Você deve ficar

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Theodore colocou seu corpo próximo ao meu me guiando para a cozinha novamente. As empregadas pararam suas tarefas e mostraram-se surpresas, mas ele ignorou e continuou.

Abrimos uma porta de madeira e seguimos por uma escada estreita e com pouca iluminação. Ele me deu a mão para que eu não tropeçasse nos degraus ou com a barra do vestido longo.

Chegamos à uma sala circular sem móveis alguns, na verdade era apenas um ponto de ligação entre vários corredores que iniciavam naquela zona.

Ele me puxou pela mão um pouco mais apressado para uma das gigantescas e gélidas passagens. Ali o escuro era mais presente. Segurei sua mão com mais força, se ele soltasse eu me perderia ali por um bom tempo. Andamos poucos minutos até que ele fez uma parede se abrir ao nosso lado. Não podia imaginar como ele havia conseguido tal façanha.

Chegamos a uma pequena biblioteca. Era aconchegante e quente. As estantes iam até o topo das paredes e uma pequena janela deixava as estrelas a vista. Uma mesa com alguns livros abertos era rodeada por cadeiras almofadadas, algumas com mantas para as noites frias. Vi uma lareira que não parecia ser usada por gerações. Estava encantada ao ponto de me esquecer do príncipe que me acompanhava, mas ele me puxou novamente para outro lugar escuro, mais úmido, uma passagem larga, que ecoava nossos passos e gotas de água.

Passamos por alguns guardas escondidos. Eles ficavam imóveis ali, espreitando pela possibilidade de um perigo, mas quem, ou o que, entraria naquele lugar a não ser quem conhecia o castelo muito bem? Alguém como Theodore, por exemplo. Por que eles só estavam ali e não nós caminhos que percorremos anteriormente? 

Lembrei-me então dos corredores de emergências do castelo da Alemanha. Não eram muitos, mas estavam lá e éramos proibidas de adentrar neles.

Theodore mais uma vez abriu uma parede e quando passou estendeu o braço para me puxar e me trazer para dentro do cômodo claro. Seu braço estava ao redor da minha cintura e meu corpo parou recostado no dele. Ele era quente. 

Me afastei lentamente sem o olhar e ele me largou, abrindo espaço para que eu pudesse passar a sua frente enquanto ele fechava a entrada secreta. Estávamos sozinhos no que parecia ser seu quarto. 

O ambiente era imenso, nunca, em toda minha vida, havia visto um dormitório tão grande. Pinturas e tecidos luxuosos se misturavam a móveis deslumbrantes. Uma pintura creme acalmava nossos ânimos enquanto nas janelas pendiam cortinas vermelhas. Detalhes em ouro decoravam cada canto que nossos olhos batiam. 

- Venha – ele andou tomando a atmosfera para si.

Tirei seu casaco enquanto dava meus primeiros passos com medo até mesmo de respirar.

- Obrigada – lhe entreguei.

- Não está com frio? - ele tentou me empurrar novamente a peça, mas neguei - Se quiser pode ficar com as cobertas da cama, elas podem lhe aquecer melhor – ele me deu as costas colocando o casaco em cima de uma cadeira e indo até a lareira colocar mais lenha.

Ele estava me mandando para sua cama? Ele devia ter entendido tudo errado. O que ele pensava de mim?

- Eu sou uma Dama, Vossa Alteza! - respondi colérica – Não me deito na cama de estranhos, não importa quais títulos carreguem!

- O quê? - ele, ainda agachado em frente ao fogo confortável, me fitou ofendido – Achas que me aproveitaria de uma jovem emocionalmente instável? - levantou-se enrijecendo cada músculo de sua face.

- Emocionalmente instável? - elevei minha voz – Eu não sou emocionalmente instável! Como ousas?

- Uma mulher que corre sempre que escuta a palavra 'casamento' não deve estar em si totalmente, ainda mais quando a proposta é mais do que adequada.

Vossa AltezaOnde histórias criam vida. Descubra agora