Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada

Capítulo 26

Eu estava preparando minha mala na tarde seguinte, separei algumas blusas e fiz uma parte com blusas de Kate, iríamos levar apenas uma mala por conta do caos do aeroporto. Eu não iria ficar muitos dias, só queria ver Lua e me acertar com a mesma, estava sentindo falta.

Fechei o zíper da mala e coloquei no canto do quarto, a campainha tocou soando um barulho irritante. Fui atender.

— Prestativo. — Brinquei com Austin que estava perfeitamente vestido, um casual fashion. Tinha uma mala de couro nas mãos. — Entra!

— Obrigado. — Sorriu leve. — Ele está vindo?

— Eu pedi pra que viesse mais tarde. Não queria ele enchendo o meu saco. — Austin riu. — Está com todos os papéis?

— Trouxe os necessários. — Sentou-se no sofá. — Vou fazê-lo aceitar todos os termos, vai ser melhor pra todo mundo.

— Se você conseguir, te dou um beijo. — Soltei. Austin sabia que era brincadeira quando comecei a rir feito uma louca.

Eu estava brincando com fogo.

— Se me der um beijo, terá que se acertar com a minha... Ficante. — Deu ênfase na última palavra. — Ela é osso duro de roer.

— Você está saindo com alguém? — Me interessei mas na verdade estava sem graça.

— Estou sim. Ela também é advogada! — Sorriu. — Estamos nos dando bem.

— Que ótimo, Austin.

— Eu preciso viver a minha vida. — Me encarou fundo. — Você sabe... Não sabe?

— É, eu sei sim. — Caminhei até à cozinha. — Gostaria de beber alguma coisa? — Optei. — Vinho? Água? Água com gás? — Arqueei uma sobrancelha.

— Água com gás, por favor. — Assenti. Abri a geladeira enquanto pegava a água com gás para Austin.

Eu estava tensa! Receberia Micael e Austin para uma conversa de negócios, é claro que iríamos decidir a guarda de Kate mas tinha 99% de certeza que Micael ficaria uma fera, e, não aceitaria nada do que eu falasse.

— Você vai ao Brasil? — Austin puxou um assunto.

— Minha mãe te contou? — Ele riu. — Ela é uma piada!

— Sua mãe é como uma mãe pra mim.

— Minha mãe é fofoqueira. — Despejei o vinho na taça. — E sim, eu irei ao Brasil. Acho que até te falei isso. — Senti o gosto alcoólico da bebida, aquela noite seria longa. — Você acha que Lua irá me perdoar? — Remexi os lábios, indecisa.

— Vocês brigaram?

— Tecnicamente sim.

— Converse com ela. Você sabe que... Ela vai te aceitar. — Austin sorriu.

Escutamos a Range Rover de Micael estacionar do lado de fora, me arrumei rapidamente para esperá-lo. Esperei pela campainha que não demorou para soar irritante dentro de casa.

— Oi. — Ele sorriu. — O que esse cara tá fazendo aqui?

— Nós precisamos conversar. — Austin sondou autoritário. — Sophia me chamou aqui porque vocês precisam se resolver.

— Eu me resolvo com ela, não preciso de você. E além do mais, por que você está aqui? — Micael franziu o cenho, não estava entendendo nada.

— Eu chamei o Austin porque precisamos decidir a nossa quase separação. — Cruzei meus braços, não tinha a face muito boa. Eu olhava Micael com desprezo e tristeza, era isso que eu sentia depois que soube da gravidez de Rayana.

— Tá brincando, né?

— Eu já brinquei alguma vez?

— É sério isso mesmo? — Micael esbraveceu. — Eu pensei que a gente iria se resolver.

— Não existe mais "a gente". — Fiz aspas com as mãos. — Existe eu e você, não podemos esquecer da Kate. — Encarei o chão. — Austin, pode dar as palavras por favor?

— Enfim. — Austin tirou dois papéis da sua maleta de couro. — Isso é um documento que comprova a separação de bens. — Entregou à Micael que pegou com cautela, lendo por cima. — Sophia terá metade de tudo que você tem, por conta da menina Kate, e, sua mulher Rayana não saberá de nada. A menina Kate poderá ver você nos fins de semana, o horário de busca começa à partir de oito horas da manhã e o término às nove. Você também assinará um termo de responsabilidade, qualquer acontecimento deverá prestar ajuda. — A pupila de Micael dilatou ao ler as letras do documento. Aquilo foi um absurdo à ele.

— Como é que é? — Ele riu, nervoso. — É sério isso, Sophia? Você contratou ele como seu advogado?

— Eu faço o que eu posso.

— Você vai ser assim? — Me encarava com braveza.

— Eu disse que você morreria na minha mão.

— Ok, eu quero o direito de ter o meu advogado ao meu lado. — Decretou. — E enquanto a Kate, eu quero ir ao tribunal lutar pela guarda da minha filha.

Me gelei inteira.

— Micael, você não irá conseguir a guarda de Kate. — Austin foi breve. — A menos que sua mulher saiba do acontecido.

Ficamos em silêncio, ele também não tinha pensado nesse propósito. Foi sufocante à nós dois, parecia que eu estava cutucando algo que era para deixar enterrado.

— É isso que você quer? — Ele me encarou, estava esperando outra resposta de mim.

— É! É isso que eu quero. — Engoli seco. — Você vai poder ser feliz, sem mim, sem esconder nada. Talvez lá na frente eu possa contar à Rayana que Kate é a sua filha. — Pausei. — Mas eu quero distância de você. — Eu não queria a distância dele, eu estava sendo cruel comigo mesma.

Mas se não fosse assim, eu não iria melhorar nunca.

— Tudo bem. — Respirou fundo. — Pode me emprestar uma caneta, doutor? — Perguntou à Austin com deboche, teve a caneta em mãos e assinou o documento que tinha uma cópia. Entrou a original à Austin.

— Obrigado, Micael! Essa cópia ficará com você. Qualquer coisa pode me mandar mensagem ou marcar algo. — Optou para mim, assenti em agradecimento. — Até mais, Micael! — Deu as mãos mas ficou sozinho, Micael não lhe cumprimentou. Austin foi embora nós deixando à sós.

O momento mais terrível do mundo.

— Você foi cruel dessa vez. Muito cruel!

— Você me magoou demais, Micael. — Minhas lágrimas caíram. — Eu preciso viver, você precisa viver. Eu não quero mais ficar presa nesse lugar enquanto você explora tudo do bom e do melhor. — Soltei. — Eu quero que você seja feliz!

Ele ficou em silêncio, ele preferiu o silêncio.

— Saiba que sempre eu vou te amar, não importa o que aconteça. — Tentou se aproximar, dei um passo para trás. — Eu te amo demais, Sophia. E sei que ainda não acabou. — Avisou antes de sair.

Eu estava sozinha novamente, era hora de recomeçar.