Capítulo 27

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— Onde você estava? — Rayana perguntou quando Micael passou pela porta, bravo, estressado e triste. — Eu fiquei esperando você.

— Eu mandei você me esperar? — Encarou ela.

— Por que tanta grosseria?

— Eu sou assim. — Subiu as escadas, ela o seguiu.

— Você não estava assim quando saiu daqui. Onde você estava? — Escorou no batente da porta.

— Eu estava resolvendo problemas.

— Se eu souber que esse seu problema tem saia, você está morto. — Cerrou os dentes.

— Por que você não cuida do meu filho? — Entrou no closet. — Ele precisa de você mais do que tudo nesse momento, é um momento... Um momento incrível! — Lembrou-se da minha gravidez, enquanto ficava em transe, encarando o móvel branco do closet. — Eu gostaria de voltar no tempo e talvez... Tão linda! — Sussurrou.

— O que disse? — Tirou Micael do transe.

— Nada. — Saiu do closet. — Eu estou estressado, só isso. Preciso de paz!

— Você sempre quer paz, sempre quer ficar sozinho. — Pausou. — Eu preciso de você nesse momento delicado da minha vida.

— Ninguém mandou você engravidar.

— Ah, eu? — Ficou surpresa. — A gente fez, nós dois, você também tem uma parcela de culpa.

— Me arrependo muito disso. — Encarou a mesma. — Eu quero paz, só isso. Se você me der uma colher de chá hoje, eu juro que, deixo você falar tudo o que quiser quando eu melhorar.

— Eu só quero saber onde você estava. — Cruzou os braços. — Depois disso, pode descansar.

— Eu estava no estoque e sumiu alguns aparelhos caros. — Mentiu. — Por isso eu preciso pensar no que fazer.

— Esse hospital vai te matar!

— Antes ele do que você. — Saiu do quarto, deixando Rayana sozinha e acreditando em suas mentiras.

Dois dias depois.

Eu estava um pouco feliz com a viagem até o Brasil, arrumei Kate que não queria viajar de jeito nenhum mas logo cederia ao ver as belíssimas praias do Rio de Janeiro. Chamei um táxi que chegou alguns minutos depois, fomos até o aeroporto fazendo toda a rota cansativa de voo. Eu agradeci quando entramos no avião, nos acomodando em nossos lugares.

— Você quer assistir alguma coisa? — Perguntei doce à Kate enquanto víamos o monitor pequeno na poltrona. Ela assentiu, meio triste. — Por que está triste?

— Eu queria que o papai viesse com a gente. — Piscou os olhinhos cansados. — Você não gosta mais do papai!

— Kate, o fato de eu e seu pai nos separarmos não vai mudar em nada, ele ainda vai continuar sendo o seu pai. — Tentei não perder a paciência. — Que tal Barbie? Ou podemos escolher esse! — Optei.

— Eu não quero ver nada. — Virou-se ao outro lado, se encolhendo como uma adolescente. Eu teria problemas com Kate e tinha que estar pronta.

Horas depois.
Rio de Janeiro - RJ.
Aeroporto Santos Dumont. | 14:45 da tarde.

Rio de Janeiro! O calor do local fez com que eu me sentisse satisfeita, saímos do avião e fomos até a esteira na busca de nossas malas. Kate ainda estava meia sonolenta por conta do sono no avião mas logo animou-se ao ver tanta gente diferente.

— Mamãe, onde a gente vai?

— Nós vamos até o hotel e... — Fui surpreendida por Lua que estava no meio do aeroporto, segurava uma placa com alguma caligrafia, Borges, estava afirmando que ela me esperava ali por algumas horas. Me surpreendi!

— Oi. — Sorri. Dei um abraço apertado na mesma. — Me desculpa? Eu fui uma idiota!

— Eu sei, eu sempre ganho nesse quesito. — Rimos. — Como você está? — Me encarou.

— Um caquinho?

— Vamos! Esse lugar me dá asco. — Caminhamos até a saída. — Como você está, princesinha? — Teve a mesma no colo.

— Eu estou bem, tia Lua! O Acsa vai brincar comigo?

— O Acsa ainda é um bebê. — Lua sorriu, prendeu Kate na cadeirinha. — Mas você pode brincar com ele quando quiser. — Kate sorriu, animada.

Lua entrou no lugar do motorista enquanto eu me ajeitava no banco do passageiro. Colocamos o cinto e seguimos até sua casa.

— Me conte as novidades de New York City. — Brincou. Tinha as duas mãos levemente no volante do Jeep.

— Dividimos a guarda da Kate. — Engoli seco, contar aquilo ainda era novo para mim. — Micael assinou um papel da advocacia.

— Como é? — Se chocou. — Sua mãe não tinha me contado esse detalhe. Então ele aceitou?

— É, ele aceitou. De tanto eu falar.

— Gostei de ver! Está criando atitude. — Lua assentiu. — Como ele ficou?

— Ele quer voltar atrás mas eu não quero! — Queria sim. — Eu vou viver a minha vida.

— Só espero que dessa vez você use camisinha. — Revirei meus olhos. — Tudo pode acontecer, de novo. Você sabe!

— Eu sei, eu sei. Mas eu não quero pensar nisso, eu quero focar na minha faculdade. — Sorri. — Quero achar alguma universidade que me dê boa formação acadêmica.

— Ok, você quer estudar sendo que está ganhando uma grana preta do Borges, é sério isso?

— Eu não quero ficar dependente dele, já falamos sobre isso. — Congelei meu sorriso, sendo debochada.

— Você não vai ser "dependente dele". — Fez aspas com os dedos. — É a lei do mundo! Ele vai dar o dinheiro da Kate que tecnicamente será seu.

— Eu não quero que ele esfregue na minha cara que eu uso o dinheiro dele. Entende?

— Ele nunca faria isso.

— Você não conhece o Micael.

— Ah, eu conheço sim! Conheço mais do que você e sei que ele nunca faria isso, ainda mais com você. Ele te ama e é louco pela sua pessoa. — Disse calma. — Não seja tão boba, Abrahão.

— Você vai me dar conselhos certos agora que eu estou separada dele?

— Na verdade eu iria te matar se você estivesse vivendo aquele seu mundo travado. Você sabe, não sabe?

— Mundo travado? — Não entendi.

— O mundo que você só fica presa, sendo guardada por Micael Borges que será... — Fiz uma careta à Lua que entendeu. — Ops! Você ainda não contou?

— É cedo demais pra isso.

— Ela é inteligente demais, vai saber de uma hora ou outra.

— Não por mim.

— Você vai ter que explicar pra ela, Sophia!

— Ela vai entender, mais pra frente. Eu vou pedir pra que o pai dela explique. — Soei curta e grossa, Lua revirou os olhos.

— Essa história vai ser longa demais, espero ter vida pra poder acompanhar.

Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada Where stories live. Discover now