34. DOIS DE JUNHO

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QUARTA-FEIRA, dois de junho, um dia ensolarado, frio e ventoso. Dez exatos dias antes da festa de encerramento do semestre. O dia da Grande Revelação!

Depois de uma manhã cheia de tensão, a comissão organizadora fez o comunicado no lugar de praxe, o refeitório principal da Escola Superior. Era sempre um comunicado muito concorrido, mas, daquela vez, o refeitório ficou totalmente apinhado de jovens curiosos e risonhos.

A líder da comissão subiu numa mesa com o microfone na mão e disse apenas uma frase:

– Praia coberta da Ilha do Céu!

O refeitório quase veio abaixo com os gritos, urras e vivas. A comissão organizadora foi carregada em triunfo e Sarah, embora tivesse se unido ao coro de aclamações, não entendeu coisa alguma. Ao seu lado, Anabel pulava, gritava e assobiava como se a coisa mais sensacional do século tivesse acabado de acontecer.

– Você nem sabe o que é isso, não é?! – Anabel riu ao ver o espanto de Sarah com o caos de risos e gritos que não acalmavam.

– Não faço ideia!

– Vem que eu explico!

Do lado de fora, iniciava um carnaval de alunos eufóricos.

– Seja lá o que for, parece que a comissão se superou!

– Se superou mesmo!

Anabel explicou então que a Ilha do Céu era uma das menores e mais graciosas ilhas de todo o arquipélago.

– A ilha parece uma meia lua, mas é uma meia lua que quase completa a volta. O centro da ilha é uma enorme lagoa circular, quer dizer, sei que tecnicamente é uma baía porque tem ligação com o mar, mas é uma ligação tão pequena que quase não conta! Tudo em volta da lagoa é uma única praia de areia branca, cheia de plantas e flores, porque o pessoal do hotel cuida de toda a ilha como quem cuida de um jardim!

– Hotel – conseguiu repetir Sarah, interrompendo a enxurrada de palavras de Anabel.

– É um dos hotéis mais badalados daqui, não sei como você não ouviu falar! Mas o hotel nem interessa, porque vamos ficar é com a praia, Sarah, a praia!

– Eu não me importo com o frio, mas...!

Anabel caiu na risada, interrompendo Sarah e explicando:

– Mas essa é a parte mais fabulosa, porque toda a ilha é coberta por uma redoma climatizada! Sarah, como você nunca ouviu falar?! A redoma é um dos expoentes de Engenharia e tal, mas, principalmente, é sempre verão na Ilha do Céu! Não sei como eles conseguiram essa preciosidade pra nossa festa de final de semestre!

Depois de passado o primeiro impacto, os detalhes da festa foram surgindo: a festa iniciaria no final da tarde do dia doze e se estenderia até a manhã do dia treze; haveria ônibus saindo do campus para levar os alunos até o cais, e barcas para levar até a Ilha do Céu; a festa seria na praia, iluminada por fogueiras na areia e luzes flutuantes; comidas e bebidas seriam por conta de cada um, servidas pelo pessoal do hotel, e ninguém precisava se preocupar, já estava combinado um menu bem acessível (sim, as garçonetes seriam as lindas sereias da Ilha do Céu, uhu!); a temperatura ambiente seria de trinta graus, para todos aproveitarem a lagoa (sim, os salva-vidas estariam lá a noite toda e sim, eram um bando de caras pra lá de malhados, uhu!). A excelente banda do hotel se encarregaria da música. E ainda haveria uma atração especial de Dia dos Namorados que só seria conhecida no dia da festa!

Anabel foi a última da turma jovem a chegar ao laboratório de Engenharia, quase dançando sozinha e apostando que nada poderia ser mais fabuloso do que aquela festa. Surpreendeu-se com o laboratório cheio de gente, e muitos eram professores da área de Energética. O clima era tenso, aquela tensão que acompanha as grandes revoluções. O que tinha acontecido?!

Olho do FeiticeiroOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz