Contando a verdade

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Amélia parou de andar e me olhou de boca aberta, tão surpresa que parecia não acreditar no que eu dizia

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Amélia parou de andar e me olhou de boca aberta, tão surpresa que parecia não acreditar no que eu dizia.

- Casar-se? – repetiu – Vai se casar com Theodore? O futuro Rei do Reino Unido? – ela levantou as sobrancelhas.

- Sim – engoli em seco – Desculpe por não ter lhe contato antes...

- Contado o quê? Que você estava apaixonada ao ponto de pensar em casamento? – jogou os braços para baixo – Há quanto tempo vocês estão envolvidos dessa maneira? – ela estava claramente revoltada.

- É difícil dizer, acho que tudo começou na noite em que eu saí do salão por causa da Duquesa Margaret Whitecastle. Theodore pediu para que eu dormisse em seu quarto.

- O QUÊ? – gritou.

- Shiu! – coloquei o dedo em meu próprio lábio pedindo para que baixasse o tom.

- Você dormiu no quarto de um homem? – sussurrou perto de mim, em completo espanto.

- Não foi nada demais – tentei me defender – Ele dormiu no sofá.

- E você na cama dele? – sua voz ficou mais fina – Isso poderia ter se tornado um escândalo, Bella! – me repreendeu.

- Sim – assenti – Mas não se tornou.

- Pensei que fossemos melhores amigas e que compartilhássemos tudo da vida uma com a outra – parecia se sentir traída.

- Isso não é justo – rebati – Há dias não escuto mais nada sobre você – apontei – Não faço ideia de como está seu relacionamento com Albert.

- Sim, eu andei bastante ocupada com a questão do casamento, ou você acreditou mesmo que seria fácil me encontrar com um homem que me casarei por causa de um acordo?

- Você não gosta dele? – dessa vez eu quem estava em choque.

Eles pareciam se dar bem e em nenhum momento cogitei que ela poderia estar com problemas para se adaptar ao seu noivo.

- Eu gosto dele, claro – tranquilizou-me – Mas não é fácil. Não tivemos tempo para nos conhecermos o suficiente, e ele tem pensamentos contraditórios aos meus; ele quer governar meu país e quer que eu adote uma postura que não me agrada. Já nos entendemos quanto a isso, mas parece que me sinto ameaçada por ele. Nós duas sabemos que esse casamento é necessário para a proteção do nosso povo, mas creio que isso faça com que ele se sinta superior a mim.

- Albert não parece este tipo de homem – neguei – Eu vejo seus olhos quando seu olhar prende ao seu. Ele parece mesmo apreciar sua companhia e se importar com seus sentimentos e segurança.

- Mas seria isso suficiente para um casamento?- balançou a cabeça – Mas eu não entendo, pensei que você tinha medo de casamentos – mudou o foco para mim, novamente.

- E eu tinha. Ou ainda tenho. Não sei – caminhei até um banco e me sentei. Amélia me seguiu e fez o mesmo – Eu estou apaixonada por Theodore – confessei – Acho mesmo que o amo. Ele me compreende e me faz sentir segura, aceita. Me olha como ninguém jamais olhou.

- Eu percebi desde o começo o interesse dele por você, mas ele vivia grudado com Antonietta então...

- Eu sei, eles fariam um par bem melhor – sorri tristemente.

- Não, de jeito nenhum – ela franziu o rosto em contragosto – Eles não combinam em nada. Theodore é gentil, inteligente e humilde. Antonietta se acha a dona do mundo, se sente superior a todas as pessoas. Ela não seria uma boa rainha para a maior potência mundial. Além do mais ele fazia isso por obrigação, como eu já lhe disse. Albert me alertou sobre os sentimentos de Theodore, e quando ele te tirou para um encontro... Isso realmente me impactou.

- Mas ela é uma Princesa - continuava falando sobre Antonietta, como uma viciada.

- E o que isso importa? – me encarou farta daquele assunto. Amélia sempre soube como eu me sentia uma forasteira e não me via nem mesmo como filha de um importante Duque, tudo porque mal conhecia meus pais e minha família de origem. Era como se eu fosse uma estranha qualquer – Theodore não ligou para isso, por que você se importa tanto? Além do mais, não é tão incomum assim uma Lady, vinda de uma família abastada, se casar com um Príncipe.

- Mas não é comum um futuro Rei se casar com uma Lady – a lembrei.

- Mas também não é a primeira vez que acontece.

Ela tinha razão.

- Theodore me avisou que nosso casamento poderá atrapalhar o seu casamento com Albert – aquele assunto me causava arrepios, em parte porque eu sabia que era errado.

- Eu imaginei – ela deu de ombros – Ele é o futuro Rei, tem que ter preferência em eventos importantes como esse, pois sua nação deve lhe dar toda a glória possível.

- Não quero...

- Não se preocupe – ela me cortou – Isso, de certo modo, é bom para mim. Me dará mais tempo para conhecer Albert.

- Desculpa por não ter sido sincera antes – pedi.

- Tudo bem, eu também não estava sendo a melhor das amigas. Praticamente te deixei sozinha na corte enquanto estava me aproximando de Albert.

Aquela conversa pareceu aliviar um grande peso do meu coração. Foi bom poder conversar com minha amiga novamente, sendo completamente sincera e não escondendo mais nada.

- Você está preparada para morar na Inglaterra para sempre? – Amélia indagou enquanto balançava as pernas agitadas.

- Sim – pela primeira vez eu dizia isso em voz alta.

- Não sei se estou preparada para te perder – sorriu sem jeito.

- Não pense dessa forma – neguei – Pense que nossos filhos serão da mesma família, que seremos cunhadas. Além do mais, poderemos visitar uma a outra quando quisermos – isso parecia uma mentira que eu contava a mim mesma para suportar a realidade de que talvez não voltaria mais para o que eu conhecia como lar.

Meu lar seria ao lado de Theodore, para sempre.

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