Capítulo 66

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— Consegue andar, filha? — Micael foi cauteloso com Kate após colocar o pé esquerdo da nossa pequena no chão frio do hospital. Ela assentiu, sorrindo. Tinha se livrado da tala especial.

— Mamãe, eu quero o meu chinelo! — Rimos leve após sua reclamação, ela estava bem. Nossa filha estava bem!

— Continue verificando o pé dela, tudo bem? — Micael me olhou. — Pode ser que ela se incomode, qualquer coisa você me liga.

— Ok. — Assenti, feliz. Eu não aguentava mais ficar naquele hospital.

Micael colocou Kate de volta à cama, ela remexeu os pezinhos.

— Tenho uma surpresa pra você. — Disse à Kate que levantou o olhar, parecia interessada na palavra do pai.

— Um gato? — Micael riu novamente.

— Não, princesa. Um gato não. — Negou com a cabeça. — Muito melhor!

— O que seria muito melhor? — Torceu o nariz.

— Hum... Você queria um gato? — Arqueou uma sobrancelha, Kate assentiu.

— O gato Gilbert. — Entristeceu. Sabíamos que o gato de Kate não era real.

Porém, o gato Gilbert fez falta.

— Querida, o gato Gilbert se foi, lembra? — Foi minha vez de intervir, Kate assentiu, ainda triste. — O seu pai tem outra novidade bem melhor.

— Você vai ficar com a vovó Tônia. — Sorriu. — PORÉM! — Deu ênfase trazendo a atenção de Kate. — Nada de empoleirar em árvores, ficar no quintal e muito menos correr. Já avisei sua avó e se ela deixar, castigo de dois anos! — Deu uma prensa.

Nunca vi Micael fazer aquilo, ele sempre lambia e passava pano à Kate. Aquilo foi uma surpresa!

— Combinado?

— Combinado. — Os dois tocaram as mãos.

A porta do quarto se abriu revelando Mel, tinha uma prancheta nas mãos e sorriu quando viu Kate sem a tala necessária. Caminhou até os dois.

— Então você já está livre, princesa? — Tocou nos cabelos de Kate, que sorriu.

— Sim, tia! Meu pai disse que eu não posso brincar de correr. — Fez um bico. — Eu posso brincar de boneca?

— Você sabe que pode, querida. — Micael sorriu. — Eu vou beber água com a sua mãe, fique um pouco com a tia Mel. Se ela fizer algo, pode contar ao papai. — Piscou rápido após Kate gargalhar com a careta de Mel. Nós saímos da sala indo em direção a sua.

— Não sei, estou com medo. — Remexi o anel em meu dedo, aflita.

— Medo de que?

— A Kate sozinha... Você sabe, ela acabou de sair do hospital. — Entramos no elevador. — Você não acha perigoso?

— Sophia, minha mãe teve três filhos. Relaxa! — Apertou o botão com algum andar indicado, ficamos esperando. — E eu conversei com a Kate, ela não vai desobedecer.

— Ah claro! — Revirei meus olhos.

— Você não quer ir, é isso? — A porta se abriu.

— Eu quero ir mas meu coração fica apertado, entende?

Mães... Micael nunca iria entender, estávamos discutindo sobre viajar em lua de mel clandestina, porém, os fatos de deixar Kate com a avó me deixava aflita. Não importa quantos filhos ela teve, era a minha filha!

— Você quer levar a Kate? — Debochou.

Entramos em sua sala bastante ampla.

— Não era um momento só nosso? — Me joguei no sofá de couro, apreciando a vista de Seattle.

— Você está com o coração apertado de deixar a Kate. — Me imitou após deitar o corpo em cima de mim, me dando um beijo lento e gostoso. Segurei em seu jaleco. — Eu quero te comer nesse sofá.

— Hum... Não. — Achei graça. — Estamos em um hospital, é falta de respeito. — Arfei após sentir as mãos de Micael adentrando em minha blusa.

— O hospital é meu. Eu comprei esse sofá pensando nisso! — Beijou meu pescoço mas eu o parei.

— Nisso o que? — Fiquei séria, ele não entendeu.

— Oi? — Achou graça.

— Você traz gente aqui? — Fiquei irritada.

— Sophia, acorda! Claro que não! — Abriu as mãos em defesa. — Essa sala é minha, por que eu traria alguém aqui que não seja você?

— Não sei, sem tom não foi muito à gosto. — Me levantei indo até a janela, encarando a vista. Tinha ficado brava! — Espero que você não traga suas pacientes aqui, eu espero mesmo.

— Cacete, você me zoando, não é? — Irritou-se. — Eu não trairia você, eu não sou louco de fazer isso. Você está fazendo aula com a Rayana? Eu não sabia! — Cruzou os braços.

— Eu só quero que você seja honesto comigo, se formos ter alguma coisa no futuro eu quero que você seja honesto!

— E eu não sou?

— Você traí a sua esposa, Micael. Metade de Seattle sabe disso. — Cruzei meus braços.

— Eu não sabia que você tinha surtos.

— Surtos? Eu? — Ri sarcástica. — Você gostaria de estar no meu lugar? Recebendo essa piada de muito mal gosto?

— Tá bom, Sophia. — Perdeu a paciência. — Eu não vou discutir com você.

— Ótimo! — Caminhei até a porta. — Fale comigo quando não estiver falando mentiras.

— Para com isso. — Tomei um susto quando Micael colocou a mão na porta, me bloqueando. Ele estava irritado, eu estava o deixando irritado.

— Você começou primeiro!

— Foi uma brincadeira como a gente sempre fez.

— Eu não gostei.

Micael bufou, passou a mão na cabeça.

— Acho melhor você ir pra casa, leve Kate e descanse. Faça as malas! — Colocou as mãos no bolso do jaleco.

— Tanto faz. — Dei de ombros e sai, não queria mais discutir com Micael antes que ficasse uma briga feia.

Na casa dos Borges tudo estava ficando nitidamente estranho. Rayana levantou-se do seu cochilo matinal, após colocar Marcel para dormir. Sua mãe estava jogando frescobol na aérea de lazer da casa enquanto a filha descansava, o pequeno herdeiro estava o deixando louca.

Caminhou até a suíte apoiando no mármore da pia, sentiu enjoo, o gosto metálico veio à boca fazendo Rayana expelir sangue. Ela se assustou.

Abriu a torneira os lábios, fez gargarejo e enxugou-se. Estava trêmula e não estava bem, estava doente! Era nítido, só ela não via.

— Querida? — A mãe de Rayana apareceu no quarto, usava roupas de treino. Os cabelos presos em rabo de cavalo.

— Sim? — Disfarçou.

— Eu vou ir à cidade, você quer ir comigo? Podemos chamar aquela babá...

— Não, eu vou ficar em casa. — Foi fria ao dizer.

— Está tudo bem?

— Preciso ligar pro Micael. — Respirou fundo. Ela tinha que saber o que estava acontecendo.

Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada Where stories live. Discover now