Capítulo 02 Prova de Iniciação

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Ravel

Ravel olha para o céu, ela está subindo exaustivamente até que seu corpo dói com o esforço que faz e seus músculos se cansam. Está alta demais e a gravidade a puxa com toda sua força como se fosse pesadas correntes de ferro aprisionando-a ao chão. A idéia lhe é repulsiva e agita seu humor, esquenta seu peito com o que parece ser um mar de fogo líquido.

Ela desce como um projétil em direção ao chão, uma queda em 90°, já abaixo das nuvens avista uma pequena cidade numa ilha qualquer e desvia alguns graus o ângulo da queda. Numa rasante sobrevoa a cidade observando tudo, suas forças e fraquezas, o número de soldados do exército e o de pessoas pobres. As três torres altas da cidade murada e suas construções feitas de rocha branca estrada da base da montanha da ilha principal faz Ravel reconhecer a cidade, o estado-arquipélago Asttiban.

Após encher o peito de ar solta uma baforada de fogo sobre as casas e ruas, tão brancas e imaculadas, nunca fora atacada, nunca antes.

As pessoas correm em chamas e gritam de dor e Ravel acorda assustada, o suor se espalha por todo seu corpo e prende os fios negros de seu cabelo à testa. Com a respiração ofegante ela ainda sente o ar gelado da manhã em seus pulmões como se ainda estivesse voando nos céus de Vanir, uma cidade não muito distante dali.

Seu irmão Levi entrou no quarto, como sempre, sem bater na porta ou ter permissão para entrar. Ele subiu em cima da cama e começou a pular.

Levi era um garoto menor que Ravel, dois anos mais novo, embora parecesse haver uma margem maior caso comparasse o comportamento dos dois.

- Você sabe que dia é hoje? - disse ele animado demais para a hora.

- É claro que sei. Hoje é o primeiro dia da primavera e solstício de verão. - diz ela puxando as pernas do irmão para derrubá-lo. Ele caiu sentado rindo.

- É a iniciação.

- Como pode eles deixarem você fazer a iniciação. É só um garotinho medroso. - disse em tom zombeteiro.

- E você é só uma garotinha. - retrucou ele. - Não se esqueça que você é apenas dois anos mais velha do que eu.

- E muito maior e mais forte.

- Eu já tenho onze anos e sou garoto, logo terei músculos e você não será tão forte assim.

- Mas ainda sou mais forte que você. - diz ela o imobilizando, prendendo seus pulsos com um forte aperto e mantendo as costas dele colada ao colchão de penas.

- Posso interromper o casal? - pergunta Ahri da porta. O irmão mais velho era o mais sério dos três e o que menos interagia com os outros dois, também era o que mais refletia a imagem do pai, já agia com autoridade e tinha o físico mais treinado, mesmo que ainda perdesse para a irmã no tiro de flechas.

- Meu irmão. - diz Ravel soltando Levi e saindo de cima dele. Levi senta-se e esfrega os pulsos de modo exagerado, como se estivessem machucados pelo aperto da irmã.

- Levantem. Hoje é o dia de vocês, e o pai quer vê-los antes dos sacerdotes levá-los.

Ravel levantou-se prontamente, ela também queria ver o pai e dessa vez não falharia, não importa o que tivesse que enfrentar.

- Ravel, é realmente difícil passar na iniciação? - perguntou Levi enquanto caminhavam pelo longo corredor leste até seu pai.

- É... é sim muito difícil, veja eu fui reprovada duas vezes e o Ahri, coitado, ganhou uma cicatriz no braço, foi marcado para sempre, e ainda tem as dezenas, não... centenas de crianças que morrem ao falhar.

Erin, A Chave Dos MundosWhere stories live. Discover now