93. UM ANO E MEIO

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Mantenho aqui o link da postagem onde está a explicação de as postagens terem se tornado semanais:

 http://www.eleonorhertzog.com.br/2016/01/leitores-do-olho-do-feiticeiro.html

Este é o primeiro capítulo semanal, e só tenho a dizer...

Estou tão feliz com ele que é quase como se outra pessoa tivesse escrito uma coisa muito legal e eu tivesse a sorte de ler!

(Tá, sei que é exagero, mas estou feliz mesmo! Saiu melhor do que eu imaginava!)

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UM ANO E MEIO passou em um piscar de olhos repleto de sequestros. A teimosia de Enrique era maior do que a paciência, boa vontade e argumentos de Sarah, Renato e Donasô, e eles, de comum acordo, decidiram que era melhor agir mais e argumentar menos. Como Enrique não podia viver sem dormir, era transportado para suas responsabilidades quando não podia se defender. O Palácio de Durina ajudava animadamente, metendo Enrique em sonos tão profundos que os outros podiam levá-lo para onde bem entendessem. Após o quinto sequestro, Enrique foi obrigado a se conformar com o sistema. Afinal, era o único que funcionava.

Naquela manhã, Enrique acordou em Durina e, irritado, socou o colchão ao seu lado. O protótipo da nave estava quase pronto, e o tinham arrastado para o Império apesar de todos os seus pedidos para permanecer na superfície! E aquela droga de Palácio ainda ajudava! Sua sintonia com Durina já estava grande o suficiente para o Palácio alcançá-lo na superfície com facilidade. Havia a parte boa (o Palácio tinha condições de garantir sua segurança mesmo fora do Império) e a parte má (Enrique era metido em sono profundo contra sua vontade).

Levantou chutando o mundo e mergulhou na interface água-ar, descarregando sua irritação em braçadas furiosas. Enrique, a poucos meses de completar vinte anos, se movimentava na água com a habilidade de um verdadeiro imperial. Veloz e ágil, o futuro Rei de Durina não tinha uma grama de gordura desnecessária no corpo esculpido de músculos.

Aguentou quase cinco minutos antes de precisar tomar um fôlego de ar, apesar de todo o esforço que a raiva o impelia a fazer. Podia fazer a transição água-ar, é claro. Qualquer superficiano que tivesse entrado para uma Linhagem já teria habilidade anfíbia depois de todo aquele tempo, mas a habilidade não precisara ser implantada em Enrique. Ele nascera com capacidade anfíbia; nunca tinha descoberto porque, menino de juízo que era, nunca tinha tentado respirar dentro d'água. A Linhagem de Durina tinha se surpreendido bastante. Carl de Moolna, não.

Independente de Durina, você é um integrante de Linhagem, e a maioria das Linhagens, mesmo as superficianas, tem esta capacidade.

Até podia ser, considerou Enrique, tornando a exercitar-se no aposento inundado. Mas nem mesmo Moolna podia igualar sua velocidade no redimensionamento, e nem sua facilidade no transporte a curta distância. Estava bastante hábil em transporte a média e longa distância também, mas não adiantaria tentar voltar para a superfície. Durina bloquearia qualquer tentativa.

(– No dia em que eu for Rei, quero ver me segurarem aqui deste jeito!) – bronqueou, repetindo o que sempre dizia quando era sequestrado para Durina.

(– Bom dia, amor. A água ainda não ferveu aí em volta de você?)

(– Vocês podiam ter me dado mais uma semana! A nave estava quase-quase, Sarah! Se der algum problema de última hora, eles vão precisar de mim pra resolver!)

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