Convencendo um Rei

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Capítulo narrado pelo Príncipe Theodore: 

Os guardas abriram a porta da sala do trono para que eu entrasse. Hoje era o dia de conquistar o que um dia eu tanto quis. Sabia que a reação do meu pai não seria das melhores, ele esperava que eu me casasse com alguma inglesa de boa família, filha de algum Duque importante, que fosse facilmente aceita pela corte e pelos súditos. Bella não era nada disso, e isso era um problema em certa parte, eu não podia negar, mas eu a queria incondicionalmente.

- Meu filho – meu pai se levantou do trono onde antes conversava com seu conselheiro real, em pé ao seu lado.

- Vossa Majestade – inclinei meu corpo para frente e flexionei meus joelhas em uma reverencia formal – Pai – subi ao altar e beijei uma das suas bochechas, algo que ele considerava muito importante por parte dos filhos.

- Nos deixe a sós – ele pediu ao conselheiro, que imediatamente se retirou – O que te traz aqui, Theodore?

- Venho anunciar que quero me casar – fui direto ao ponto.

- Antonietta? – ele sorriu orgulhoso para mim.

- Não – neguei imediatamente.

Meu pai me olhou com reprovação, sabia que o nome de Bella já estava em sua cabeça.

- Com quem pretendes se casar? – seu rosto estava tenso, seu olhar estava fixo em mim.

- Com a Lady Bella – eu não estava com medo, o nome saiu da minha boca como música, eu não hesitei.

Ele riu.

- Você só pode estar brincando...

- Não estou – o cortei – Ela é quem me faz feliz, de todas as damas que eu já conheci, nunca encontrei alguém como ela. Quero ela ao meu lado, para sempre.

- Por que não faz dela sua amante oficial e se casa com alguém que esteja no seu nível? – sugeriu friamente.

- Nunca faria isso com a mulher que amo.

- Casar-se com ela traria grandes problemas para nosso reino – advertiu-me de algo que eu já sabia – Seu irmão já se casará com uma alemã, você tem mesmo que escolher logo essa moça?

- Do que você tem medo?

- Não tenho medo de nada – rebateu – Mas... – hesitou – Politicamente ela não é a melhor opção. O que ela agregaria ao seu reino, futuramente?

- Me faria um homem feliz, e sendo feliz poderia governar melhor nossos países – defendi – Além do mais ela tem senso de responsabilidade, será uma ótima Rainha consorte. Ela se importa com as pessoas, é amável, educada, radiante. Trará um novo ar para nosso povo, novas esperanças.

- Ela é uma estrangeira – lembrou-me – Os ingleses irão querer uma Rainha Inglesa, como sua Victoria, a menina que havia caído em suas graças no ano passado.

- Não me importo com o que você dirá, nem mesmo com o que o povo pensará. Bella é minha escolha, e está decidido.

- A palavra final é minha, Theodore, você ainda não é Rei, e está longe de ser – impôs.

- Você precisa de mais herdeiros. A mamãe não pode mais ter filhos, Albert se casará e morará em outro país, tudo o que lhe resta para continuar nossa linhagem sou eu. Quero ter filhos o quanto antes, para que ataques como o que sofremos essa semana não sejam tão ameaçadores para a continuação da nossa descendência, para mantermos o poder – esse era um argumento fraco, mas verdadeiro.

- Você pode ter filhos com outra mulher.

- Não, não posso – declinei – Eu preciso da Bella. Você sempre disse que eu poderia escolher com quem me casar, e eu escolhi.

- Mas fez uma péssima escolha! – ele gritou.

- Não é você quem decide! – gritei de volta – Se não me permitir casar com ela irei sair desse castelo e seguir minha vida.

Ele gargalhou.

- E o que você será? Um simples artesão? Um caçador? Um servente? Quantas opções ridículas você teria fora daqui? – zombou.

