"E se o amor me destruir?"
O jovem Príncipe Herdeiro do Reino Unido, Vossa Alteza Real Theodore, aprendeu, desde muito cedo, que seu dever e coração devem estar com a nação. Tudo em sua vida está encaminhado: ele é o segundo mais importante de seu p...
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Adentrei na sala de jantar escutando os burburinhos de todos os convidados. As roupas chiques se misturavam com a decoração impecável do lugar, as velas faziam o ambiente brilhar conforme batiam nos detalhes em ouro que compunham as paredes.
Sentei-me ao lado da Valentina, dama de companhia da Princesa Antonietta da Itália. Ainda não havia tido muita oportunidade para lhe conhecer, sua chegada se dera mais tarde que a minha, ela estava aqui há apenas três dias. Sabia, porém, que era filha de um importante Duque em seu país, mas só descobri na nossa pequena conversa que eles tomavam conta de Veneza.
Ao nosso redor outras pessoas importantes se acomodavam, mas ninguém que eu conhecesse. Trocara nos dias anteriores poucas palavras com algumas senhoras inglesas, mas nada muito profundo, nem mesmo reconhecia seus nomes ou títulos, o que da minha parte era uma vergonha.
Quando as portas se abriram todos nós nos levantamos em respeito aos membros da família real que estavam por adentrar. Eles vinham conforme ordem de importância, começando pelo Rei e Rainha lado a lado e depois seus filhos, Theodore na frente, e Albert atrás. Amélia entrou em seguida porque logo se tornaria um membro da família real britânica, diferente das demais até agora. Louise e Nathaniel, ambos da família real Francesa, entraram em seguida porque tinham fortes alianças com o Reino Unido. Por último Antonietta, Princesa da Itália, que era prestigiada também, mas os laços não eram tão fortes assim.
Fizemos reverências para todos e os esperamos tomarem seus lugares à mesa. Apenas quando todos sentaram pudemos nos acomodar.
O jantar correu tranquilo, podia escutar risadas por todos os cantos, mas meus olhos deslizavam vez ou outra para onde Amélia estava e assim vislumbrava a felicidade de todos ali. Começava a me sentir excluída, a vida inteira havia feito parte de cada momento na vida da princesa que servia. Mas precisava me acostumar, os anos que viriam seguiriam sendo assim. Em breve, talvez, ela se tornaria mais amiga de Louise ou Antonietta.
Depois de certo tempo decidi parar de desviar meu foco de onde estava, conversando com alguns outros membros da corte que eram mais velhos. Conheci algumas senhoras agradáveis que diziam o quão linda eu era, o quanto a juventude era um bom tempo para se viver. Segundo uma delas a minha beleza era rara, não consegui conter o sorriso porque todas ali pareciam bem similares comigo.
Quando o jantar acabou esperei que todos da realeza se retirassem, começando pelos britânicos e seguidos pelos demais príncipes e princesas. Amélia saiu de braços dados com Albert, o que não foi uma surpresa, eles estavam fazendo isso com frequência. Louise saiu com Nathaniel, eles faziam isso porque eram irmãos. Porém, o que chamou minha atenção, e também da Valentina, é que Antonietta saiu de braços dados com Theodore. Valentina abriu um sorriso orgulhoso enquanto alguns trocaram olhares sem compreender.
Ignorei. Não era problema meu.
Deixei que os demais saíssem da sala e fui a última a me retirar, queria ficar sozinha um pouco. Minha garganta estava sufocando, queimando, e meus olhos mal conseguiam segurar as lágrimas. Não pensei que ficaria tão chateada em ver Amélia se distanciar, mas não sabia se era realmente aquilo que me incomodava, ou se era minha posição inferior, ou estar em outro país, distante do que eu conhecia como "casa". De qualquer modo, eu estava exausta.
