Uma atitude fraca para quem ama

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Theodore se ajoelhou no chão e sua respiração ficou extremamente ofegante

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Theodore se ajoelhou no chão e sua respiração ficou extremamente ofegante. Ele parecia prestes a desmaiar, ou entrar em algum tipo de surto.

Decidi que tudo já havia acabado, não adiantava mais eu permanecer ali. Estava na hora de ir embora, em todos os sentidos.

Eu me arrastei pelo chão, saindo de debaixo da cama.

Seus olhos voltaram-se para mim surpresos, seus lábios abertos sem entender o que estava acontecendo. Seu corpo parecia tão quebrado, seu olhar destruído. Sua alma havia sido pisoteada, e isso me dizia tanto sobre o que ele sentia por Victória. Eu não queria fazer parte daquela bagunça. Ele acabara de descobrir que tinha um filho com ela, não era uma revelação fácil de aceitar, nem para ele, nem para mim. A vida dele parecia destruída, mas a minha também estava. Era difícil sentir pena dele quando ele havia plantado tudo isso, e agora colhia a tragédia de um amor fraco, de erros e mais erros.

Eu não queria ficar com ele.

- Bella – tentou falar, mas tudo que ouvi foi um sussurro – O que você está fazendo aqui? – rapidamente, ele limpou as lágrimas que haviam caído e levantou-se.

- Queria te fazer uma surpresa – percebi como eu estava anestesiada pelos fatos, não sentia mais nada – Mas eu quem me surpreendi.

Ele estendeu a mão para mim, mas não a segurei.

- Não faça isso comigo, por favor – implorou – Não me diga que vai me abandonar agora.

- Não me diga que você não conseguiu dizer a ela que me amava mais do que jamais a amou – rebati, dando passos em direção a porta, mas ainda o olhando.

Ele calou-se. Seu rosto cansado me olhava sem esperanças.

- Eu não queria magoa-la...

- Magoar quem? Porque você me disse, há meses, que com ela tinha sido diferente, mas que diferente não significava melhor. Agora vejo que você queria dizer outra coisa – explodi, mas minha ira se transformava em lágrimas que eu lutava para segurar.

- Jamais! – contrapôs – Eu nunca diria que amei Victória mais do que amei você. Quer uma resposta sincera? – me olhou firmemente, como se estivesse com raiva por eu insistir – Eu amo você mais que tudo, mais do que já amei qualquer outra pessoa. Por Deus, já lhe disse que daria qualquer coisa para ficar com você, coisa que não fiz por Victória. Na primeira dificuldade que apareceu com ela, eu me afastei, porque não sabia o que sentia. Eu nunca me afastei de você.

- Se afastou sim, nesses últimos meses eu mal vi você! – acusei.

- Não porque não te amo, mas porque estava ocupado com diplomacia, Bella. Eu sou um Príncipe, um futuro Rei. Eu tenho obrigações com meu país, com meu povo e com a minha família.

- Não acredito em nada do que você fala – explodi – Você não é confiável.

- Não diga isso – pediu – Nunca errei com você.

- Errou sim – suspirei, cansada – Você é um completo estranho para mim, não lhe reconheço mais. Nunca pensei que poderia me decepcionar tanto com alguém como você. Se eu pudesse escolher, cancelaria nosso casamento, para sempre. Me arrependo do dia que te conheci, me arrependo de tudo o que vivemos. Nada valeu a pena. Você tinha uma vida que nunca me contou, e agora descubro que tem um filho. Como espera que eu me sinta?

- Como espera que eu me sinta? – perguntou a mesma coisa, mas gritando com a força de seus pulmões – Acha que eu quis tudo isso? Acha que eu ter me envolvido com ela significa que eu não lhe amo? Eu não te conhecia! Eu não sabia da sua existência! Eu era um adolescente idiota, apaixonado pela primeira vez. Cometi erros, mas não há mais nada que eu possa fazer para os concertar.

- Você pode se casar com Victória – falei, mesmo pensando que aquilo era absurdo, que eu jamais me perdoaria se acontecesse – A vida dela foi destruída por sua causa.

- Quero me casar com você – ele deu um passo em minha direção – Não aceitarei mais ninguém além de você, custe o que me custar.

- Não quero me casar com você, Theodore – menti, porque me casar com ele era o que eu mais queria, mas estava tão magoada que desejava apenas o ver sofrer, o máximo possível.

- Bella, você é a única coisa que pode me salvar – sua voz ficou embargada, seus olhos vermelhos – Eu não queria me apaixonar por você, eu lutei muito para lhe evitar, não queria bagunçar sua vida, mas te amei desde o dia que te vi, te desejei mais que tudo desde o primeiro olhar inocente que você me lançou. Amei cada sorriso seu, escondido. Sonhei com sua presença todas as noites desde que você pisou neste castelo. Então, eu imploro, não diga que não quer se casar comigo, porque você me disse que me amava, e eu acreditei nisso, e me entreguei completamente aos meus desejos, e estou perdido se você me tirar isso – uma lágrima desceu por seus olhos azuis, e depois outra, e outra, até que ele finalmente parou de tentar segurar o choro.

- Como posso saber que você não está mentindo? – neguei com a cabeça.

Meu corpo estava tão pesado, era como se eu tivesse lutado mil guerras e perdido todas elas. Estava morta por dentro, e por fora havia apenas entulhos.

- Tudo poderia ter sido diferente se você tivesse dito à Victória que me amava mais, mas você deixou essa porta aberta, e ela pode compreender que ainda há possibilidade de vocês terem algo – expliquei, com paciência, mas com dor em meu peito – Você não sabe como me fez sentir ao escutar essa conversa horrível. Eu me senti uma fraca, uma perdedora, e acho que você nunca saberá como é se sentir assim, porque para mim sempre foi você. Mas nunca fui só eu para você.

- Queria poder voltar no tempo, Bella, e dizer à Victória que eu te amo mais do que já a amei, mas não posso fazer isso. Posso dizer isso da próxima vez que a ver. Posso dizer isso em frente a corte...

- Não se dê ao trabalho – o cortei – São apenas palavras, não o que realmente está em seu coração. Não vamos enganar as pessoas.

- Eu amo você, eu amo você, eu amo você mais do que tudo! – ele veio em minha direção e me pegou em seus braços, abraçando-me com força contra seu peito.

- Preciso voltar para o meu quarto – me soltei.

- Bella, por favor!

- Não, Theodore. Foi muita coisa para uma noite só.

- Não me deixe sozinho. Fique, durma na minha cama, eu durmo no sofá, só não me deixe aqui, sozinho – implorou – Se você realmente me ama, fica comigo e prove isso.

Eu o amava, apesar de tudo.

Olhei em seus olhos azúis, vendo sua dor, mas me lembrei dele pedindo para que Victória ficasse em seu quarto, e isso me fez pensar que ele queria a companhia de qualquer pessoa, e não só a minha.

- Tenha uma boa noite, Theodore.

Caminhei para a porta e, olhando-o uma última vez, em sua plena desgraça, caído como se não restasse mais nada no mundo, eu o abandonei, sem piedade alguma em meu coração, dominada pela raiva, por coisas que iam contra minha crença. Via, neste momento, meu pior lado. O mal vencia o bem dentro de mim.

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