ENRIQUE ACORDOU a tempo. Aliás, ele, Sarah e a Rainha foram acordados juntos por um rugido selvagem proveniente do faminto estômago do rapaz. Sarah acordou num susto, já com a espada na mão. Enrique viu a garota furiosa e armada, recuou e caiu da cama, estatelando-se no chão. A Rainha precipitou-se para ele e abraçou-o, emocionada, antes de Sarah ter chance de dar seu próprio abraço no companheiro.
Em menos de cinco minutos, toda a Linhagem estava ali, abraçando o rapaz e conferindo se ele estava realmente bem. E, quando Enrique perguntou o que tinha acontecido, quase apanhou de Sarah.
– Enrique, não ouse dizer que não lembra o que aconteceu porque, se você não sabe, ninguém nunca vai saber!
– Calma! – Surpreso, ele recuou diante da companheira. – Eu me lembro do que aconteceu! Estava perguntando o que aconteceu com aquele cara!
– Escapou por pouco de ter a garganta cortada por Sarah – resumiu o Lorde. – Enrique, o que aconteceu? Comece do começo. Como soube que estava em perigo?
– As faisquinhas me avisaram. – Enrique respondeu sabendo que eles não iam entender. Eles efetivamente não entenderam, entreolhando-se. O rapaz sorriu. – Eu sei que vocês não veem, mas eu vejo faíscas e luzes em todo esse cristal.
Uma excelente refeição foi trazida para os jovens. Enquanto Enrique comia, explicou as faíscas azuis, verdes e douradas, a barreira de proteção que tinha detido as chispas douradas; disse que não sabia para onde tinha ido, porque apenas seguira as faíscas azuis enquanto as douradas o perseguiam. Falou das portas e da quantidade crescente de energia e luz, e de como havia prosseguido até a luz garantir que ele estava seguro.
– Como estão as luzes do chão agora? – perguntou o Lorde, olhando o piso que, para todos, era só cristal.
– Bem mais fracas que antes. Acho que foi tanta luz naquele lugar seguro que me reajustei pra outro patamar.
– Concentre-se em ver as luzes como viu na primeira vez. Consegue?
Em poucos instantes, Enrique respondeu:
– Consegui. Interessante! Parece que tenho controle da intensidade, agora.
– O que minha luz está fazendo?
– Uma barreira. – Enrique olhou com surpresa a linha espessa que surgira de repente em torno do Lorde. – Muito forte e verde. Agora desapareceu. Voltou. Está apontando uma ponta verde com jeito agressivo pra Sarah. É melhor parar, as luzinhas dela estão nervosas.
– Eu não estou nervosa e não estou fazendo nada!
– Seu Palácio está. – Carl de Moolna recolheu a ponta verde. – De alguma forma, Enrique pode ver tanto a nossa energia mental quanto a de Durina. É extraordinário! Enrique, quando estavam com as arraias, você viu algo diferente?
– Uma cortina dourada. É o bloqueio que separa vocês da superfície, não é?
– Acredito que sim. Viu como as arraias o romperam?
– Eu vi o que aconteceu, se é isso que o senhor quer saber, mas não sei como aconteceu.
Enrique descreveu as ondulações do bloqueio e sua abertura; falou do redemoinho azul que afastara a areia para entrarem em Durina...
– Por que não me disse?! – Sarah estava pasma.
– Você me faz sumir de um lado da Terra e aparecer do outro e acha muito natural! Como eu ia saber que não estava vendo o redemoinho?! Achei que era natural pra vocês também!
– Você viu o bloqueio de Durina? Suponho que o veria como uma cortina azul.
– Não era cortina, era quase uma parede bem no limite da porta interna da comporta. Quando cheguei perto, a barreira de luz recuou, como se eu estivesse empurrando. Por isso perguntei se podia mesmo entrar. Ela passou, a barreira não reagiu. Em volta de mim, a barreira ferveu. Não senti ameaça alguma, até passei bem fácil. A próxima coisa que lembro é acordar nesta cama, com vocês discutindo ali no canto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Olho do Feiticeiro
FantasyJá há dias o brilho e as cores do Talismã se intensificavam. Rei, rainha e princesa se revezavam na vigilância até que, depois de seis longos anos de silêncio, o Talismã abriu-se ao contato. O Rei chamou a esposa e a filha; assim, os três integrante...