Agindo igual

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Amélia, Louise e eu corremos pelo castelo até chegar no salão de dança

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Amélia, Louise e eu corremos pelo castelo até chegar no salão de dança. Não sabíamos que caminhar pelo jardim levaria tanto tempo, na verdade, conversando, perdemos a noção do tempo.

As portas já estavam fechadas, mas os guardas as abriram para nós adentrarmos.

Todos estavam lá, reunidos com seus pares. A música ainda não tocava, mas os casais já estavam em seus devidos lugares. Os olhares congelaram em nós, era assustador ter tanta atenção. Meu coração se apertou e minhas bochechas queimaram, mas por sorte eu não estava sozinha, Amélia e Louise, duas princesas, estavam ao meu lado. Teoricamente, eu só poderia entrar no salão com Amélia, já que era sua dama na corte. Portanto, era ela quem estava atrasada, não eu. Tentar me iludir não me fazia sentir melhor.

Não percebi, mas estávamos imóveis, apenas paradas no tempo, olhando todos os outros.

- Andem meninas, se juntem aos seus respectivos pares – a professora mandou agitada.

Foi então que vi que Albert, Nathaniel e Benjamin nos esperavam, sentados em uma poltrona, um ao lado do outro, entediados. Eles se levantaram e vieram em nossas direções, nos dando a mão para os acompanhar até o centro da sala.

- O que você estava fazendo? – Benjamin sussurrou em meu ouvido para que mais ninguém escutasse.

- Caminhando – fui breve.

Olhei para onde Antonietta estava. Claro que Theodore estava ao seu lado, ele era seu par. Os olhos dele encontraram os meus, mas eu desviei a atenção rapidamente. Estava um pouco intrigada com meus pensamentos, começava de fato a acreditar que minha posição era quase de traidora, tentando roubar da Antonietta o que lhe pertencia.

- Passei no seu quarto mais cedo, mas você não estava – Benjamin me olhou decepcionado – Queria poder passar um tempo com você.

- Sinto muito – tentei sorrir – Eu não sabia da sua intenção – e ela não me deixava confortável.

- Eu sei – ele assentiu – A culpa é minha, não se preocupe.

A música começou a tocar e começamos a nos movimentar pelo salão com o corpo colado um no outro. Ele me segurava firmemente e isso me fazia pensar se Theodore segurava Antonietta da mesma forma. Era um peso em minha cabeça e meu coração, eu não conseguia focar minha atenção no momento e acabei pisando no pé de Benjamin.

Ele riu pelo meu mal jeito.

- Perdão! – me senti péssima – Eu estou péssima hoje.

- Não foi nada, eu aguento muito mais – seus olhos encontraram os meus. Verdes, tão verdes quanto a natureza do lado de fora. Calmos, mas cheios de desejo.

Era injusto ele ser tão bonito. Ele deu um sorriso com apenas um lado dos lábios e me olhou com olhos mais baixos, senti meu rosto relaxar.

- Há algo passando em sua cabeça? – indagou-me.

- Minha imaginação é fértil, estou pensando em muitas coisas ao mesmo tempo – confessei – Me sinto um pouco louca – ri sem jeito.

- Eu entendo – respondeu com um tom de voz lento e profundo – Também penso em muitas coisas, é como se minha mente nunca se calasse. É muito ruim quando você está no meio de uma batalha.

Lembrei-me então que ele tinha lutado recentemente pelo país. O Reino Unido não estava em guerra, mas eles ajudavam seus aliados, como a Alemanha e a França, e por isso muitos jovens iam para as guerras, para honrar as alianças feitas pelos Reis.

- Em que país você estava? – uma esperança invadiu meu coração.

- Alemanha – ele me girou e me pegou em seus braços novamente.

Sorri, mais uma vez de forma involuntária.

- Eu sei que é bobo, mas poderia você conhecer meu pai? – eu sabia que ele provavelmente não sabia quase nada sobre minha família.

- O Duque de Hanôver – assentiu – Estive sob seu comando em algumas batalhas.

Meus olhos se arregalaram, surpresos. Fazia anos que eu não o via, sentia sua falta profundamente. Por um lado, era como se eu nem o conhecesse, pois ele estivera em minha vida tão pouco. Mas eu sonhava em como seria ser a sua pequena garotinha; ver a relação da Amélia com seu pai me fazia divagar sobre como teria sido a minha relação com meu próprio pai. Tudo o que eu tinha dele eram bens materiais e algumas cartas.

- Me conte alguma coisa sobre ele – pedi com a voz embargada.

- Seu pai é general de um grande exército, comanda muitos homens e trava inúmeras batalhas na fronteira entre a Alemanha e a Áustria. Como um Duque, minha posição não estava muito abaixo do seu poder; eu atuava como seu tenente-general. No entanto, houve uma batalha específica em que, cansado de estar no meio das estratégias e extremamente irritado com minha família, decidi lutar como um guerreiro comum. Percebi então o quão astuto seu pai é, um líder verdadeiramente inteligente. Ele compreende o campo de batalha antes mesmo de colocarmos os pés nele e planeja cada detalhe com excelência, proporcionando-nos sempre uma vantagem estratégica. Todos confiam nele de olhos fechados. Tive o privilégio de testemunhar seu pai lutando em muitas batalhas também, arriscando-se ao lado de seus homens para conquistar a confiança deles, o que demonstra sua inteligência tática.

Cada batida do meu coração era forte por escutar seu relato. Podia pintar em minha mente como era o campo de batalha, imaginava ele em frente a uma grande mesa, mexendo seus bonecos como se fosse um exército, passando noites em claro pensando em como proceder. Ele era corajoso, eu sabia disso porque o Rei, pai da Amélia, sempre falava que ele era o melhor general que ele tinha, e que em breve meu irmão seria como ele.

- Obrigada Benjamin – sorri com ternura – Isso significa muito para mim.

- É uma honra estar dançando com a filha dele nesse momento – ele inclinou levemente a cabeça como um sinal de respeito.

Por fim, a música acabou, fazendo com que nos distanciássemos um pouco.

- Vocês estão ficando cada vez melhores – a professora falou animada – Mas vamos treinar mais algumas vezes, tudo bem?

Antes que a música começasse novamente, eu arrumei alguns fios do meu cabelo que haviam caído. Vi Benjamin arrumar seus cabelos também, meio sem jeito, como se não soubesse o que estava fazendo. Lembrei-me então do que a mãe de Amélia sempre dizia: quando duas pessoas estão conectadas, elas agem igual.

Agora eu me sentia mais segura perto dele, mais do que isso, eu queria estar um pouco mais em sua presença, queria escutar tudo o que ele tinha a dizer sobre suas batalhas.

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