108. PRESENÇA

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Bem, vamos lá.

Capítulo da semana, como manda o figurino!

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O CONTATO ENTRE Durina e o Lorde de Moolna estava sempre aberto. Carl forneceu o endereço da cidade onde Bel, Rafa, Maria Clara e Trovão trabalhavam: Lirineux, uma das mais antigas e tradicionais cidades francesas.

(– Se tiver alguma sugestão, Sarah, será muito bem-vinda.)

(– Vou só visitar o pessoal, Carl!)

(– Eu sei.)

Sarah despediu-se e encerrou o contato, intrigada tanto com aquele eu sei repleto de entrelinhas quanto com o local escolhido por Carl. Lirineux ficava no centro do continente. Imperiais costumavam estabelecer suas bases superficianas perto do mar e do bloqueio oceânico, para facilitar o transporte.

Algumas horas mais tarde, seguindo as instruções de Carl, a jovem surgiu numa ilha que fazia parte das linhas de transporte de Durina, ainda dentro do Império. Não precisou usar sua força; o Palácio transportou-a. Concentrou-se então nas coordenadas seguintes e se transportou, despencando num chão felizmente acolchoado. O referencial desconhecido, a grande distância percorrida, a travessia do bloqueio oceânico e o uso de sua própria força obrigaram Sarah a alguns momentos de imobilidade, deitada de bruços no piso macio.

Mais recuperada, sentou-se, olhando em torno. Estava em um aposento de quatro por cinco metros, o teto bastante alto indicando se tratar de uma construção ao menos centenária. Quatro pequenas luminárias mantinham o lugar aconchegante e claro. As duas janelas estavam fechadas, assim como a única porta. Todo o chão era coberto por um carpete muito espesso, abaixo do qual, Sarah apostava, havia um verdadeiro sistema de acolchoamento. As paredes eram coloridas, com vibrantes desenhos infantis, e numerosos pufes e brinquedos de pano, alguns bastante grandes, eram a única mobília.

Ou seja, era um ponto de chegada para transporte de longa distância camuflado de quarto de brinquedos. O tamanho e a altura do aposento eram suficientes para compensar inexatidões no transporte, e o chão macio evitava que o mental se ferisse.

Sarah levantou devagar e com cautela. Transportes de longa distância, continente a dentro, podiam causar tonturas bem desagradáveis. Mas, para sua satisfação, sentiu-se forte e bem. A mente informou que tudo em torno estava deserto. Saiu do quarto e fez um rápido reconhecimento do lugar, percorrendo um aposento depois do outro. Sempre era conveniente conhecer todos os detalhes de um novo ponto de transporte, e a jovem logo se familiarizou com o sobrado. De acordo com a data inscrita acima de sua porta de entrada, a construção tinha cento e noventa e quatro anos. Hm. Será que Moolna tinha comprado o casarão antigo e investido numa restauração primorosa, ou se tratava de uma propriedade superficiana de Moolna há quase dois séculos?

– Vai saber – disse Sarah a si mesma, abrindo a porta da garagem. – Eu não duvidaria de lordezinhos de Moolna correndo entre estas árvores duzentos anos atrás!

A garagem era nova e enorme; obviamente, casas de duzentos anos não tinham garagens em sua planta original. E, na garagem, três carros estavam à disposição da princesa de Durina, todos abastecidos e com as respectivas chaves na ignição. Sarah escolheu um modelo popular que passaria facilmente despercebido e logo estava na estrada. Como todo bom ponto de transporte, a casa ficava distante de tudo, e Sarah dirigiu sem pressa até Lirineux, a cem quilômetros de distância.

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A QUASE MEIO planeta dali, Enrique viu-se de repente pensando em Sarah. Sacudiu a cabeça, aborrecido. Não era hora de pensar na companheira. Nunca precisara se preocupar com a parte financeira de sua vida, Donasô sempre tinha tomado conta de tudo. Agora, encarava o extenso relatório feito por ela, tentando decidir o que fazer.

Olho do FeiticeiroOù les histoires vivent. Découvrez maintenant