Capítulo 58

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— Micael, o que é isso? — Rayana jogou o jornal em cima da mesa, assim que Micael havia chegado. Ela cruzou os braços em cima da barriga, esperando uma resposta.

A manchete dizia: Anjo ou Demônio? As duas faces de Micael Borges.

— Que piada! — Teve o jornal nas mãos, lendo as letras miúdas rapidamente. — A imprensa quer me matar.

— E você acha isso legal? Você não vai fazer nada? — Levantou os ombros, indignada. — É o teu hospital que precisando de cuidados, não você. — Pausou.

— Eu sei o que eu vou fazer, tá? — Franziu o cenho. — Não enche o meu saco!

Abriu a geladeira.

— Eu quero saber onde você estava.

— Em um lugar muito lindo, bem longe de você, bem longe dessa bagunça toda. — Debochou, tinha uma garrafa d'água nas mãos. — O que mais você quer saber?

— Eu passei mal durante dois dias, minha mãe ficou cuidando de mim. — Encarava Micael com raiva. — E a sua mãe ainda me bateu.

— Que? — Franziu o cenho.

— Ela me bateu! Veio aqui em casa e me bateu.

— Que ótimo! Ela deveria ter batido mais. — Bebeu a água. — Mais alguma coisa que você queira saber?

— Você está muito estranho, Micael. — Chegou mais perto. — E não quer me contar. Você acha que eu sou idiota?

Sim?

— Eu não acho nada. Eu só quero distância de você!

— Distância? E o Marcel? — Pegou em um ponto fraco dele. — Vamos receber o nosso herdeiro assim? Desse jeito?

— Você queria que a recepção dele fosse como? — Abriu as mãos. — Geramos isso, agora, arcamos com a consequência.

— Você não está nada feliz. — Negou com a cabeça. — Caramba! Ele é o seu filho! — Bateu as mãos na perna, indignada. — Você age como se não tivesse nada aqui, nada! — Apontou à barriga perfeitamente redonda.

Micael jogou o restante de água na pia, largou o copo de canto e passou a mão nos cabelos, tentando relaxar. Ele realmente não tinha um pingo de paz!

— O Marcel vai ser amado, como meu filho, independente de tudo. — Respirou fundo. — Agora você. — Apontou à ela. — Nunca vai ser a minha mulher.

Rayana ficou em silêncio.

— Você me esnoba, me chantageia. Me faz de gato e sapato, eu literalmente como na sua mão. — Olhou fundo em seus olhos. — Ninguém gosta de você, Rayana! Ninguém! Você não tem amigos, sua família prefere ficar longe de você. Seu pai? Ah. — Riu sarcástico. — O que dizer do seu pai... Eu vou parando por aqui porque a lista é grande. — Arqueou uma sobrancelha. — No fundo, eu tenho dó de você. É isso que eu tenho!

As lágrimas de Rayana caíram, ela secou, como se nada tivesse acontecido. Assentiu e deu as costas à Micael, que agradeceu.

— Me dê o divórcio e estaremos quites, Rayana.

O silêncio tomou conta, ela virou-se rápida, encarando Micael.

— Você nunca vai conseguir se livrar de mim. — Silabou alto e em bom som, voltando em direção as escadas.

Era tarde quando fui buscar Lua no aeroporto, sem Acsa. A mesma tinha dito que ele preferiu ficar com a avó. Pegamos um táxi indo até o meu apartamento, Lua aproveitou para contar as últimas novidades e acontecimentos do Brasil.

— E as novidades por aqui? — Descemos do táxi, Lua tinha duas malas consigo.

— Micael estava aqui. — Ela sorriu. — Nada disso! Quer dizer... — Revirei meus olhos.

— Você sempre acaba sentando no toco de madeira dele. — Bati em seu ombro. — Doeu!

— Era pra doer mais. — Entramos no elevador.

— Pensei que você estava tendo romances com o Luke. — Brincou.

— Eu despachei ele, muito chato!

— Sophia!

— Eu não era a mulher que ele estava procurando. — Disse óbvia. — Vai ver... Ele quer outra pessoa.

— Vai ver ele quer você! — A porta do elevador se abriu. — Você deixou Kate sozinha?

— Não! Ela está na casa de uma amiguinha, a mãe dela é dona do Restreat Open. — Lua ficou boquiaberta.

— O lado bom de estudar em uma escola particular e ter amigos... Particulares. — Entramos em casa.

— Agradeça Micael por isso. — Larguei a chave em cima da mesa. — Quer comer alguma coisa? Ainda tem um resto de pizza de pepperoni e... Castanhas?

— Cruzes, Sophia! Essa pizza deve estar com cheiro de chulé. Você não compra comida pra sua casa?

Essa era a Lua que eu conhecia.

— Nós comemos a comida. — Cerrei meus dentes.

— Exatamente! Você não precisa estocar tudo que nem um esquilo. — Me remedou. Revirei meus olhos. — Arthur me procurou semana passada.

Abri minha boca, incrédula.

— E?

— E que... Nada demais! Ele precisa pagar a pensão do Acsa. — Assentiu. — Se não, cadeia nele.

— Ele não pensa em voltar com você?

— Deus me livre! Se ele voltar comigo você pode mandar trezentos agiotas me matarem. — Lua riu. — O que foi? — Observou meu rosto em transe.

— Lembrei da Rayana.

— É normal, você salvou a vida do Peixotto. — Suspirou. — Notícias dela?

— Não mais, Micael evita de falar sobre ela. — Relaxei meus ombros. — É até bom, eu não preciso ficar lembrando que ela dorme com o... Pai da minha filha.

— Você já se perguntou?

— Em que?

— Como vai ser quando a Rayana descobrir tudo isso. — Lua gesticulou. — Sabe... Você tem que estar pronta.

— Eu já pensei mas... Preciso pensar mais. — Remexi meus lábios em dúvida. — Não sei como ela agiria.

— Também não sei. — Negou, em transe. — Será que ela te mataria? Ou mataria a Kate?

— Não sei. Você acha? — Mordi a ponta dos dedos.

— Não sei.

Estávamos em dúvida, em plena 01:34 da manhã.

— Acho melhor você comprar uma passagem de ida ao Afeganistão. — Lua gargalhou.

— Eu morreria dos dois jeitos. Não tem como fugir. — Fui até o telefone, discando alguns números.

— Está ligando pro namoradinho? Olha que eu vou contar pro Micael! — Terminou de rir.

— Eu vou pedir comida pra você, sua tonta! — Mostrei a língua antes de Lua começar a gargalhar de novo.

— Agora? E tem fast food essa hora?

— Tem fast food à todo o minuto! Você que é desatualizada.

— Tem certeza? Melhor não discutir comigo, você vai perder feio nessa briga. — Foi minha vez de rir. — Peça algo gostoso e pague! Vou tomar um banho e desfazer a minha mala.

Eu adorava a companhia de Lua, não podia negar.

Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada Where stories live. Discover now