"E se o amor me destruir?"
O jovem Príncipe Herdeiro do Reino Unido, Vossa Alteza Real Theodore, aprendeu, desde muito cedo, que seu dever e coração devem estar com a nação. Tudo em sua vida está encaminhado: ele é o segundo mais importante de seu p...
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Essa era a vida que eu merecia? Noite e dia me arrependeria se dissesse não para Theodore. Seus olhos continuavam ali, presos ao meu. Seu coração estava sendo entregue em minhas mãos, ele estava me oferecendo o mundo e eu queria muito aceitar sua proposta. Mas este poderia ser meus últimos dias se eu dissesse sim, Antonietta e toda a corte me veria como uma inimiga.
- Não posso tirar a possibilidade de o Reino Unido ter a Itália – molhei meus lábios, sentia as lágrimas nascerem em meus olhos por dizer aquilo. Era tão absurdo.
- É só nisso que você pensa? – ele se levantou. Podia ver a decepção em seus olhos – Minha felicidade não importa? Eu sempre terei que fazer o que meu país precisa, abdicando do que eu sinto? Você acha isso justo? – sua voz era conturbada, cheia de melancolia e desespero.
- Não – fiquei de pé em sua frente. Deixei minha mão escorregar pelo meu vestido chegando até seu corpo. O segurei em minhas mãos, sentindo seus dedos agora tão gelados pela ansiedade – Eu sei que isso não é justo... Apenas quero que você entenda que eu seria uma péssima escolha. Você não ganharia nada comigo.
- Você não podia estar mais errada – ele afastou sua mão da minha e aproximou-a dos meus cabelos, acariciando-me – Você me faria feliz, tiraria minha dor. Isso me tornaria um bom Rei, é disso que meu povo precisa. Eu quero ter um casamento como o dos meus pais, algo que seja por amor, criando meus filhos em uma família amorosa e verdadeira. Não quero mais um país, eu já tenho vários. Não quero mais nenhum exército, não quero súditos, não quero obediência cega, quero poder sentir realmente o que é estar apaixonado e, por mais bobo que isso possa parecer para você, estou começando a me sentir assim quando te olho nos jantares, nos salões, nos jardins... Às vezes me pego me esgueirando pelas janelas te procurando, querendo ver o sol bater na sua pele, seu sorriso iluminando ainda mais o dia. Você é o meu pequeno verão no meio do inverno congelante. Você brilha para mim.
- Estou com medo disso Theodore...
- Eu sei – ele me cortou – Eu entendo que é pedir muito, mas ainda assim insistirei. Dê-me uma chance, meu amor – ele aproximou mais seu rosto do meu, seu nariz tocou o meu e nossas respirações se misturaram – Somos livres, Bella.
Passei meus braços ao redor do seu corpo e o abracei. Seu calor me aquecia e eu podia sentir as batidas do seu coração. Seu perfume era tão gostoso e profundo, eu me perdia nesse aconchego que ele criava ao meu redor.
- Não é fácil para mim toda essa situação – confessei, ainda com o rosto escondido em seu peito – Eu não consigo explicar como temo o julgamento dos outros, mas nunca pensei que poderia me sentir da forma como me sinto por você. Talvez eu tenha que ser corajosa para conquistar algo que vale a pena, lutar pode ser a decisão mais sábia – pensei sobre minha oração mais cedo, esperando que Theodore se afastasse de mim, entregando-o nas mãos de Deus, e agora ele estava aqui, oferecendo tudo o que eu ansiava.
- Então isso é um sim? – ele segurou em minha cintura e me empurrou um pouco para longe do seu corpo, queria me olhar nos olhos e, por Deus, aquele azul intenso me fazia esquecer todo o receio que eu sentia. Eu estava indo cada vez mais fundo na minha consciência, buscando prender cada aspecto do seu perfeito rosto.
- Sim, é um sim – sorri.
- Eu te quero tanto! – Theodore pousou um beijo em minha bochecha, mas quando terminou, continuou com o nariz em minha bochecha – Baunilha.
- O que? – franzi o cenho sem entender.
- Você cheira a baunilha – sorriu – Eu gosto disso.
Meus lábios se levantaram formando um sorriso tímido enquanto ele passava os dedos delicadamente por minhas bochechas. Seus olhos não abandonavam os meus.
- Eu preciso mesmo ir – ele molhou os lábios olhando para minha boca com desejo – Não posso esperar que Eleanor segure por tanto tempo os olhares curiosos das demais criadas.
- Eleanor sabe que você está aqui? – minha voz mudou, ficando mais ansiosa.
- Sim, não se preocupe – ele suspirou – Ela guardará meu segredo. Eu virei aqui mais vezes, e você poderá ir ao meu quarto quando quiser. É importante que tenhamos pessoas de confiança ao nosso lado, para nos proteger de comentários e julgamentos maldosos. Não irei machucar sua santidade, não lhe tocarei de forma errônea. Quero lhe respeitar para deixar claro ao mundo o quão sério eu levo meus compromissos contigo.
- Não se preocupe tanto com essas coisas, Theodore – passei a mão em seu cabelo sentindo sua maciez – Eu me sinto segura ao seu lado. Eu sei que você sempre fará o que for melhor para mim.
- Mas é muito difícil não querer lhe beijar – seus dedos desceram da minha bochecha e passaram em meus lábios lentamente – Você é a melhor.
Dei um beijo em seu dedo, lentamente, olhando no fundo dos seus olhos. Minha respiração falhava, assim como as batidas do meu coração.
- Por Deus – ele mordeu os lábios com força – Você vai me matar.
Sorri.
- Tenho mesmo que ir – ele me puxou e pousou um beijo em minha bochecha – O travesseiro... – ele olhou para a cama – Posso ficar com ele?
- Claro, é seu de qualquer maneira – caminhei até a cama e peguei seu travesseiro.
- Seu perfume estava em meu quarto nas últimas duas noites – sorriu – Fico feliz que ele continuará comigo por mais tempo.
- Espero que você consiga me sentir, de alguma forma.
Theodore me fitou por alguns minutos, em completo silêncio. Senti-me observada, e isso me deixava fraca, envergonhada, mas continuei ali, em pé, deixando que ele me olhasse completamente.
- Vou sentir saudades de você, por sorte poderei te ter para mim amanhã.
- Apenas seja discreto no começo, por favor! – pedi – Não quero que Antonietta me odeie.
- Não se importe tanto com o que ela pensa – ele negou com a cabeça, senti-me brevemente julgada – Ela só tem importância em sua vida conforme você a der esse direito.
Assenti.
- Boa noite meu amor – ele se aproximou por uma última vez e beijou-me na testa.
Vi ele deixar meu quarto e o silêncio da noite tomar conta de cada espaço que agora estava vazio.
Senti sua falta imediatamente, mas eu sabia que, em algum lugar daquele castelo, Theodore caminhava carregando meu perfume, e que eu estava em seus pensamentos, assim como ele estava nos meus. Ele havia tomado uma decisão, e eu não o havia pedido nada, ele quem decidira sobre a importância que eu tinha em sua vida.