Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada

Capítulo 20

Micael estava atordoado quando voltou ao hospital, não queria ficar em casa e ter que olhar Rayana. Entrou como um tiro no enorme local, Will ainda estava lá, mexendo no estoque de produtos. Já era tarde!

— Borges? Aconteceu alguma coisa? — Ficou preocupado ao dizer.

— Rayana está grávida! — Sua face de derrotado era péssima. — E eu não queria.

— Como assim você não queria?

— Eu nunca quis ter filhos com ela, eu não amo ela. — Sentou-se no chão. Encostou a cabeça na parede. — Parece que eu tomei um tiro e morri em seguida.

— Ela não usava métodos anticoncepcionais? — Will sentou-se ao lado dele, foi participativo na conversa.

— Usava. Foi a vaca da ginecologista dela. — Soltou. — Amanhã eu quero o telefone da clínica, eu vou processar aquela brutamontes! — Bufou. — Que inferno! Kate até então era pra ser dona disso tudo.

Ficaram em silêncio. Micael ficou em transe ao silabar a palavra:

— Sophia. — Encarava sua frente, como se não estivesse ali.

— Sabe. — Pausou. — Eu sei quase tudo o que acontece na sua vida, você sabe. — Mexeu os ombros. — Não é hora de você jogar a toalha?

Micael encarou Will.

— Jogar a toalha?

— É! As vezes pode ser consciente, você contar pra Rayana sobre Sophia e sua filha. Você sabe! — Disse calmo. — Eu sei que ela vai surtar e tudo mais, mas é melhor do que você ficar assim, sofrendo.

— Eu não posso, Will. Tem muita coisa em jogo. Você não sabe do que Rayana é capaz.

— Só você sabe do que ela é capaz.

— Exatamente! Por isso eu escondo Sophia. — Umedeceu os lábios. — Eu não sei como eu vou contar isso pra ela, de verdade.

— Contando. — Foi óbvio ao dizer. — Ela vai entender.

— Eu já magoei ela demais, Will. Eu não posso perder ela.

— Alguém disse em perder?

— Mas eu sei que vou! A Sophia não vai aceitar isso, nem por um caralho.

— Como você tem tanta certeza?

— Porque eu prometi. — Seus olhos lacrimejaram. — Eu prometi em nome da minha filha, e falhei, como um covarde.

Will abraçou Micael que acabou-se de chorar. O problema era: eu não aceitaria nada que viria de Rayana, ele tinha que achar um jeito, o mais rápido possível.

— Vá pra casa, descanse e converse com Sophia. Você sabe o que tem que fazer. — Apoiou uma mão no ombro do amigo. — Amanhã você me procura e então podemos conversar.

— É, vai ser melhor. — Secou suas lágrimas. — Pareço uma mariquinha?

— Parece! — Os dois riram. — Agora eu posso dizer que vi o Borges chorando, vou contar pra todos que almoçam no refeitório.

— Vá se foder. — Terminou de rir. — Obrigado pelo conselho, cara. Eu não sabia mesmo o que fazer, estava perdido.

— Não precisa agradecer, eu sou seu amigo, nunca se esqueça. — Sorriu acolhedor.

Micael levantou-se ainda derrotado, foi embora do hospital e decidiu dormir em algum hotel mais próximo, estava com tanto ódio de Rayana que não conseguia viver no mesmo ambiente que ela. Mas ele teria! Ele tinha que aceitar!

No dia seguinte fez check-out do hotel, saiu tranquilo e dirigiu ao condomínio onde eu morava. Estava suando frio com as palavras que teria que dizer, ele só não sabia como. Abri a porta quando escutei o barulho do motor da Range Rover, fazia três dias que Micael não aparecia, fiquei feliz em vê-lo.

— Amor. — Caminhei até a porta do carro, lhe dando um beijo.

— Oi amor. — Não parecia muito feliz. — Você está bem?

— Estou sim. — Meu riso morreu. — Aconteceu alguma coisa? — Cruzei os braços, preocupada.

— Vamos entrar? — Sorriu falso à mim. Entramos juntos em casa.

Ele sentou-se na mesa, deixou a chave do carro em cima da madeira maciça.

— Kate está na escola? — Observou o local. Micael estava muito estranho!

— Está sim. — Sentei em sua frente. — Pode me dizer o que aconteceu? — Meu corpo estava tenso, ele parecia tão mal.

Afinal, ele estava mal!

— Eu não sei como eu vou te dizer isso. — Encarou os lados, coçou a nuca e esfregou o rosto com a palma das mãos. — Parece um pesadelo, eu juro!

— Micael, anda logo! O que aconteceu? Eu estou ficando preocupada. — Me alterei.

O silêncio foi uma morte pra mim.

— Rayana está grávida! Eu fiquei sabendo ontem. — Eu fiquei em transe. — Eu não sabia como te contar isso, nós brigamos quando eu soube. Eu também estou... Eu não sei o que fazer, eu estou perdido! Ela passou de todos os limites.

As lágrimas saíram dos meus olhos, automaticamente. Enquanto eu encarava o canto da mesa, por segundos eu desejei ser aquela mesa, pelo menos ela não sentiria a dor que eu estava sentindo.

— Sophia, fala comigo! — Me encarava. — Pelo amor de Deus, fala comigo. — Disse um pouco baixo.

— Você me prometeu. — Meus lábios batiam, de nervoso. Eu estava tão gelada que poderia desmaiar a qualquer momento. — Você me prometeu que só teria filhos comigo. Só teria filhos comigo. Só teria filhos... Comigo. — Cai em lágrimas.

— Meu amor, eu também não sabia de nada. Eu juro que...

— VOCÊ SÓ TERIA FILHOS COMIGO! — Me levantei furiosa. Estava me desabando quando Micael me acudiu, bati em suas mãos. — VOCÊ ME TRAIU! VOCÊ ME TRAIU! ME TRAIU FEIO, MICAEL! — Eu iria passar mal.

— Para com isso. Dá pra você olhar pra mim? — Segurou em meus braços.

Dei um tapa em sua face, ele não conseguiu reagir a tempo, até ele ficou surpreso.

— Vai embora daqui. — Cerrei meus dentes. — Ou melhor, não vai embora não. Eu tenho uma ideia melhor! — Surtei. Caminhei até o telefone discando alguns números, Micael tentou me parar.

— Pra quem você está ligando, porra? — Tentou pegar o aparelho das minhas mãos.

— Eu vou ligar pra escola da Kate, vou buscar ela e trazê-la pra casa. Assim você pode contar à ela que vai ter outro filho. — Micael conseguiu pegar o telefone das minhas mãos, jogando longe.

— PARA COM ISSO! PARA COM ISSO! — Me segurou. — ISSO JÁ ESTÁ ME AGONIANDO, AGORA VOCÊ TAMBÉM?

— EU NÃO MANDEI VOCÊ TER OUTRO FILHO. VOCÊ TRANSOU COM ELA, VOCÊS PROVOCARAM ISSO. — Estava nervosa demais. — Eu odeio você, EU ODEIO VOCÊ! — Comecei a bater em Micael, diversas vezes.

Mas meu corpo disse outra coisa, meu corpo respondeu por outra coisa. O aperto no meu coração foi forte, me fazendo apagar.