Capítulo 47

136 11 5
                                    


— Olha só, o cara que não consegue viver sem mim. — Melanie entrou no centro cirúrgico, já vestida. Ficou ao lado de Micael, lhe ajudando. — Qual o problema, grande Borges?

Micael respirou fundo, nervoso.

— Ela está perdendo muito sangue, a barra é grossa e o perigo dela estar com tétano é bem maior. Se ela não estiver protegida, a perna dela vai pro saco. — Explicou. — E eu não quero que uma garotinha de seis anos perca a perna, não no meu hospital! — Foi grosso ao dizer, estava mais nervoso do que todos ali.

— Quer que eu fale com a mãe dela?

— Você não, mande ir algum auxiliar. — Voltou aos procedimentos. — Ande logo, me ajude aqui! — Pediu à Melanie que colocou a mão na massa, ajudando Micael.

3 horas restantes.

— Não é uma barra tão grande. — Mel observou a barra, enquanto estava com ela nas mãos. Deixou novamente na bandeja de metal. — Deve ser de alguma construção, algo assim. — Remexeu os lábios que estavam cobertos pela máscara.

— Mesmo assim deu trabalho pra tirar. — Micael finalizava os pontos. — Elenor ainda não chegou?

— Deve estar conversando com a mãe da menina. — Mel optou.

A auxiliar havia chegado, passou pela porta de vidro toda esterilizada, comunicando-se com Micael.

— As vacinas estão certas, podem ficar tranquilos! — Sorriu. — Tudo certo por aqui?

— Já retirei a barra. — Encarou rápido a auxiliar. — Vamos deixar ela em observação.

— OBSERVAÇÃO? — Mel arregalou os olhos. — Foi só uma cirurgia. Ela vai ficar bem!

— Eu não vou discutir com você, eu mando aqui. — Finalizou a cirurgia saindo da sala, foi até o lavabo coletivo, retirando a luva suja e higienizando as mãos.

Mel foi em seguida.

— Eu não entendo você. — Negou com a cabeça enquanto tirava a máscara, jogando fora. — Está nervoso por conta da menina ou por conta da clandestina?

— Eu já disse que você não faz parte de nada! — Encarou a mesma. — Não te interessa.

— Essa sua grosseria vai acabar matando os seus funcionários. — Pausou. — Gritando em centro cirúrgico, xingando eles... Somos pessoas normais. Seus problemas de casa devem ficar em casa!

Micael voou em cima dela, segurando seu pescoço, prensando ela na parede.

— Escuta aqui, sua piranha! — Cerrou os dentes. — Eu sei que foi você que disse pra Rayana onde eu estava. Eu sei de tudo! — Tinha ódio no olhar. — Eu tive dó de você, por isso não fiz nada. Mas agora você me fazendo perder a paciência. Sabe disso, não sabe? — Mel assentiu, tinha os olhos lacrimejados.

Soltou a mesma que tossiu um pouco, tocando seu pescoço.

— E não adianta fazer queixa de agressão, ninguém gosta de você. Ninguém te suporta!

— Vocês se merecem! Merecem demais. — Engoliu seco, seu pescoço ainda doía. — Acho que você nunca vai aprender, Borges. Nunca! — Saiu do lugar onde Micael estava, deixando ele sozinho, preso em pensamentos.

Estava cansado quando procurou a mãe da menina, que estava na sala de espera do hospital, ainda nervosa. Andava de um lado para o outro esperando alguma notícia.

— Graças a Deus! — Juntou as mãos. — Como ela está?

— Está ótima! — Sorriu. — Batimentos normais, nada na perna. A cirurgia foi um sucesso! — A mãe da garotinha sorria. — Porém, por precaução eu quero que ela fique comigo, no período de uma semana, em observação.

— Observação? Mas a cirurgia foi bem. — Não entendia.

— Sim mas... Eu quero ver se ela não vai ter nenhuma sequela na panturrilha, ou alguma dor, se a perna dela vai inchar... Essas coisas. — Explicou. — O hospital cuidará dela muito bem, a senhora pode buscar o crachá de identificação com o número do quarto, terá acesso à ela durante 24 horas. As refeições também serão fornecidas pelo hospital! — Sorriu acolhedor, a mãe da menina agradeceu. — Vamos cuidar muito bem dela.

— Obrigada, eu não saberia o que fazer se não trouxesse ela aqui.

— Vamos cuidar bem dela, eu prometo! — Colocou as mãos no bolso do jaleco. — Daqui à vinte minutos ela estará no quarto, se quiser buscar o crachá... Pode ir indo! — A mulher assentiu saindo das vistas de Micael.

Ele andou pelo corredor do hospital, calmo mas bem cansado. Despediu-se das recepcionistas e saiu pela porta automática, acionando o alarme da Range Rover. Trinta minutos depois e estava em casa, o inferno!

— Rayana? — Passou pela porta, tinha o jaleco nas mãos. — Rayana?

Estou aqui em cima. — Sua voz ecoou. Ele largou o jaleco no braço do sofá, subindo as escadas.

Encontrou a esposa dentro da banheira, com algumas velas ao redor e estava cheia de espuma, relaxando. O cheiro estava delicioso!

— O que está fazendo? — Encarou ela, escorado na porta, cruzou os braços.

— Me conectando com o bebê. — Sorriu. Era possível ver sua barriga enorme que ficava um pouco fora d'água. — Entra aqui, deve estar cansado!

— Não, não. Eu vou verificar alguns problemas do hospital. — Mentiu. — Mas acho legal você estar se conectando com o bebê. — Assentiu, cansado.

— Você não quer conversar? Falar sobre o dia de hoje. — Molhou seu colo.

— O dia de hoje foi igual à todos os dias. Nada de interessante!

— Certeza? Você parece mais cansado do que o normal. — Rayana arregalou os olhos. — Ah, ele chutou! Marcel chutou! — Vibrou em comemoração, Micael negou com a cabeça, rindo.

— Normal.

— Por que é normal? Tudo pra você é normal! — Esbraveceu em segundos. — Não está feliz com nada. Eu tento, Micael. Mas é difícil!

— Eu não quero brigar, bem?

— Você sempre vem no quesito brigar, é impressionante. — Umedeceu os lábios, brava. — Eu fico o dia inteiro sozinha e você sempre acha um jeito de brigarmos.

— Eu estou cansado, só isso! E preciso ajeitar algumas papeladas. Não é fácil ser o dono do hospital.

— Então venda aquela merda e os seus problemas vão acabar.

— Aquela merda? Você acha que salvar vidas é uma merda? Você sempre foi mesquinha! — Soltou. — Sempre! Sempre falando o que não deve dizer.

— Você entendeu o sentido figurado da coisa.

— Entendi sim! Tanto que entendi até demais. — Debochou. — Sinto pena de você, Rayana.

— Sei lá, ás vezes parece que você já presenciou momentos como esse. — Ficou em silêncio, olhando a espuma da banheira, triste.

Ele já havia presenciado, só ela que não sabia.

Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora