Capítulo 53

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— Bom dia! — Observei Micael que estava sentado na mesa, ainda não tinha tomado café.

— Bom dia! — Me sentei, sorrindo. — Kate ainda não acordou? Ela vai se atrasar!

— Eu já levei ela. — Arregalei meus olhos. — Parece que você... Dormiu demais. As aulas devem estar te cansando. — Bebeu um pouco de café.

Nem me fale. — Cortei meu pão. — Hoje estou livre na parte da manhã, só precisarei ir em uma aula. — Expliquei ao mesmo que assentiu. — Vou sair daqui à pouco.

— Tudo bem. — Ficou em silêncio. — Minha mãe deveria ter deixado o carro, eu poderia te dar uma carona.

— Não precisa. — O encarei. — Eu vou chamar um táxi! — Sorri leve. — Você quer ir comigo?

Pra onde? — Tinha um olhar curioso.

— Eu vou ao ginecologista. Eu tenho transvaginal hoje. — Disse com a maior naturalidade.

Senti que Micael ficou um pouco desconfortável, apesar de ser médico.

— Melhor você ir sozinha. — Sorriu falso.

— Sabe... Você não precisa ficar assim.

— Assim como? — Arqueou uma sobrancelha.

— Assim... Fingindo que tem um muro em nossa frente. — Pausou. — Não precisa ser frio, monossilábico... Onde está o Micael de antes?

— Ele te deixou em paz. — Cerrou os olhos. — Você não queria seguir a sua vida? Eu estou deixando você seguir a sua vida. — Encarava o café, em transe, pensando no que iria dizer.

— Então vai ser assim? — Umedeci os lábios, engolindo meu choro. — Você vai se afastar de mim?

— Eu não vou me afastar de você, só... Vou te deixar seguir em frente. — Disse calmo. — Fico feliz em saber que você está se dedicando nos estudos, fazendo a faculdade que você queria. — Me encarou. — Eu fico extremamente feliz.

— Para de mentir.

— Não estou mentindo. — Pausou. — Eu te amo, Sophia! Nada vai mudar isso, só que, estamos em níveis diferentes agora. Você sempre me pediu paz, então, estou fazendo meu papel. — Ficou em silêncio.

Suspirei, largando meu pão.

— Quer saber? Nunca pensei que chegaria à esse ponto com você. — Engoli seco. — Um ex-casal divorciado que segue somente aos pedidos da filha. — Me levantei. — A vida é assim mesmo, Micael!

Deixei Micael terminar seu café sozinho, fui até o quarto tomando um banho e trocando de roupa. Tinha que estar no consultório em menos de uma hora.

Rayana estava tendo surtos quando Antônia lhe contou que Micael estava em um "retiro espiritual". Era o que Seattle inteira dizia, depois do hospital estar em duas capas de jornais, em dias seguidos.

— Retiro espiritual? — Colocou as mãos na cintura.

— Exatamente! Ele só vai voltar quando estiver pronto. — Mexeu em seus cabelos. — Só achei que deveria te avisar, você é... Mulher dele.

— E sou a última a saber de tudo, impressionante. — Esbraveceu. — E como eu fico? E se Marcel resolver nascer?

— Marcel não vai nascer agora, sabemos que ainda não está na hora. Não seja tão...

— Tão?

— Apressada. — Trocou as palavras para não xingar Rayana. — Você pode chamar a sua mãe, sabemos que ela está disponível em todos os momentos.

— Está querendo chamar a minha mãe de quê?

— De nada, oras! — Riu em deboche. — Por que você é assim? Sempre querendo explicação de tudo.

— Explicação de tudo? Meu marido sumiu e eu sou a última a saber, sério mesmo que eu não preciso saber de nada?

— Eu já disse que Micael está bem! Ele precisa sair desse foco, a mídia está em cima, ele não teria cabeça pra cuidar de tudo.

Rayana preparou-se para falar.

— A mídia quer artifício em cima dele. — Umedeceu os lábios. — Todos nós sabemos que Micael é um excelente profissional, ele não precisa se esconder. Agora... Eu gostaria mesmo de conseguir falar com ele, pelo menos saber se ele está bem, mas, eu queria escutar a voz dele. — Pediu. — Por mim e por Marcel. — Ninou a barriga.

— Infelizmente não será possível! — Antônia levantou-se do sofá, colocou a bolsa entre os ombros. — Você saberá dele quando ele estiver aqui, mas já disse que Micael está bem. Você não precisa se preocupar.

Rayana assentiu, encarava o chão, com raiva. Perdeu uma guerra feia com Antônia, sempre perdia.

— A sua família é uma merda, sabia? — Soltou. — Não sobrou ninguém, só você. Já pensou nisso?

— É, Rayana! Como se a sua família fosse bem preciosa. — Debochou. — O seu pai é um ótimo homem, muito... Honesto, quem sabe?

— Não venha inverter os papéis.

— Eu inverto porque estamos na mesma situação. — Cerrou os dentes. — Você acha que pode tudo, mas não pode nada.

— Deve ser péssimo ser você. Imagine. — Gesticulou as mãos. — Perdeu os filhos, o marido e ainda por cima começou a gostar de mulher. Jorge deve ter se arrependido muito. — Rayana negou com a cabeça.

E recebeu um tapa no rosto, a palma da mão de Antônia estralou em sua bochecha. A mesma ficou sem reação.

— Obrigada, sogrinha!

— Espero que você queime no fogo do inferno, vadia sem noção.

— Eu vou adorar! Mas vou levar você junto.

— Eu gostaria de saber o que meu filho viu em você, a maldade em pessoa.

— Eu sei o que eu faço, e sabemos muito bem no que ele se interessou. Mas agora... Já está tarde pra fazer devolução. — Riu sarcástica. — Você vai ter que me engolir, de todo o jeito.

Antônia negou com a cabeça, saiu o mais rápido que pôde. Tinha tanta raiva de Rayana que poderia cometer alguma loucura, mas pensou em Marcel, que para todos os efeitos ainda era seu neto e não tinha nada a ver com aquilo.

Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada Kde žijí příběhy. Začni objevovat