Capítulo 78

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O dia amanheceu um pouco nublado, Rayana usava um sobretudo preto e estava totalmente desnorteada. Não havia conseguido dormir e teve crises de choro a noite toda. O que deixou Micael mais nervoso e preocupado.

Estavam dentro da Range Rover, já no estacionamento do hospital. Micael desligou o veículo, se preparando para dizer algo.

— Está pronta? — Buscou seu jaleco no banco de trás.

— Você sabe que não. — Abriu a porta da Range Rover, saindo.

Micael a acompanhou enquanto entrava no hospital, passaram pela porta automática mas Rayana não cumprimentou ninguém, o oposto do marido.

Entraram no elevador e pararam no primeiro andar, encontraram Mel junto de um homem, um pouco mais velho que Micael.

— Bom dia, Micael. Bom dia, Rayana. — Mel soltou, doce. — Este é o doutor Collin, chegou de Chicago ontem mesmo.

— Prazer, doutor Collin. Seja bem vindo ao hospital. — Micael lhe cumprimentou, em um aperto de mãos.

— Obrigado! — Assentiu. — Você está de parabéns, toda a estrutura é incrível. Impecável! — Micael sorriu. — Deve ter dado trabalho construir tudo isso.

— Foram anos de obra, porém, o resultado é incrível. — Eles sorriram.

— O doutor Collin será responsável pelo tratamento de Rayana, 80% nos procedimentos. — Mel explicou.

— Prazer, senhora Borges! Iremos cuidar da senhora como ninguém. — Collin assentiu, Rayana ficou em silêncio.

— Será que pra começar logo? Vocês ficam falando tanto que meus dias estão contados. — Debochou.

— É, Rayana... — Mel a pausou. — Antes de você começar, eu quero conversar com você. É um assunto sério, na verdade, outro exame.

Rayana gelou.

— Outro exame? — Franziu a sobrancelha. — Como assim outro exame? — Encarou Micael sem entender nada.

— Pode me acompanhar, por favor? — Ela assentiu, mesmo não querendo.

Mel e Rayana entraram na sala da morena que era extremamente bem decorada. As duas sentaram uma de frente para a outra, Rayana queria saber o motivo de tanto mistério.

— Que exame é esse?

— Eu marquei um exame de mama pra você. Um preventivo. — Explicou. — Você tem casos na família, não tem?

— De onde você está tirando isso?

— Rayana, eu preciso que você me diga. — Pausou. — Você tem casos na família com essa doença?

— Tenho. — Umedeceu os lábios, nervosa.

— Precisamos fazer por precaução, no seu primeiro exame saiu apenas o resultado da leucemia. Precisamos do outro. — A morena foi ágil ao dizer, Rayana por fim aceitou de bom caso, fazendo os procedimentos.

Entrou em outra sala, com cheiro de éter e bem fresca por conta do ar condicionado. Avistou um roupão descartável na cor rosa, logo após, uma máquina enorme com os objetos esterilizados. Mel acabava de ajeitar os últimos detalhes.

— Pode retirar sua blusa e sutiã, por favor. Eu vou ajeitar a máquina. — Mel sorriu, acolhedora. Esperou que Rayana fizesse os passos ordenados, não demorou muito para estar ao lado da morena.

— Vai doer muito? — Parou em frente ao aparelho com uma bandeja de vidro, já tinha visto em filmes mas nunca pensou que faria um exame daqueles, naquela idade.

— Um pouco. — Colocou o seio esquerdo de Rayana na máquina, ela grunhiu. — É bem rápido! Depois que estivermos com o exame em mãos, estaremos mais tranquilos.

Ela assentiu, não reparando no que Mel havia dito. Sua mente estava em outro lugar.

Horas depois.

— Você acha que vai demorar muito? — Micael perguntou à Collin, enquanto via Rayana tomar sua primeira sessão de quimioterapia.

— Algumas horas e ela estará livre. O hospital será sua casa agora. — Disse calmo. — Vocês tem filhos?

— Temos. — Pausou. — Rayana foi mãe recentemente, estamos nos... Adaptando.

— Vai ser difícil ela conciliar essa luta, eu infelizmente sei como é isso. — Colocou as mãos no bolso do jaleco.

— A partir de que período o cabelo dela vai começar a cair?

— Daqui à três sessões, no máximo. Os medicamentos são fortes, tínhamos a opção da quimioterapia sem cair o cabelo mas, ela não recuperaria tão rápido. — Umedeceu os lábios. — O senhor está aflito, senhor Borges! Eu sinto muito, mas vamos fazer de tudo para que ela fique bem.

— Eu sei, eu sei. Você é um excelente profissional, não tenho dúvidas. — Deu meio sorriso. — Obrigado por estar ajudando, nesse momento difícil.

— Não precisa agradecer. — Sorriram.

Micael passou por Collin, entrou na sala onde Rayana recebia o medicamento na veia.

— Como está?

— Acho que bem, em termos. — Silabou. — O que ele disse pra você?

— Que você vai ficar bem. — Sorriu acolhedor. — Mais tarde passarei em casa, vou verificar Marcel e pagar a babá.

— Eu já paguei, não precisa se preocupar. — Ficou em transe. — Eu vou morrer, não vou?

— Claro que não! Tire essa coisa da cabeça, você não vai morrer. Estamos fazendo de tudo.

— Mel fez o exame de mama em mim, tenho casos na família, Micael. — Encarou o marido, triste. — É impossível que eu não esteja com nada, se fosse, ela não pediria um exame desses.

— Como eu disse, foi um preventivo. — Explicou. — É só para ficarmos tranquilo em relação à outras doenças, sua imunidade vai ficar baixa com as quimioterapias.

— Eu não ligo pra mais nada, só não quero sofrer tanto. — Fechou os olhos. — Eu estava bem, ótima, tudo mudou do dia pra noite.

— E coloque mudou nisso. — Suspirou. — Eu posso lhe garantir que vai ficar tudo bem, não precisa...

— Chega desse seu teatro ridículo de medicina. Me tire daqui quando essa merda acabar, preciso ir embora. — Encarou a agulha fincada em seu braço.

— Vai começar a ser rude novamente?

— Tenho como mudar isso? Como eu disse, nada mais importa! — Pausou. — Eu estou fodida, não tem nada mais que possa fazer.

— Pense no Marcel, Rayana! Você parece não pensar nele.

— Você não pensa nele. — Encarou o marido mais uma vez. — Você caga pro menino, está mais preocupado em cuidar dos seus amiguinhos infelizes.

— Que amiguinhos? — Franziu a sobrancelha.

— Quer mesmo que eu te fale? Acho que não. — Esbraveceu. — Falta muito pra acabar?

— Mais um pouco e você pode ir pra casa. — Respirou fundo. — Espero que você mude esse seu coração, não é bom ficarmos assim, ainda mais em uma situação como essa.

— Você me conhece do jeito que eu sou. — Cerrou os dentes, brava. — Não adianta fazer cena, Micael. Não adianta!

Mesmo com tudo acontecendo, ela ainda continuaria sendo ruim.

Young and the Restless - Jovens e Inquietos 2ª Temporada Where stories live. Discover now