Vossa Alteza

Juntos novamente

Faltava apenas uma semana para o dia do meu casamento. A ansiedade tomava conta de mim.

Era noite, um pouco tarde. Levantei-me da cama, e caminhei pelos corredores do castelo. Um sobretudo protegia meu corpo, para que ninguém visse minha camisola. Eu estava agora alocada em um andar mais privado, onde ficavam os quartos de Amélia, Louise e Antonietta.

Fiz meu caminho para o quarto de Theodore e, ao chegar em frente à porta, surpreendi-me: não havia nenhum segurança para protegê-lo naquela hora do dia. Isso era estranho, pois ele sempre estava cercado por soldados.

Aproximei-me devagar e abri a porta com cuidado, ele provavelmente já estava dormindo e eu não queria o incomodar. Mas então vi que o ambiente continuava claro pelas velas. Olhei para dentro e não vi ninguém, sendo assim entrei. Tinha um pouco de medo de que alguém me pegasse ali, mas sabia que Theodore logo voltaria para seus aposentos, era tarde, já tínhamos jantado no grande salão e os convidados já estavam em seus quartos. Ele provavelmente conversava com seu pai sobre algum assunto importante.

Queria o surpreender, fazia alguns dias que não conversávamos direito. Nosso último encontro real foi quando ele invadiu meu quarto, há quase um mês. Ele tinha agido de uma maneira pouco comum e parecia muito querer aumentar nosso contato físico, mas depois sumiu, mais uma vez, me deixando cheia de dúvidas. A culpa também era minha, em parte, porque eu respeitava demais seu espaço e não demonstrava querer me aproximar, deixando que ele ficasse solto. Mas agora eram os nossos últimos dias separados um do outro, logo ele seria o meu sol, e eu a sua lua. Estaríamos nos completando de alguma maneira, seriamos muito mais do que dois amantes. Deitei meu corpo no chão e deslizei para baixo da cama, rindo de mim mesma pela proeza.

A porta se abriu e pude ver os pés dele adentrando no quarto. Tranquei minha respiração para não fazer barulho algum.

Ele caminhou em direção a cama, mas parou, deixando a porta aberta.

O sorriso em meu rosto sumiu.

Uma outra presença entrou no quarto. Vi a barra de um vestido rodado vermelho. Ela fechou a porta, mas se manteve em silêncio enquanto voltava seu corpo em direção a Theodore.

Ninguém disse nada.

Uma tensão se criava ali, talvez fosse pelo meu medo, esperando o pior.

- Senti sua falta – a voz feminina soou, cortando o silêncio gélido.

Theodore não falou nada.

- É difícil voltar aqui depois de tanto tempo – ela deu um passo em direção a ele.

Nesse momento ele se aproximou um pouco mais da cama, se esquivando.

- Você disse que tinha algo importante para me dizer, por isso estamos aqui – Theodore finalmente disse algo. Sua voz estava dura, sem emoção.

- Você realmente está apaixonado por essa mulher? – ela indagou dando mais um passo em direção a Theodore.

- Sim, sem sombra de dúvidas. Irei me casar porque a amo.