Morrendo

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História contada do ponto de vista do Príncipe Theodore:

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História contada do ponto de vista do Príncipe Theodore:

Abri a porta do quarto e saí desnorteado. Minha cabeça doía e meus olhos estavam embaçados. Não podia acreditar no que havia dito, pior do que isso, não podia acreditar que Bella não sentia o mesmo. Eu estava sendo um tolo, colocando tudo de lado para lhe dar meu coração, e ela sempre duvidando de mim, das minhas intenções, dos meus sentimentos. E eu sempre acreditando em sua palavra, em seus gestos, em seu sorriso. Por que havia me beijado se não me correspondia da mesma forma? Me fez acreditar que tínhamos muito mais do que apenas um momento, o que não tínhamos.

Os corredores gelados pareciam tão frios quanto meu coração nesse momento. O amor era uma droga, cansativo, não tão bonito quanto eu pensava ser.

Comecei, então, a ouvir os gritos. Eram ensurdecedores, agoniantes. Gritos de morte. O que me separava daquela desgraça eram as paredes grossas, de pedras, que protegiam todos os corredores secretos e salas de segurança.

Precisava encontrar Nathaniel, imaginava que ele pudesse estar em seu quarto. Meus pais me preocupavam, sabia que estavam na sala do trono e que, se isso fosse realmente sério, como eu não acreditava ser, eles poderiam morrer. Mas nosso país não estava em guerra, provavelmente eram os inimigos da Alemanha quem nos atacava, porque meu irmão se casaria com a princesa deles, formando uma forte aliança entre o Reino Unido e o povo alemão.

Percorri um longo caminho e subi algumas escadas para chegar ao quarto de Nathaniel. Quase ninguém sabia os segredos dessas portas, e cada uma tinha uma específica, o que tornava ainda mais difícil as acessar. Por um momento me esqueci como abrir esta, mas logo me lembrei quais tijolos apertar e uma alavanca surgiu, mexi nas madeiras dela, colocando cada qual em uma posição, e então a porta se abriu.

Havia ali dois homens, não eram dos meus. Fui pego de surpresa, estava tão concentrado pensando em Bella que esqueci de escutar com cautela para ver se havia ou não movimentação no quarto. Fechei a porta atrás de mim com rapidez, para que eles não tivessem acesso aos corredores e consequentemente ao meu irmão e as garotas.

Puxei minha espada e vi um dos homens correr em minha direção. Usava roupas velhas, sem uma cor certa, pareciam ter perdido seu brilho pelo caminho, apenas fiapos. O rosto dele já estava cortado, mas isso não o impediu de me atacar. Sua espada era maior que a minha, mas isso não me assustava mais, já havia lidado com treinos piores que esse. Minha espada me protegeu quando ele tentou me ferir, escutei o barulho dos metais se encontrando, meus braços eram ágeis para me proteger, mas os dele também eram para atacar.

O outro homem também correu em minha direção e vi que eles sabiam exatamente quem eu era. Minhas roupas não negavam. Eles estavam ali para matar, não apenas assustar. Isso me fez perceber o perigo real que corria, que minha família podia se desfazer em um piscar de olhos. Eles deviam estar bem-preparados, pois conseguiram invadir os altos muros do castelo, passar nossos homens para trás.

Desviei do golpe dos dois e bati minhas costas contra a parede, me jogando para o lado para fugir. Neste momento vi o corpo de Nathaniel jogado ao chão. Não podia acreditar no que meus olhos viam. Meu melhor amigo estava morto. Meu sangue ferveu, meus olhos ardiam, eu não podia derrubar uma lágrima naquele momento, ou então o próximo seria eu.

Voltei e lutei com aqueles monstros, meus movimentos eram tão rápidos que eu não conseguia compreender, sentia-me dominado pelo ódio. Empurrei um deles e cravei minha espada no meio do seu peito, o sangue jorrou por todos os lados. O outro se assustou e tentou correr, puxei ele pela gola da roupa surrada e cortei sua mão, fazendo sua espada cair. Era um homem desarmado, que agora gritava em agonia profunda.

- Senhor! – um dos meus guardas entrou no quarto e enfio a espada nas costas do ser que eu segurava.

Olhei para o corpo, ainda suspenso no ar, ainda a gola da camiseta em minha mão, olhando em meus olhos enquanto o brilho dos seus sumia aos poucos. Sua boca aberta derramava sangue sobre meus sapatos.

- O senhor está ferido! – o guarda correu até mim.

Olhei para meu peito e encontrei, ao lado, um corte profundo. O sangue vermelho estava se espalhando por toda minha roupa, tomando o chão ao meu redor.

Mais inimigos entraram no quarto, eu começava a me sentir tonto. Minhas mãos estavam ficando geladas e minha visão turva.

Não conseguia lutar.

Me segurei na parede, vendo meu sangue criar uma poça ao meu redor.

Ao fundo o barulho das espadas guerrilhando.

Tudo o que eu mais queria era ver o sorriso de Bella novamente. Não podia cair, não podia desistir.

Respirei fundo, sentir meus pulmões explodirem em dor.

- Vamos, senhor! – um dos meus guardas passou o braço ao meu redor – O senhor consegue.

Comecei a andar, com a ajuda daquele homem, para fora do quarto.

Mal via o caminho a minha frente, minhas pernas pesavam.

Em minha mente vinha o sorriso de Bella, a primeira vez que ficamos sozinhos no quarto. O gole que ela deu em minha bebida, a expressão de desgosto que fez em seguida. Me lembrei de a encontrar do lado de fora do castelo, durante a noite. Me lembrei dela deitada em minha cama, dormindo. Me lembrei do beijo que ela me deu quando se sentou em meu colo, em seu quarto. Me lembrei do seu silêncio ao ouvir que eu a amava.

Mais homens, mais guerra. O soldado me largou, tentando me defender dos invasores. Meu corpo cambaleou e caiu ao chão. Olhei para trás, o homem que carregava Nathaniel havia o pousado no chão para lutar também.

Peguei o restante das minhas forças e caminhei até meu amigo, pegando-o no colo. Precisava que Louise o visse, nem que fosse por uma última vez. Pensar nisso me deu coragem para enfrentar minha intensa dor.

Estávamos perto da sala do trono. Este seria meu refugiu.

O peso do corpo de Nathaniel era quase igual o meu, precisei de muito esforço para o levantar e caminhar enquanto sangrava. Sentia meus músculos ficarem cada vez mais fracos, mas dei cada passo, me aproximando da sala onde meus pais deviam estar.

As portas se abriram para mim.

Sem ver nada a minha frente, pousei Nathaniel no chão.

Vi meus pais correram em minha direção enquanto alguém gritava desesperadamente. Louise, era sua voz em desespero.

Minha visão ficou preta, minha respiração falhou, senti apenas o impacto contra o chão e então, nada mais.

Por que Bella tinha que ser tão malvada?

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