10. PESADELOS!

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O dia estava quase raiando quando Sarah foi acordada por um grito alto, desesperado, do tipo que ignora paredes e andares. Levantou, colocou um casaco sobre o pijama e foi para o corredor. Muitas portas se abriam, com garotas sobressaltadas perguntando o que estava acontecendo.

– É no andar de cima. – Sarah seguiu o grito que não parava, subindo rapidamente pelas escadas.

Quase todas as portas do sexto andar estavam abertas, e já havia um grupo de alunas em torno de outra que continuava gritando e se debatendo. Houve o som de um tapa e a gritaria virou uma enorme choradeira.

Sarah se aproximou.

No centro do grupo, uma garota do segundo ano, de pijamas, estava aos prantos nos braços de outra muito parecida com ela. Entre lágrimas e soluços, falava de aranhas enormes subindo em sua cama.

– Não tem aranha aqui, muito menos desse tamanho! Era só um pesadelo, Amanda!

– Não era! Elas-elas estão lá! Estão no meu quarto, Lu!

– Alguém vá ver se tem aranha no quarto dela! – determinou Lu, que continuava abraçando Amanda.

As garotas se entreolharam. O terror de Amanda ainda a fazia tremer, ela repetia que as aranhas estavam lá... Três garotas valentemente se prontificaram a verificar. Entraram juntas, com cautela, mas não havia aranha alguma.

– Viu?! Era só pesadelo! Agora pare de chorar!

– Eu-eu não vou voltar pra lá, Lu, não vou! As aranhas estão lá!

– Você e essa mania de aranha! Ok, durma no meu quarto! Venha!

Ela levou Amanda para o seu quarto e o grupo no corredor começou a se dispersar. Sarah abordou uma garota que antes estava lá no meio, tentando acalmar a amiga assustada.

– Oi! O grito dela chegou lá no andar de baixo. Ela sempre tem pesadelos assim?

– Ela morre de medo de aranhas, mas não tinha pesadelos com elas! Puxa, que susto!

– Elas são irmãs? São bem parecidas.

– São, sim. Ainda bem que Lu estava aqui! Bom, vou ver se durmo mais um pouco. Mal tinha pegado no sono quando começou a gritaria!

– A festa estava boa, então! – sorriu Sarah.

– Muito boa! A gente voltou faz pouco, e Amanda se divertiu montes. Esquisito ter pesadelos depois de um festão daqueles! Tchau, minha cama me espera.

A garota não conhecia Sarah e não sabia que ela era o motivo de todo o escândalo de Rafael. Mas muitas outras conheciam, e Sarah voltou ao seu quarto antes de as perguntas começarem.

Fechou a porta e apoiou as costas a ela, controlando-se para não rir alto. Então Amanda morria de medo de aranhas e era irmã de Lu, é? Do que será que Lu tinha medo? Porque, se Amanda era uma das invasoras de quarto, Lu devia ser outra!

Sarah fechou a mão e abriu-a devagarinho, deixando a luz azul cintilar por alguns instantes.

A luz era a manifestação visível do poder de sua Linhagem, a Linhagem dos Reis Feiticeiros de Durina... Também chamados de Senhores dos Pesadelos.

Na maçaneta da porta e na tranca da janela, Sarah de Durina deixara pesadelos. Quem tocasse no metal, na luz azul da princesa, teria seus maiores medos transformados em pesadelos terrivelmente reais.

– Bem, garotas, se vocês a recém voltaram da noitada, eu vou ter uma manhã bem divertida! – murmurou Sarah, sorrindo. Pegou um livro e, meia hora depois, segurou uma gargalhada diante de um novo estouro de gritos no andar superior. E, dessa vez, era mais de uma pessoa gritando...

Olho do FeiticeiroDonde viven las historias. Descúbrelo ahora