Capítulo 79

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Micael estava perdido em pensamentos quando escutou um barulho de batidas na porta. Pediu que entrasse e avistou Mel, um pouco cansada por tanta correria.

— Como você está? — Levantou os ombros, amigável.

— Péssimo. — Massageou as têmporas. — Ela anda agressiva demais, chata demais. Aliás, chata ela já é! — Mel riu leve. — Como foi hoje com ela?

— Ela estava com medo mas acabou cedendo. — Pausou. — Agora vamos aguardar o resultado, que deve ficar pronto amanhã.

— Não tem como adiar o processo? Eu estou ficando preocupado, de verdade.

— Está preocupado em perder a esposa ou... Preocupado com a situação?

— Por que perder a esposa? — Franziu o cenho. — Não entendi o deboche.

— Não fui debochada. — Sentou-se no sofá, colocando as mãos no joelhos. — Só quis dizer o que você está sentindo.

— Você diz em relação... Se Rayana morrer, quem vai ficar com Marcel?

Micael fuzilou Melanie com o olhar, não tinha virado uma conversa agradável.

— Não foi...

— Foi sim! Foi sim! — Assentiu. — Isso importa tanto pra você, Mel? Por que?

— Porque eu acho uma tremenda sacanagem você fazer isso com ela. É isso que eu acho! — Soltou. — Ela é sua mulher e está doente, enquanto a outra fica passeando por aí, fingindo que nada acontece.

Ele levantou rapidamente, ficando frente à frente com Mel enquanto apontava o indicador em sua face. Estava com raiva, nervoso e puto.

— Você nunca mais ouse falar de Sophia desse jeito. Ok? — Cerrou os dentes. — Você entendeu ou quer que eu desenhe?

— Você gosta tanto da menina, assuma logo sua responsabilidade. Rayana está fraca, não vai poder fazer nada. — Soltou, respirando ofegante. — Você é sujo, Borges! Sujo! Eu não gostaria de ficar ao seu lado, chamar você de marido.

— Ainda bem que a história não é essa. — Silabou. — Quem sabe da minha vida sou eu, não adianta você querer mandar em mim. — Deixou Mel de lado. — E eu espero que você não ouse falar mais disso, minhas decisões... Eu resolvo!

Fim de discussão. Foi uma péssima idéia Mel ter ido na sala de Micael, encher seu saco.

Enquanto o atrito ocorria no hospital, eu estava tranquila saindo de mais uma aula na universidade. Kate estava na escola e minha mãe não parava de me mandar mensagens, enquanto seguia até o ponto de ônibus. Foi estranho ao meu ver que não continha quase ninguém ali, em plena luz do dia.

Um veículo cinza, de luxo, parou em minha frente e foi rápido demais alguém sair de lá e me puxar pra dentro, trancando todas as portas.

— Quietinha! — Colocou as mãos em minha boca, estava assustada ao ver Arthur em pessoa, parecia mais formal do que já era. — Quietinha se não eu acabo com você.

Acalmei minha respiração, não era todo dia que éramos sequestradas.

Arthur soltou a mão da minha boca, aos poucos. Se eu gritasse seria pior, optei pelo silêncio e nervosismo estampado em meu rosto.

— O que você quer? — Disse, meus lábios tremiam. Eu ainda continuava encolhida no banco do carro.

— Eu já sei de tudo. — Pausou. — Rayana está doente e Micael ainda continua com você. Impressionante! — Sorriu maléfico. — Lua continua morando no Brasil, você viaja de vez em quando... Eu queria ter a sua vida, Sophia Abrahão. — Me encarou.

— O que você quer? — Repeti.

— Eu quero isso! — Me mostrou um envelope, em tom pardo, perfeitamente lacrado. Balançou o objeto enquanto tinha um IPhone na outra mão, me entregando. — Sabe o que tem aqui? São fotos! Fotos da evolução do casal mais sem vergonha que existe. — Umedeceu os lábios. — Fotos de você grávida, fotos da Kate, fotos dos três... Tão lindos juntos.

Fechei meus olhos, chorando. Ele não podia estar fazendo isso, éramos todos amigos.

— Eu quero que você ligue ao Micael e marque um jantar especial, na sua casa. — Me entregou o celular. — Faça ele vir e não diga que estou aqui, caso contrário, as fotos serão enviadas à residência dos Borges. Rayana verá tudo e acabará com essa história de uma vez, é claro, se Micael não aceitar a minha proposta. — Engoli seco.

Fui chantageada e não tive por onde correr. Busquei o celular ainda trêmula e disquei o número de Micael, rezando pra que o mesmo atendesse. Não podia demonstrar nervosismo, se não, estaria tudo perdido e ele desconfiaria de muita coisa.

— Alô?

— Micael? Sou eu, Sophia. — Fechei meus olhos.

— Oi, amor. Aconteceu alguma coisa?

— Não. Não aconteceu nada. — Sorri aliviada. — Eu queria fazer um jantar especial, amanhã à noite. — Arthur assentiu, satisfeito. — Você pode vir? Não aceito não como resposta.

— Amor, você sabe que está complicado por aqui. — Pausou. — Mas vou dar um jeito de ir, tudo bem? Se caso eu não ir, marcamos outro dia.

— Micael você ter que vir, é sério! — Soltei e arregalei meus olhos, espero que ele não tenha percebido.

— Sophia? Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

— Está tudo bem sim. Estamos todas bem, não precisa se preocupar. — Tinha desgosto em meu olhar.

— Ok então... Eu irei sim! Chegarei aí amanhã, pela caída da noite.

— Certo! Fique bem, eu te amo.

— Eu também te amo, meu amor.

Micael encerrou a ligação, entreguei o celular à Arthur novamente.

— Ele vai vir, amanhã à noite. — Disse ao mesmo.

— Ótimo, ótimo! — Estava satisfeito. — Você fez bem o seu teatro, Micael caiu direitinho. Ele é um idiota por você.

— Por que não deixa a gente em paz, hein?

— Porque vocês são ridículos. Eu não aguento mais essa palhaçada de esconde-esconde. — Pausou. — Micael mentiu pra mim, eu não fiz nada com ele ainda mas tinha que voltar pra dar um choque de realidade. Aquela família nojenta dos infernos.

— Você é nojento! Como Lua pôde gostar de você por tanto tempo?

Recebi um tapa forte no rosto, grunhi.

— Cai fora do meu carro e continua a sua vidinha de merda. — Destravou o veículo. — Amanhã estarei na sua casa, espero que não me decepcione. — Sai às pressas, vendo Arthur cantar pneu.

O mesmo continuou dirigindo em direção ao hotel que estava, digitou alguns números no celular e esperou que a ligação começasse.

— Peguei ela! Já está tudo esquematizado.

— Eu conversei com ele mas sempre age de maneira impulsa. Se fosse possível, ele me bateria.

— Ele vai encerrar esse figurino de super homem, amanhã à noite. — Apertou o volante. — Se tudo der certo, Rayana saberá no fim de semana.

— Espero que sim! Amanhã pegarei o restante dos exames dela. Chega de farsas, Micael Borges. Seus dias estão contados!

— E como estão. Eu mal posso esperar, Mel. Mal posso esperar!

Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada Where stories live. Discover now