- O que importa? – dei de ombros – Apenas quero ter a vida que desejo, se aqui não tiver lugar para isso, procurarei outras opções. Tenho certeza de que em algum lugar eu servirei para algo.

Ele calou-se. Sua respiração pesada era audível.

- Se você desejar se casar, terá prioridade em relação ao seu irmão para a união. Você está ciente de que o herdeiro ao trono sempre tem preferência em qualquer coisa que deseje.

- Não creio que será um problema para Albert, ele entenderá.

- O casamento dele foi marcado para daqui quatro meses. Você teria três meses para realizar o seu, sabe que é pouco tempo para organizar um evento dessa magnitude.

- Posso fazer algo pequeno – dei de ombros.

- De forma alguma. O casamento de um futuro soberano deve ser grande, presenciado por muitos Reis e Rainhas.

- Temos aqui muitos futuros Reis e Rainhas, isso não será um problema.

- Você tem certeza do que quer? – deu um passo decisivo em minha direção.

- Sim, eu sei exatamente o que quero – garanti.

- Acha que por essa mulher vale a pena colocar em risco nosso legado? – tentou, mais uma vez, desmoralizá-la.

- Ela não representará nenhum risco, você sabe disso. Apenas não simpatiza com ela e está tentando encontrar motivos insignificantes para me fazer desistir.

- Você tem razão, eu não gosto dela – confirmou minha teoria – Em nosso país ela é uma ninguém. Me admira você ter caído em suas graças tão rapidamente, o que me faz pensar que ela planejou tudo isso. Você já se deitou com essa moça, não? – disse como se tivesse certeza de que Bella era uma mulher fácil.

- Nunca desrespeitei Bella, e nunca desrespeitaria. Ela sabe se valorizar e defender sua honra. Não foi ela quem se aproximou de mim, eu quem me aproximei. Ela nem mesmo me queria, tentou me rejeitar, mas eu insisti, porque sei que vale a pena.

- Deseja mesmo me convencer de que ela não queria um futuro Rei? – riu mais uma vez de mim – Você é tão ingênuo!

- Apenas me dê uma resposta – pedi.

Mais uma vez ele se manteve em silêncio, dessa vez o tempo foi ainda mais prolongado, causando-me uma profunda angústia de não poder conquistar o que eu ansiava.

Eu não podia perder Bella, e não perderia. Se fosse necessário eu procuraria outro lugar para viver, longe das redomas do castelo, mas, sinceramente, não imaginava minha vida de outra forma. Seria devastador ter que abandonar tudo.

Apesar de tudo, eu seria capaz de abandonar tudo se tivesse a garantia de que ela me amaria.

- Eu lhe fiz uma promessa há muitos anos – ele cortou a quietude – Prometi permitir que você se casasse por amor, pois acredito que um rei já tenha muitos fardos frustrantes ao longo da vida, e o casamento deveria ser uma instituição na qual você pudesse encontrar conforto, e não mais sofrimento.

Ele firmou os dois pés no chão, em uma postura completamente ereta e respeitosa.

- Manterei minha palavra. Se você quer se casar com esta jovem, tem minha permissão, desde que entenda que eu acredito que seja um grande erro e que você ainda se arrependerá.

- Obrigado, pai – um sorriso sincero nasceu em meus lábios e eu fui ao seu encontro para pousar um beijo de despedida em seu rosto. Em seguida lhe reverenciei – Peço permissão para sair, Vossa Majestade.

- Permissão concedida.

Precisava encontrar minha mãe e compartilhar as boas notícias com ela. No entanto, além disso, contava com sua habilidade em lidar com todos os preparativos do casamento, pois ela era especialista nesses assuntos e tínhamos um prazo apertado para organizar uma grande celebração.

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Olá pessoal. Passando para dizer que ando com o dia bem corrido e talvez começarei a postar menos vezes por semana. Mas ainda assim terá capítulo toda semana. Espero que não desistam da história e permaneçam comigo <3

Vossa AltezaWhere stories live. Discover now