Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada

Capítulo 21

Eu estava me lembrando quando cai de bicicleta, eu tinha sete anos quando isso aconteceu. Estávamos em Nova Iorque, em uma casa tecnicamente reformada. Meu pai já tinha falecido e minha mãe não tinha o humor muito bom, afinal, ela perdeu seu humor quando meu pai veio a falecer. Naquele dia eu fiz uma manobra engraçada, derrapando na areia de construção que havia na frente de outra casa. Cai e ralei meu joelho, minha mãe brigou comigo e disse que eu sofreria quando tivesse filhos, e esperava que meu marido me ajudasse, já que meu pai não estava mais presente! Aquele dia eu tive certeza que ela não quis dizer por mau, ela só estava cansada de tudo que estava acontecendo na sua vida. Assim como eu estava cansada de tudo que estava acontecendo.

— Amor? Amor? — Acordei, encarando ao redor.

Micael estava agachado em minha frente enquanto eu estava em uma poltrona. Eu não sabia como tinha parado ali.

— Não acredito, você dormiu de novo! — Achou graça.

— Onde estamos? — Observei o local. O apartamento de Nova Iorque rondou em meus olhares.

— Como assim, amor? — Estava ficando preocupado. — Estamos em Nova Iorque, na nossa casa. — Disse óbvio.

Esfreguei meu rosto e senti algo em meu dedo, encarei a aliança reluzente de ouro, fina, em meu anelar da mão esquerda.

— Eu... O que aconteceu? — Franzi o cenho.

— Eu fui buscar Kate no acampamento, deixei ela na sua mãe e quando voltei... Você estava aqui! Dormindo! — Achou graça. — E agora está me deixando preocupado.

— Kate é muito nova pra acampar.

— Vai dizer isso aos meninos também?

— Meninos? — Senti uma bola em minha barriga, eu estava grávida! De novo. — Micael?

— Sophia Abrahão, planeta terra chamando! — Brincou. — Eu sou Micael Borges, casado com você, ok? Temos quatro filhos, eu trabalho no hospital...

— Onde está Rayana?

— Você adora colocar ela no nosso relacionamento, não é? — Negou com a cabeça. — Amor, ela tem a vida dela. Já está casada, com outro, bem longe daqui. Europa parece longe, acredito eu. — Franziu o cenho, pensando. — Podemos ir para a Europa no nosso aniversário de casamento. — Sorriu.

— Sim. — Sorrimos. — Eu te amo!

— Eu também amo você, meu amor. — Nos beijamos. — Eu vou trocar o soro dela.

— O que? — Não havia entendido, semicerrei meus olhos.

Acordei novamente, assustada. Encarei o quarto branco, com alguns detalhes agradáveis. Meus pés estavam cobertos pelo lençol do hospital de Micael, consegui ver as siglas. E escutei sua voz, falando que iria trocar o meu soro.

O observei lentamente, abrindo meus olhos e me acostumando com o local. Ele estava mexendo em outra bolsinha de soro, ao lado da cama, em um lugar apropriado. Retirou o estetoscópio me encarando.

— Graças a Deus! — Chegou mais perto, fez carinho em meu rosto. — Estamos todos preocupados.

Não consegui dizer.

— Está sentindo alguma coisa? — Foi doce ao me perguntar. Verificou meus batimentos com o estetoscópio.

— Estou com sede. — Reclamei. Eu estava com sede, realmente! Senti minha boca seca quando acordei.

— Vou pedir pra alguém trazer. — Sorriu, pegou o telefone na base ao meu lado, conversou breves palavras com alguém.

O encarei, ainda me acostumando com o que havia acontecido.

— O que houve comigo? — Perguntei.

— Você teve um pico de pressão, estava nervosa demais. — Pausou. — Seus batimentos foram lá em cima, causando que você desmaiasse. Estava desidratada também, não anda comendo direito?

— Você deveria se importar com o seu novo herdeiro. — Observei a janela. Não queria encara-lo.

— Ele não é o meu herdeiro!

— Claro que é! Você fez, você assumiu. — Fui grossa ao dizer. — Não quero mais falar sobre isso. Você pode ligar pra minha mãe?

— Claro. Eu entendo que você esteja...

— Você pode ligar pra minha mãe, por favor? — Estava sem paciência quando pedi, Micael assentiu me deixando sozinha.

Esperei minha água que chegou com minha mãe, ela segurava uma bandeja privilegiada, com frutas e comidas extremamente leves. Posicionou em minha cama, sorrindo.

— Como você está? — Sentou-se na poltrona confortável ao meu lado.

— Dói. — Ela já havia entendido.

— Lua foi em casa, disse que haviam discutido.

— Eu preciso pedir desculpas à ela.

— Precisa sim! Você não deveria ter feito o que fez, Lua é uma ótima amiga. — Disse calma. — O que vai fazer agora?

— Eu ainda não sei. — Bebi minha água. — Ele está bem derrotado, parece... Acabado demais.

— É claro que ele está! Ele te ama. — Arrumou sua bolsa em seu colo. — Sua decisão irá acabar com ele, tudo que você fizer ao contrário irá acabar com Micael.

— Eu não quero magoá-lo. — Soltei. — Mas ele me magoou demais. Isso pra mim é imperdoável. Ele me traiu!

— Eu já sabia que isso iria acontecer, Sophia. Eles são casados, são praticamente grudados uns aos outros. Você precisa desconectar dele, você sabe!

— Mãe, não faça sua opinião se não iremos brigar.

— Ok. — Rendeu as mãos. — Qualquer decisão sua eu irei apoiar, mas não seja tão idiota, querida! Você sabe.

— Eu sei. — Fiquei em silêncio. — Eu só consigo pensar na Kate. Afinal, quem foi buscar a Kate?

— Ela está com Antônia. — Fiquei mais tranquila. — Micael irá buscá-la assim que você tiver alta.

— Eu quero sair daqui mas primeiro preciso falar com Lua.

— Ela já foi embora. — Meu coração partiu em mil pedacinhos. Ela não podia ter ido embora! — Estava me comunicando com ela quando aconteceu isso.

— Eu não tive culpa.

— Afinal, o que você tinha? Micael não deixou ninguém entrar aqui, a não ser ele. — Revirou os olhos.

— Eu tive várias coisas inúteis que não valem a pena se preocupar. Eu preciso me preocupar com outra coisa no momento. — Respirei fundo.

— Veja pelo lado bom. — Minha mãe sorriu. — Você não está grávida.

— MÃE! — Me irritei.

— Tudo bem, ah! — Rendeu as mãos novamente, foi até engraçado. — Quer ficar em casa? Vai ser melhor você desintoxicar de lá.

— Eu vou ficar em casa, se ele me procurar eu tranco as portas. Faço de tudo pra ele ir embora.

— Então você já tem uma decisão? — Minha mãe mordeu a ponta dos dedos, ela esperava muito por uma ótima posição minha.

— Sim. Eu já tenho uma ótima decisão! — Assenti, concordando com os meus pensamentos.