121. AINDA ENRIQUE

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Ainda Enrique, e nunca fazendo bonito.

Só pra variar!

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– O QUÊ?! – exclamou Enrique. – Acha que pode me impedir de fazer ou ver quem eu quiser?! Quem você está pensando que é, Lila?!

– Uma Rainha. – Ela sorriu. Amarras mentais prenderam Enrique com perfeição. – Quanto a você... Para Durina, é um príncipe desautorizado que o Palácio nem se preocuparia em proteger, se estivesse em perigo. Para sua Linhagem de sangue, é um tosco que não aprendeu a controlar as habilidades mais elementares. Qualquer Antigo chegaria aqui camuflado, atravessando as paredes. Você, o príncipe deles, não pode fazer isso. Em resumo, você é só um pouquinho mais do que nada. Sua mente está bloqueada, sua voz está reduzida a um cochicho e seu corpo só vai se mover para onde eu permitir. O que estava dizendo sobre o que eu acho que posso fazer, Enrique?

– Me solte – protestou ele, num sussurro.

– Não. Você não vai perturbar ninguém hoje. Só vai ter permissão de olhar. Venha comigo.

As pernas de Enrique obedeceram Lila, ignorando a vontade do proprietário. Ela atravessou sem pressa salas e corredores, mostrando conhecer bem o lugar. Quando as reclamações de Enrique a aborreceram, Lila o calou. Não encontraram ninguém no caminho, sinal de que a mente da jovem ia na frente, liberando a passagem.

Então, ao longe, ouviram risos e gritos infantis.

– Não estou levando você para nenhum laboratório ou ala de trabalho – informou Lila. – Todos tiraram o dia de folga. Estão felizes, se divertindo.

Lila entrou em um salão de festas, seguida pelo silencioso Enrique. Na parede oposta, as janelas deixavam entrar o dia ensolarado. As gargalhadas mostravam que a brincadeira das crianças era lá fora, além das cortinas brancas.

Eles pararam junto a uma das janelas. Estavam no segundo andar e, através das cortinas, Enrique viu um grande jardim interno, caprichosamente arborizado e ajardinado. Era lá que a criançada brincava, correndo atrás de uma bola.

– O motivo da comemoração é a gravidez de Maria Clara. Ela mal pode acreditar e ainda chora de felicidade às vezes, porque os médicos haviam dito que ela não poderia ter filhos. Ela e Trovão estavam planejando uma adoção. Agora, obviamente, o plano foi adiado. Talvez ainda adotem, não sei. No coração deles, cabem muitas crianças. Reconhece a turma que está correndo lá embaixo, eu espero.

Enrique reconhecia. Leonard, o filho mais velho de Carl, controlava a bola com habilidade, sendo perseguido de perto por seu irmão Lucas. Deila, a filha de Lila, era miúda comparada aos dois, mas era rápida e logo os interceptou, os cabelos louros esvoaçando. Roubou a bola com tão depressa que Leonard pareceu nem entender o que tinha acontecido. Deila passou a bola para um menino que Enrique não conhecia.

– Leonard completa sete anos no mês que vem – disse Lila. – Quando você o viu pela última vez, ele tinha quatro. Deila faz cinco no mês que vem, também. Lucas está com cinco anos e meio. O menino de cabelos castanhos é Nael, o mais velho de Alek. Está com seis agora.

– Alek – sussurrou Enrique. O nome feria.

– Ele é o preposto. Está no seu lugar. Tem todos os direitos que você teria, entre eles conhecer e frequentar a superfície. Já veio diversas vezes, fala quase sem sotaque. A companheira e os filhos têm as mesmas prerrogativas que ele. – O olhar de Lila indicou Alani, sentada à sombra de uma árvore com Maria Clara, Trovão e Carl. Junto a eles, mais crianças. – A menina maior é Lai, e a menor, ruivinha, é Anala. São filhas de Alek. O garotão de cabelos escuros é de Denaro e meu. Se chama Aldaret, como meu pai. Tem dois anos e meio, e quase o tamanho de Deila. Ele é bem alto para a idade. Puxou ao pai.

Olho do FeiticeiroWhere stories live. Discover now