68. JANTAR

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2.500 palavras.

Espero que gostem!

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DENARO E SULON estavam acostumados a se aprontarem rápido, e ficaram prontos em minutos. O tempo de espera foi usado para conversar. Sulon sempre tivera muita curiosidade sobre Crialelar, mas o respeito pelo segredo do amigo o mantivera calado. Agora podia perguntar, e Denaro teve prazer em responder, mas até estas perguntas se perdiam no espanto com as informações dadas por Senira. Eram quase... inacreditáveis. Se ouvissem de terceiros, simplesmente ririam. Uma princesa falando dentro do seu Palácio sempre podia se fazer acreditar, se quisesse; os dois jovens conheciam esta característica das Linhagens. Mas bastaria colocar os pés para fora de Senira e as dúvidas sobre o que a princesa dissera surgiriam.

"Se o Rei não tivesse aparecido ali, vivo, não sei se não teria começado a duvidar aqui dentro mesmo," sinalizou Sulon, porque continuavam conversando através da linguagem de sinais. "Porque era maluco demais! Mas ver aquele homem mostrou que a verdade anda bem longe do que a gente pensa!"

***

MAIS UMA VEZ, Lila segurou a reação do Palácio diante dos desaforados que se atreviam a duvidar de sua Linhagem. Senira supervisionava conversas não-verbais também, e é claro que Lila acompanhava cada palavra que diziam.

– Mas é muita ingenuidade pensarem que escapam de Senira deste jeito rudimentar! – riu-se ela. – Se eu não estivesse segurando o Palácio o tempo todo, a cabeça deles estaria explodindo! E olhe que eu avisei que a gente merece a fama de fofoqueiro que tem! Imagine se eu não tivesse avisado!

O Rei olhou sua filha radiante e advertiu:

– Aquilo não valeu como declaração.

– Como que não valeu?! Ele falou que me amava aqui dentro de Senira! Quer dizer, Sulon falou e ele concordou! – A garota riu de novo. – Quer dizer, a lesma atrofiada concordou! Adorei a lesma atrofiada. Vou passar a usar!

– Ele falou, mas não sabia que você estava ouvindo. Não valeu.

– Valeu, sim! – insistiu ela, chispando em todas as luzes de Senira e feliz como nunca tinha se sentido na vida.

– Não valeu. Não atropele o rapaz do jeito que sua mãe me atropelou!

– Eu não tenho nada que ver se o senhor é traumatizado porque foi agarrado por uma princesa de Senira antes de se declarar pra ela! – riu-se a mocinha. – Até que se recuperou ligeiro do trauma, pelo que mamãe diz!

– Não interessa. Ele vai ter a chance que eu não tive!

– Bom, pelo menos eu tive a mesma chance que a mamãe teve!

O Rei suspirou e riu, tudo junto.

– Quero só ver se a cara dele vai ser pior do que a minha, quando descobri que sua mãe tinha espionado meu primeiro banho em Senira!

– Ele é tão lindo pelado quanto é vestido!

– Deuses. Se tem algo pior do que uma mulher de Senira, eu não quero conhecer!

***

AS DUAS HORAS E MEIA foram curtas para tudo o que Denaro e Sulon tinham a falar. Levantaram como um só quando Lila se anunciou antes de entrar, como se tivesse algum respeito pela privacidade alheia.

A princesa estava mais linda do que nunca. O vestido verde e prata esvoaçava em torno dela, cheio de brilhos, acentuando suas curvas de tal forma que os rapazes quase duvidaram dos apenas treze anos. Os cabelos balançavam de leve, repletos de pequenas joias faiscantes, como se tocados por uma brisa que só valia para eles. Os olhos cintilavam. O sorriso cintilava. Lila inteira cintilava.

Olho do FeiticeiroWhere stories live. Discover now