As portas se abriram

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Via meu reflexo no espelho, sabia que eu estava longe, perdida em meus sonhos

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Via meu reflexo no espelho, sabia que eu estava longe, perdida em meus sonhos. Eu andava longe de tudo, presa em meus pensamentos. Isso costumava ser uma coisa ruim, mas agora era apenas diferente. Questionava-me como seria minha vida depois de me casar com Theodore, se nosso amor se tornaria mais forte com o passar do tempo ou se, sem querer, pararíamos de nos amar. Isso estava me causando pesadelos a noite, por isso tinha olheiras embaixo dos olhos.

Eleanor penteava meu cabelo com cuidado, isso me dava um pouco de sono, mas também paz.

O silêncio do quarto foi quebrado quando alguém bateu na porta. Eu sabia quem era apenas pelo ritmo, pelas batidas sincronizadas de uma maneira que só ele fazia.

Levantei-me enquanto Eleanor corria até a porta para a abrir. Em seguida vi sua figura imponente com um encantador sorriso no rosto.

- Sei que está tarde, mas gostaria de conversar com a senhorita Liebenswert – ele entrou no cômodo quando Eleanor lhe deu espaço para passar.

Seus olhos encontraram os meus, e então me lembrei que ele me fazia descobrir coisas magnificas sobre mim e sobre ele, apenas por seu jeito de ser, tão único. Isso afastou de mim o medo que estava sentindo, deixando-me um pouco mais calma, mas sabia que isso passaria assim que ele abandonasse o quarto.

- Estava a arrumando para o jantar, Vossa Alteza Real – Eleanor lembrou de o reverenciar.

- Ela já está pronta, certo? – ele falava como se eu não estivesse ali.

- Sim, Vossa Alteza – respondeu imediatamente.

- Poderia nos deixar a sós? – ele molhou os lábios enquanto me olhava atenciosamente.

- Claro – Eleanor se apressou para sair, fazendo assim a vontade do príncipe que ela parecia tanto respeitar.

Caminhei em sua direção, ficando cada vez mais perto. A luz do fogo na lareira o deixava misterioso, diferente de quando eu o via sob a luz do sol. Naquele quarto, apenas nós dois, eu o queria ainda mais.

- Posso saber o que lhe trouxe aqui? – indaguei.

- Preciso ter motivos? – franziu o cenho.

- Não, mas sei que tem.

Ele sorriu, baixando a cabeça.

- Sim, eu tenho – arrumou a postura enquanto estendia-me a mão. Meus dedos tocaram-no, ele estava mais quente que eu. Ele me puxou para seus braços, pousando meu corpo em seu peito – Espero que você não se assuste. Lembre-se que estarei com você o tempo inteiro.

- O que isso significa? – afastei um pouco meu rosto, para o olhar.

- Meu pai quer anunciar nosso noivado hoje, durante o jantar – suas palavras saíram com uma clareza maior do que eu jamais imaginara.

Minha cabeça parecia tocar uma sinfonia com todo o temor que nasceu em mim, dominando meu corpo, deixando-o gelado. Nosso casamento se tornaria um compromisso oficialmente, eu nunca mais poderia voltar atrás. E eu não queria voltar, mas me assustava toda a ideia de nunca mais voltar para casa. Sentia como se meu pai ainda esperasse por mim, o que sabia que ele não fazia. Sabia que sentiria falta da minha mãe para sempre, e que provavelmente não veria mais meus irmãos. Eu largaria tudo, perderia tudo. Mas também ganharia muitas coisas, a maior delas seria Theodore, que se tornaria minha família, algo presente, tocável, mais do que eu tivera durante a vida.

Vossa AltezaWhere stories live. Discover now