122. UMA SEMANA

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Bem, finalmente mais um capítulo...

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PARA A EQUIPE de Lirineux, a semana passou voando. Sarah e Darah se concentravam nos cálculos finais. Bel era a encarregada da redação do artigo científico que apresentaria a descoberta. Os demais se ocupavam com a compilação dos últimos dados, organização de arquivos, e ajudavam Bel quando ela permitia. Maria Clara e Trovão namoravam em qualquer intervalinho, mais apaixonados do que nunca. Carl veio quase todos os dias, ao menos por algumas horas. Todos os dias, também, liberava mais algum boato, fazendo a imprensa de interessar cada vez mais pelo que poderia estar acontecendo dentro do prédio cuja segurança ninguém conseguia burlar. As idas e vindas da equipe continuavam exclusivamente por helicópteros, que agora precisavam variar os locais de chegada – os repórteres haviam descoberto os mais habituais e esperavam neles também.

Na sexta à tarde, quando Sarah e a mãe se aprontavam para partir, Carl chegou mais uma vez. As calculistas asseguraram que terminariam na semana seguinte; Bel disse que precisaria de mais uma semana para completar a redação.

– Qual a possibilidade de termos tudo pronto na quarta, dia 2?

O grupo se surpreendeu.

– Por nós, sem problemas – respondeu Sarah. – Mas Bel precisa de mais tempo, Carl.

– Por que esta data? – perguntou Rafa, olhando o susto de Bel.

– No dia 3, a edição trimestral da Revista Científica Mundial vai para a gráfica. Na sexta, estará nas bancas. Se quisermos a descoberta publicada na melhor e mais confiável publicação científica do planeta, o dia 2 é nosso prazo.

– Mas-mas... – exclamou Trovão, atônito. Nem precisava explicar o mas-mas. A confiabilidade da Revista Científica não era à toa; cada um de seus artigos era investigado e esmiuçado durante meses até ser aceito. E Carl pretendia entregar um dia antes de ir para a gráfica!

O cientista sorriu.

– Com meu aval, o texto será publicado sem averiguações. Consegue terminar até quarta, Bel?

– Se eu não comer nem dormir de hoje até quarta, consigo! Ou seja, Carl, considere feito!

Os outros, surpresos, ofereceram-se para ficar e ajudar. Anabel expulsou-os.

– Nada disso, vocês só vão atrapalhar. Sumam! Rafa se encarrega de me cuidar. E, como ele é meu digníssimo marido, até posso pensar em deixar dar um palpite no artigo. Vocês não vão ter chance alguma! Ou mais alguém quer casar comigo?

Insistiram um pouco, mas Bel se manteve irredutível: fazia aquele tipo de trabalho melhor sozinha. Ou com Rafa. Quando os amigos afinal se foram, a jovem desabafou:

– Deixe Maria Clara e Trovão curtirem o nenê, eles merecem. Sarah sempre volta melhor desses dias em casa, e eu estou cheia de passar a semana inteira mordendo a língua para não falar daquele mala do Enrique. Como assim, Donasô e Renato tiveram gêmeos, e Enrique nem se incomodou em saber?! O que deu na cabeça desse cara?!

***

A SEMANA DE Enrique pareceu ter durado mais ou menos um semestre. Os minutos se arrastavam, as horas se encompridavam, os dias pareciam espichar infinitamente, sem acabar nunca.

Seu primeiro impulso tinha sido chamar o jato e os assessores, e despencar em Lirineux com toda a pompa a que tinha direito. Pensou um pouco. Era bem provável que acabasse fazendo um papel ridículo ao atravessar a massa de repórteres e fotógrafos, porque era bem provável que não liberassem o pouso no heliporto do terraço. Acabou resolvendo ficar bem onde estava, no seu apartamento.

Olho do FeiticeiroWhere stories live. Discover now