. Estava trêmula e não estava bem, estava doente! Era nítido, só ela não via.
— Querida? — A mãe de Rayana apareceu no quarto, usava roupas de treino. Os cabelos presos em rabo de cavalo.
— Sim? — Disfarçou.
— Eu vou ir à cidade, você quer ir comigo? Podemos chamar aquela babá...
— Não, eu vou ficar em casa. — Foi fria ao dizer.
— Está tudo bem?
— Preciso ligar pro Micael. — Respirou fundo. Ela tinha que saber o que estava acontecendo.
YOU ARE READING
Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada
RomanceGrandes surpresas abalam a vida de Sophia e Micael. Principalmente a de Sophia: Uma notícia que mudaria tudo, praticamente tudo.